A Previsão Tenebrosa

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Capítulo 27: A Previsão Tenebrosa.

Se fosse possível para Soluço descrever o que sentia naquele momento em uma única palavra. A palavra seria "realizado". Já se fazia cerca de meia hora de dança, já poderia ser um pouco depois da meia-noite. Pois podia sentir que naquele horário o frio havia ficado mais intenso.

Bem, enquanto a dança entre ele e Astrid rolava. Ao olhar de canto do olho, percebeu que rapazes da idade dele apontando o dedo para ambos no meio da pista de dança. Olhavam impressionados, alguns fecharam a cara, outros olharam boquiabertos. No entanto, Perna-de-Peixe tinha razão: Soluço "domou" a fera. Já que Astrid era conhecida por dar surras neles, se vir com cantadas, a dor era certa.

Mas apesar de sua fama como carrasco dos rapazes, naquele momento próximos, juntos ela parece ser fofinha, como um felino selvagem que se tornou manso. Seus olhos brilhavam enquanto movimentava orquestradamente seus pés de acordo com a música, após Soluço ensinar os passos necessários. Ela dominou e agora ambos seguem dançando lindamente. A longa capa de Soluço balançava suavemente para lá e para cá, junto do balanço do vestido de Astrid. Pareciam estar em uma profunda sincronia, logo a música ambiente que os músicos soltavam era uma melodia longa, pulsante e suave junto de batidas ritmadas dos tambores.

- Fiquei feliz por você ter aceitado o meu convite. - disse Soluço, sorridente.

- Eu idem, é raro alguém me fazer um convite. Ainda mais tão formal como você fez. - disse Astrid, desviando o olhar e observando sobre o ombro do Haddock. Vendo se alguém . Aos sussurros disse. - e seu amigo?

- Perna-de-Peixe? Vi ele se empanturrando com um pedaço de pernil de javali assado e... -

- Não esse... aquele que voa e cospe fogo. - interrompeu Astrid. A dança ainda fluindo. - Está tudo bem ter ele na casa? -

- Ah, Banguela! Está... está tudo bem, ninguém des... descobriu. - respondeu Soluço, mentindo.

Astrid fez um olhar cético com uma sobrancelha levantada. Desconfiada.

- Se você diz... então está tudo bem. - diz ela, após fazer o quinto rodopio da dança. - Mas o que fará se descobrirem? Você sabe que o povo de Berk não é muito acolhedor com esses dragões.

Aquela pergunta fez estalar a mente de Soluço. O que farei se isso vir a acontecer? Pensou. Vikings e dragões se guerreiam há anos, criaturas que cospem fogos, mataram centenas de pessoas ao longo do tempo. É óbvio que os berkianos mais do que ninguém, teriam total razão em odiá-los.

- Eu... eu não sei o que farei. - respondeu arrasado. - Te confesso que às vezes sinto que não deveria estar em Berk. Me sinto tão... diferente de todos daqui.

Por alguns segundos, Astrid esteve quieta. Refletindo. Enquanto a música parecia ser infinita, melodia suave e batidas ritmadas baixas seguiam preenchendo o ambiente como plumas que tocavam as mentes e corações dos que estavam na festa. Soluço ainda refletia, sobre o que fazer quando seus planos caírem água abaixo.

Quando de repente, sentiu Astrid se aproximar um pouco mais. Seus corpos quase se encostando e seus olhos se conectaram novamente. A mão dela, que estava no ombro, levantou-se e tocou levemente na região do pescoço abaixo da sua orelha esquerda.

- Foi por esse motivo que aceitei o seu convite, e sou grata por você estar em Berk. - disse Astrid, dando um sorrisinho tímido.

**

No outro lado do Salão, na borda da pista de dança. Duas figuras louras com capacetes, irmãos, que também dançavam. Cabeça-Dura e Cabeça-Quente seguiam a música, entediados e fazendo passos estranhos e desordenados. Discutiam um com o outro, um pisava no pé do outro. Reclamavam, e voltavam a dançar, e ninguém imaginaria que fossem irmãos se não fossem gêmeos idênticos.

Como Treinar o Seu Dragão: A Lenda dos Dragões.Onde histórias criam vida. Descubra agora