Seis anos
Um ano. Seis meses. Cinco dias.
554 dias no total.
Esse é o tempo que estou nessa casa.
E em todo esse tempo que estive aqui consegui fazer novas descobertas. A casa tem um porão e um sótão, ambos eram assustadores até eu pedir para mamãe reforma-los e criar mais brinquedotecas com temas diferentes para mim. Não temos uma piscina, assim como na casa do Canadá, mas temos um jardim enorme na parte dos fundos onde colocaram um parquinho para eu brincar, incluindo uma caixa de areia gigante e um balanço baixo numa árvore.
Como mamãe mandou, tiraram todos os espelhos da casa, e eu nunca mais entrei naquela porta no canto da sala de estar que estava sempre trancada. Às vezes, eu sentia ela me chamando como da última vez, mas sempre que tentava chegar perto da porta, Camille – a governanta/minha babá – me impedia e recitava as ordens que foram ditas para ela quando eu cheguei nessa casa, todas feitas para a minha proteção.
Proteção.
Eu não me sentia seguro dentro dessa casa. Mesmo depois de mais de um ano nela e todas as reformas que fizeram para deixar ela confortável para mim, o vazio que havia nela me assustava, ainda mais à noite e nos dias de chuva, quando os trovões me assustavam e eu me esgueirava para o quarto de Camille para não precisar dormir sozinho, ela no começo dizia que era inapropriado por ser a empregada da casa, mas agora ela apenas me cobre e me abraça, às vezes até canta alguma canção de ninar francesa para mim.
Eu criei uma rotina para mim mesmo quando percebi que minha estadia aqui ia durar um pouco mais do que eu queria.
Eu acordava todo dia às sete da manhã para a enfermeira Deise fazer exames de rotina em mim para ver como está o meu coraçãozinho e meu pulmão, ela sempre me dava um pirulito se eu não chorasse quando ela tinha que me dar um remédio na veia, que doía muito, mas eu já tinha me acostumado depois de tanto tempo.
Depois da visita da enfermeira Deise eu ia tomar o café da manhã que a Sra. Sophie fazia para mim com base na dieta que o meu doutor recomendava dependendo de que vitaminas eu estava precisando.
Depois do café eu tinha aulas particulares com a Srta. Marie, que me ensinava francês, inglês e literatura. Depois com a Srta. Haydée, que me ensinava matemática, ciência e geografia. Só então depois de muitas aulas eu podia ir brincar no parque ou com algum dos milhares brinquedos que eu tinha nas salas que foram feitas para mim.
Toda segunda e quinta eu tinha consultas com o meu médico, o Dr. Montpellier que fazia exames mais intensos do que a enfermeira. Toda semana ele passava para a Camille uma nova receita de remédios que eu tinha que tomar quando acordava, durantes as refeições e depois, e antes de dormir. Eu não entendia para que eles funcionam, mas Camille dizia que era para me manter saudável e forte, e alguns me ajudavam a dormir também.
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Lords of Hell - Underwater
Teen FictionNão reagir. Essa era a minha regra, meu lema para sobreviver ao ensino médio e todo o resto. Não reaja, não lute. Se curve e aceite. Era o que eu seguia, até um dia não seguir mais. Tudo por causa dele. Haden LeBlanc foi uma maldição jogada em mi...