Capítulo 6

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Cinco anos atrás

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Cinco anos atrás...

Quando criança eu assistia aqueles filmes e séries de televisão junto com a minha mãe. Onde a família feliz jantava à mesa com todos presentes. Um pai presente. Uma mãe carinhosa. Filhos felizes e gentis. Sempre amei a nossa família incompleta e como ela era perfeita só nós duas, mas eu não podia evitar os meus pensamentos inocentes de imaginar como seria ter algo daquele jeito.

Perfeito. Doce.

Mas a realidade é sempre pior do que a expectativa que temos.

Um pai nada presente se sentava à minha direita.

Uma mãe nada carinhosa estava à minha esquerda.

Duas filhas sentadas na minha frente, nada felizes, e gentileza não era o forte delas.

Amaldiçoei minha boca por desejar tanto isso e agora realmente ter.

Todos estavam calados, como sempre. Richard chegou a perguntar como foi a nossa semana, e todas as respostas foram vagas, assim como o seu real interesse sobre como foi a nossa semana ou a nossa vida, ele só fazia isso para manter as aparências.

Clair comentou sobre o Brunch e sobre como queria todos bem vestidos e sorridentes amanhã, isso foi uma alfinetada para mim, que não costumava ser a mais receptiva a esses tipos de eventos que ela tentava enfiar pela a minha goela. Mesmo que ela me ignorasse a maior parte do tempo, ela não perderia a chance de me cutucar de alguma forma e de dizer em pequenas palavras grifadas que eu tive uma péssima educação, e que ela me corrigiria se precisasse.

A mulher com o cabelo amarrado em um coque, pele negra clara e cílios longos nunca escondeu que odiava a minha presença aqui. Nunca escondeu o seu nojo por mim e pela a minha mãe, mesmo que ela continue com Richard, ela não pode nos perdoar pelo o erro dele.

Há oito anos atrás Richard ganhou a minha guarda depois de dois meses na justiça – e alguns contatos – e contra a minha vontade tive que vir morar com ele em Fairfield, porque nas palavras do Juiz, Richard tinha uma melhor estrutura para me criar, mais dinheiro e mais pessoas que poderiam olhar por mim, coisas que uma mãe solteira não poderia fazer. Pelo menos, foi isso o que ele deduziu, ou o que foi induzido a deduzir, depois de tantos anos já não me importava mais.

Mesmo triste por ser tirada da minha mãe e da minha amada Mégara, algo dentro de mim estava levemente animado por conhecer minhas novas irmãs. Sempre quis ter irmãs e ter uma madrasta não parecia ser uma coisa tão ruim assim. Uma outra mãe que me desse o mesmo amor que a primeira, não era nada mau.

Porém, a primeira coisa que vi assim que cheguei nessa casa foi o olhar julgador de uma mulher adulta e duas garotinhas com cara amarrada, que depois de apresentadas e dos adultos terem se afastado, começaram a puxar o meu cabelo perguntando porque ele parecia daquele jeito.
Depois daí foi de mal a pior.

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