O Elo Inquebrável

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Capítulo 10: O Elo Inquebrável.

O dia dá seus resquícios de luz antes preguiçosos devido ao rigoroso inverno, agora amanhece com mais vigor. Os cheiros de árvores que detinham suas folhas em fase de brotos invadiam o vilarejo de Berk, indicando que mais tarde irão ter suas melhores fases: o florescimento no qual espalhará seus doces perfumes pelas casas vikings.

Cantorias de pássaros enchiam as florestas nos arredores de Berk, vários animais silvestres saíam aos poucos de suas quentes tocas após um longo tempo de hibernação. Mas não era o dia de mudança de estação, ainda não, já que os teimosos ventos gélidos insistiam em ressoar pelo vilarejo, dando arrepios e calafrios nos habitantes da ilha.

Soluço se encontrou com o dragão na enseada para vê-lo outra vez e conferir se os medicamentos estavam dando resultados.

Encontrou a criatura negra enfaixada deitada, o cenário ao redor dava pequenas oscilações, ora um dia claro e bonito ora uma escuridão se aproximando.
Reparou que o dragão deitado estava arfando pesadamente próximo ao lago que fica no centro da enseada, estava a muitos metros de distancia, tentou desesperadamente correr com a bolsa de remédios que pegara da anciã para poder ajudá-lo. Mas o tempo parecia estar em um movimento tão lento, como uma câmera lenta, parecia estar parado, porém em movimento ao mesmo tempo. Próximo ao lago, o dragão negro arfava rapidamente, virava de um lado para o outro desesperado e gemendo de dor. Quando parou de se virar, deixando exposto o lado esquerdo da asa que estava enfaixado, Soluço viu a pior coisa já ter visto em sua vida, a fera alada estava tendo sua respiração diminuindo lentamente. Até que chegou a um ponto em que parou de respirar, o sangue do ferimento mesmo com faixas e medicado corretamente, jorrou desde debaixo de sua asa indo de encontro ao chão, uma grande mancha vermelha se espalhando lentamente pelo solo árido e úmido.

O dia ficou escuro, as cantorias dos pássaros cessaram, o local mergulhou em um silencio perturbador. Uma luz fraca e assombrosa surgiu de dentro do dragão e voando devagar sobre o corpo, Soluço engoliu em seco. Aquilo era a alma da criatura, brilhante e de cor esverdeada meio azulado sobrevoou sobre o corpo da fera sem vida, o dragão-fantasma analisava aquilo que um dia fora seu, a vida que passara e tudo o que fez enquanto estava vivo, desviou sua atenção do seu próprio cadáver, olhando Soluço profundamente em seus olhos verdes com um olhar triste. Um trovão ressoou fortemente sobre o local, o brilho fantasmagórico da alma dracônica oscilou um pouco, dava impressão que sua boca fez um leve movimento, como se falasse algo. Uma voz retumbante, grave e sombria preencheu toda a enseada.

"O mundo irá sucumbir, nada do que fizer funcionará. O nascimento do poder surgirá nas profundezas, o medo e raiva serão as chaves para a transformação final."

A voz retumbante desapareceu, todo o cenário da enseada foi se tornando uma névoa densa e escura, as pedras se rangendo, árvores se evaporando, o corpo do dragão morto se transformou em cinzas. Sobrando somente Soluço e a alma fantasmagórica da criatura alada pairando à sua frente. Logo a alma se movimentou rapidamente em sua direção, pegou Soluço pelos braços e levou para o alto. Sentiu ventos fortes e gelados cortando o seu rosto.

Quando se deu conta, o dragão-fantasma não estava mais agarrando seus braços e se viu em queda, o chão se aproximando rapidamente, uma voz lamuriava estridente ao longe pronunciando seu nome.

"Soluço... Soluço..."

Tudo o que podia fazer era gritar de desespero e angústia.

- AHHH, AH, AHHHHHH! -

Stoico chacoalhava Soluço rapidamente tentando fazer seu filho acordar enquanto Valka se via preocupada ao lado ansiosa para que ele despertasse urgente.

Como Treinar o Seu Dragão: A Lenda dos Dragões.Onde histórias criam vida. Descubra agora