Capitulo 22

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                                 Oito anos

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                                 Oito anos

Faz três anos, oito meses e três dias desde que eu cheguei nessa casa.

E dois anos e vinte e seis dias desde que Saint foi embora.

A minha rotina mudou de novo. Tenho mais consultas com o doutor do coração que diz que a falta de um amigo está afetando minha melhora e que tenho que arranjar algo para ocupar a minha mente. Então comecei a pintar. Nada tinha uma forma exata, eram traços aleatórios e fracos, mas que Camille disse que tinham muitos sentimentos envolvidos.

Eu sabia que ela estava mentindo.

Também ouvir ela falar com o médico do coração com a diminuição das visitas da mamãe estão me afetando ainda mais depois da ida de Saint. E nisso ela não está mentindo.

Desde que Saint foi embora mamãe só veio aqui em datas especiais. No meu aniversário de sete e de oito. No Natal. Dia de Ação de Graças. Ano Novo. E dia da independência. E alguns outros feriados.

Não tinha mais visitas semanais igual antigamente, e eu passava semanas, até meses sem ver ela. As ligações diminuíram também, para o que era uma vez por dia se transformou em uma vez por semana.

Sentia tanta falta dela que nem reparava que papai não veio uma única vez aqui. Mamãe já cansou de dar desculpas para a ausência dele, e eu cansei de perguntar sobre isso.

Mesmo com a pintura tenho me sentido meio desanimado. Não brinco mais nas brinquedoteca, nem do lado de fora, onde virou uma área restrita para mim, mesmo no verão.

A minha fome está escassa e pedi mais dos remédios que me fazem dormir, pois sei que quando estou acordado, não vai ter ninguém aqui para estar comigo.

O doutor do coração disse que isso é solidão. É um sentimento feio, mas comum, que nos faz acreditar que estamos mais sozinhos do que realmente estamos. Ficamos pessimistas com isso e nos sentimos tristes mesmo quando tem gente ao redor.

É exatamente como me sinto.

Ainda que eu tenha Camille, os meus professores e outras pessoas que cuidem de mim, eu ainda sinto aquela sensação que não tem nada que valha a pena ao meu redor. Tudo parece tão vazio e sem sentido, nada parece de verdade.

A minha solidão piorou minha saúde. Pelo menos, é o que escutei o doutor falar com a minha mãe pelo o telefone.

Quando perguntei para Camille porque os nossos sentimentos refletiam na nossa saúde ela disse que nosso coração e nossa mente estão ligados, um ajudando o outro, ou atrapalhando. Por isso que pessoas muito doentes – como eu – costumam se sentirem mais sozinhas do que o resto. E como pessoas sozinhas se sentem mais doentes mais rápido.

E por conta da minha solidão e da minha piora, mais uma vez a minha cirurgia foi adiada. Ainda não a quero, a acho inútil e não sei por que todos esperam que eu faça ela tão rápido. Sei que a demora da minha fala é desconfortável as vezes, mas não é nada demais comparado ao que eu estou sentindo.

Se tivesse uma cirurgia para remover solidão, eu faria ela. Ela está doendo bem mais do que ter um lábio leporino.

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