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Rain on.

Quando o Sodo tocou aquela música, eu tinha a sensação de que já a conhecia, parecia algo tão intimo... mas eu só conseguia sentir, era como se minha mente fosse coberta por um manto branco, e apenas meu coração respondesse.

Esta é uma das coisas que eu não desejo a ninguém. Perder a memória não implica apenas em esquecer momentos, mas também e perder sua identidade de certa forma, e mesmo que eu não soubesse o que havia sido apagado, eu me sentia incompleto, como se tivessem roubado algo de mim. Eu não sabia o que era, mas eu sentia falta, pois sabia que faltava algo.

Cada palavra daquela música, cada nota pareciam golpes na minha cabeça, meu coração acelerou, e a minha mente parecia querer gritar. Eu comecei a sentir uma tontura, que bloqueou minha visão, a deixando vermelha, e aquela dor parecia dominar cada veia, cada neurônio que eu tinha, era como se eu estivesse sendo esmagado. Era uma dor tão forte, que eu simplesmente não conseguia abrir os olhos, nem respirar direito, e nem ouvir. Tinha um zunido ensurdecedor que parecia estar explodindo meus tímpanos.

E quando esse zunido cessou, imediatamente a dor sumiu, deixando apenas a lembrança de que esteve ali. Sabe quando você bate uma parte do corpo, e fica uma mancha roxa, e depois se você tocar em cima dessa mancha, ela dói? Pois é, era assim que a minha cabeça estava.

Quando consegui abrir os olhos, e finalmente vi o rosto do Sodo, TODAS as lembranças estavam lá. Passavam como um redemoinho em minha mente, todas elas, extremamente rápido. Lembrei do nosso primeiro beijo, nossa primeira noite, a primeira briga, os dias em que estive doente, nossos abraços, nossos beijos, e até a lembrança do cheiro dele que ficava em mim surgiu. Eu tentei recuperar o ritmo certo da respiração, mas enquanto eu olhava para ele, a única vontade que eu tinha era de beija-lo sem parar.

Agora que eu sabia de tudo, novamente, senti uma saudade e uma necessidade muito grande dele, e para minha sorte e alivio, ele estava ali, bem na minha frente, ao meu alcance, e ao alcance da minha memória.

Quando o beijei, era como se eu tivesse passado um ano longe dele, e eu não consegui conter a emoção que aquilo significava. Enquanto o beijava, rolavam algumas lágrimas, e sorrisos, e eu realmente estava chorando. Ele parou o beijo, me olhando.

-Você está bem? Ainda dói?

Ele também estava emocionado.

Neguei com a cabeça.

-Eu estou mais do que bem, é só que eu não quero nunca mais na minha vida ter que experimentar a sensação de ficar longe de você. Por favor, Sodo! Me abraça e nunca mais me solta.

-Eu não vou te soltar, se você prometer fazer o mesmo.

-Obrigado por não desistir de mim.

-Desistir de você é algo completamente fora de cogitação, bebê! Você é meu.

-Eu sou seu, e você é meu.

Ele assentiu, enquanto acariciava meus cabelos.

-Foi muito doloroso quando percebi que você não reconhecia o que temos, e muito torturante não poder te tocar da forma com que eu desejava...

-Pois agora você pode, me toque o quanto quiser.

Ele riu.

-Isso você não precisa nem falar.

Levei minha mão até a mão dele, que estava em meus cabelos, em seguida, o beijei novamente.

Durante o beijo, o Swiss entrou escandaloso e nos pegou no flagra.

Darkness at the heart of my love - Dewdrop e RainOnde histórias criam vida. Descubra agora