Dias atuais...É estranho como a nossa mente é uma vadia mentirosa.
Ela nos faz acreditar fielmente que não aguentaríamos uma situação e poderíamos morrer se a vivenciarmos. É por isso que as pessoas são tão dependentes dos medos delas, pois nossa mente multiplica as nossas aflições até a probabilidade de acontecer se tornar insuportável.
Era isso que o que eu pensava sobre dividir uma casa com Kian e Haden.
Que seria um pesadelo na terra e eles iriam transformar a minha vida em um inferno e me perseguiram para todos os cantos. Seria como voltar para a época da escola, só que agora mil vezes pior.
Pelo menos era isso o que meu cérebro me fez acreditar que seria.
Faz dois dias que aceitei aquele acordo idiota, e faz dois dias que eu não vejo Haden. Kian raramente está em casa, aparentemente ele só passa aqui para comer e dormir, e as vezes me checar e fazer algumas piadinhas para me fazer rir. Nada mais que isso.
Eu ainda coloco algo em frente da porta do quarto que estou dormindo com medo de eles inventarem algo. Ainda que tudo esteja tranquilo e seguro – como Kian me prometeu que seria – a paranoia na minha cabeça não me deixa esquecer o passado, nem o que eles são capazes de fazer.
Além de me preocupar se vou ser morta a qualquer momento, nos últimos dois dias tive que resolver toda a bagunça com os meus documentos perdidos, mesmo que Haden e Kian tenham prometido trazer minhas coisas de volta não confio neles o suficiente, para conseguir isso, ou para ser rápido o suficiente para eu estar longe daqui. Por isso já marquei para ir no cartório tirar uma segunda via dos meus documentos e já cancelei todos os meus cartões de crédito, minha sorte é que meu banco tem uma sede aqui no Canadá e eles podem mandar outros cartões em alguns dias, todas essas coisas eu consigo fazer sozinha.
A única coisa que eu ainda dependo de Kian e Haden é para pegar o projeto.
O projeto que pode me demitir do meu emprego perfeito.
Liguei para Denise naquela manhã depois do incidente e expliquei o que aconteceu, ela foi doce e compreensível comigo, mas quando ela me perguntou sobre o projeto eu simplesmente congelei. Não podia contar a verdade. A verdade que eu vacilei legal em ter aceitado voltar para cá. A verdade que eu perdi um dos projetos mais importantes da empresa que eu passei dias trabalhando e já estava no final dele.
Eu não consegui falar para ela, não conseguiria ouvir sua voz de decepção para mim. Então eu menti. Falei que não tinham levado o projeto e que ele estava comigo, salvo, que eu ia terminar ele enquanto esperava todos os meus novos documentos e cartões ficarem prontos.
Ela acreditou, e eu me senti mais culpada do que antes.
Não tinha muito o que fazer agora além de esperar que tudo se resolvesse e que eu sobrevivesse mais alguns dias nessa cidade.
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Lords of Hell - Underwater
Teen FictionNão reagir. Essa era a minha regra, meu lema para sobreviver ao ensino médio e todo o resto. Não reaja, não lute. Se curve e aceite. Era o que eu seguia, até um dia não seguir mais. Tudo por causa dele. Haden LeBlanc foi uma maldição jogada em mi...