Jin
Pisei tão forte no freio que o carro deu uma derrapada fazendo a gente parar no meio da rua. Absorvi a informação e esperei o susto passar. Encostei o carro e desliguei ele.
Fiquei ali por alguns minutos olhando pra frente apertei o volante tentando absorver aquela informação. Laura estava diferente. Já não era mais aquela menina que eu conheci e tudo bem. Ela cresceu, não era mais uma criança. Percebi que seu olhar era perdido. Mas também depois de todas as perdas que ela havia enfrentado. Eu não faço ideia do que ela teve que fazer pra sobreviver. Mas aquilo. Aquilo realmente me pegou de surpresa.
_ Jin - ouvi ela me chamar em um sussurro, me lembrei que o carro havia derrapado e só consegui processar o susto que ela deve ter tomado.
_ você está bem? - perguntei olhando pra ela - vocês estão bem?
Seus olhos piscaram mais que o normal percebi que ela fazia muito isso pra não chorar.
_ estamos bem - ela me olhou - desculpe... Eu devia ter esperando a gente voltar pra casa...
_ por isso você veio embora? - perguntei.
_ eu - as lágrimas caíram de seus olhos enquanto ela cutucava o canto das unhas começando a machucar seus dedos. Segurei suas mãos e esperei - eu não podia ter um filho naquelas condições, eu não amava a pessoa, eu só estava procurando por algo que eu nunca achei, quando confirmei a notícia eu só pensava que não era ali que eu gostaria de criar uma criança... Eu só...
_ quanto tempo você está? - perguntei.
_ três meses.
_ o pai... Ele sabe? - ela balançou a cabeça em negação - ele sabe onde você tá? - ela novamente balançou a cabeça, me soltei do cinto de segurança e abracei - ok... Estou aqui com você agora... Não está mais sozinha...
_ eu me sinto horrível... A maior parte do tempo... Eu não consigo amar esse bebê... Eu não consigo....
_ Laura... Você foi abusada?
_ não - ela me olhou - eu só, namorava com ele por namorar... Mais... Não ele nunca foi tão esse tipo comigo.
_ desculpe perguntar....
_ Jin, eu não o amava, eu me prevenia, eu acho que o sexo era uma forma de eu procurar sentir alguma coisa, ao invés de recorrer a substâncias.... Mas eu não sentia absolutamente nada... É como, se eu tivesse morrido a muito tempo e eu precisava de algo... De qualquer coisa pra me fazer sentir viva novamente. Eu não quero ser um problema na sua vida. Eu só.. Precisava ser honesta com você... Você está tão bem na vida, e eu estou tão feliz por você... Eu só... - seu suspiro esmagou meu coração, tudo aquilo estava esmagando meu coração. Eu queria ter estado lá por ela. Eu queria ter cuidado dela e a protegido de tudo isso, mas eu estava longe. E por muitos anos não tive sequer notícia dela. Vi minha melhor amiga ali definhando. A garota que ficou em meus pensamentos por anos estava ali destruída e quebrada. - eu vou procurar outro lugar pra morar... Com o emprego e o plano de saúde eu consigo me virar...
_ para de falar bobagens - a abracei novamente - você não vai a lugar nenhum. Eu estou aqui agora...e nada vai tirar você de mim de novo.
_ Jin meus problemas não são seus problemas. Eu só queria te contar e não me sentir culpada por esconder isso.
_ quem decide isso sou eu - falei a soltando e ligando novamente o carro - eu decido o que eu trago pra minha vida ou não. E agora, eu decido que vou ficar ao seu lado e você não vai mais a lugar nenhum.
Ela se encostou no banco e olhou pra mim.
_ você ainda que ir jantar com meus pais? - olhei pra ela.
_ sim - ela secou as lágrimas e suspirou - mas podemos deixar isso em segredo por enquanto?
_ claro - sorri pra ela.
Voltei a dirigir e fui esmagado pelo silêncio.
Nunca esqueci Laura. Ela sempre esteve em meus pensamentos a cada dia. Mas eu nunca imaginei que ao encontrá-la ela estaria assim. O sentimento de incapacidade me invadiu por alguns momentos. Eu não estava lá quando o mundo dela desabou sobre sua cabeça. Mas eu estava agora. E eu faria de tudo para ajudá-la a encontrar o brilho que ela tinha que se perdeu a muito tempo.
O jantar na casa dos meus pais foi estranho. Laura tentava rir mais seus pensamentos estavam longes da gente. Enquanto comíamos peguei em sua mão e segurei colocando em cima da perna. Suas mãos estavam frias devido ao nervoso. Precisava entender como era uma pessoa depressiva. Eu só sentia que precisava protegê-la e cuidar dela. Dar o apoio que ela não teve na minha ausência. Ajudá-la a reencontrar aquele brilho vivo que ela tinha quando era criança.
Voltamos para a casa em silêncio, prometemos voltar no domingo. Voltei todo o caminho segurando sua mão. Seus dedos entrelaçaram nos meus enquanto ela observava a cidade lá fora enquanto eu dirigia.
Acompanhei ela até sua porta. Senti seus braços me abraçarem e senti seus rosto afundar no meu peito. Abracei ela e deixei ela por pra fora o que tinha que por. Suas lágrimas se tornaram mais espessas quando senti molhar minha blusa. Aquilo me quebrava por inteiro. Eu não conseguia encontrar uma forma de ajudá-la além de estar ali. Eu queria poder fazer mais.
_ Laura vem pro meu apartamento hoje.
_ o que? - ela me soltou - não, não precisa... Vou ficar bem...
_ não vai ficar sozinha.
Puxei ela pela mão e andei pelo corredor até minha porta puxando ela. Entrei na minha casa e a puxei pra dentro fechando a porta.
_ tem um banheiro ali - apontei - se você quiser tomar um banho, eu vou preparar um chá pra você beber, vou pegar umas roupas minhas, você pode usar.
_ Jin de verdade, eu vou pra casa, você já me ajudou muito só por me ouvir e me deixar chorar. - ela andou até a porta e entrei na frente dela.
_ vai me obrigar mesmo a te arrastar pro banheiro ou quer ir sozinha?
Ela me olhou derrotada e foi até o banheiro. Levei algumas roupas pra ela e ela trancou a porta.
Fiz um chá e preparei algumas frutas na mesa pra ela. Ela saiu do banheiro coçando uma cicatriz no braço. Seus cabelos claros caiam sobre as costas molhados. Minha roupa ficou enorme nela, mais a deixou mais bonita. Ela sentou na minha frente. Seus olhos esverdeados estavam inchados pelo choro. Observei onde ela coçava e vi uma linha branca em seu pulso. Ela me olhou e escondeu o braço embaixo da mesa.
_ foi só uma vez - ela falou - cortei depois do enterro do meu pai. Amanda... Uma amiga minha me encontrou e me levou pro hospital.
Levantei e andei até ela me sentando ao seu lado. Peguei seu braço e observei a cicatriz. Parecia ter sido fundo. Era um milagre ela está viva. Passei meu dedo por cima e a puxei para um abraço.
_eu estou aqui agora - falei - eu vou cuidar de você e do bebê...
_ não é sua obrigação Jin... Não é um problema seu...
_ aah de novo isso... - reclamei - eu decido o que é ou não um problema meu.
Fiz ela comer algumas frutas, e a deixei ali abraçada comigo até ela pegar no sono. Coloquei ela na cama do meu quarto e fui dormir no quarto de hóspedes.
Pesquisei na Internet primeiro o que eu poderia fazer para ajudá-la.
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Não Desista de Você. || Kim Seokjin ||
Fanfic[CONCLUÍDA] Se você é uma pessoa sensível a histórias com temas que aborda depressão e suicídio, por favor não leia essa história. Porém se você der uma chance, garanto que não irá se arrepender de ler. Se caso tenha depressão saiba que não está so...