Agora estou na sala assistindo um filme qualquer, ou pelo menos tentando assistir. Terminei meu café da manhã tem uns 10 minutos, dessa vez fiz questão de lavar toda a louça. Não quero ficar dependendo da estrupicio, nem tão estrupicio assim. Ouço barulhos no andar de cima. O que essa mulher tá aprontando? Só falta ela ser alguma sádica sinistra e querer me torturar até minha memória volta.
Volto a presta a atenção, ou tentar prestar a atenção no filme. Mas os sons de algo sendo arrastado no andar de cima atiçam minha curiosidade.
Ir lá ou não ir?
Melhor não, vai que eu vejo coisas desnecessárias?
Tipo: Soraya se masturbando e gozan.... Para com isso, Simone.
Os barulhos param. Menos mal. Segundos depois ouço passos rapidos na escada, e se aproximando .
-Simone? Seu celular está vibrando.
-Soraya me avisa e eu faço menção de levantar para ir busca-lo, mas ela estende o fino aparelho a minha frente.- E.... Foi você que mexeu na nossa caixa de vídeos?Nossa caixa de vídeos .... Nossa. Oh.... Será que tem vídeos meus ali também?!
E Pu*tá que pariu? Ela percebeu que eu mexi lá. Será que ela sabe qual vídeo eu assisti?
-Nao estou te repreendendo, amor. Os vídeos são nossos, tudo naquele quarto é nosso, assim como tudo nessa casa.- Soraya diz ao perceber minha possível expressão de medo e culpa, ela suspira pesado. Sinto o assento do sofá mexer ao meu lado, ela sentou-se.- Amor, você precisa começar a ser senti bem em sua casa, ela é sua, você não é nenhuma estranha aqui.
É fácil para você falar, idiota!
-Soraya você pode me fazer um favor?- me viro para olhar bem em seus olhos. Ela afirma com a cabeça e sorri.- Será que você poderia parar de me chamar de amor?!- sua boca abre e fecha algumas vezes, ela perece buscar algo para dizer mas, depois suspira derrotada e abaixa a cabeça, parece cabisbaixa e apenas acena sem jeito com a cabeça. Reviro os olhos . Por que ela fica agindo dessa forma ? Argh! Soraya, vocês são casadas. E meu pai mandou eu não ser tão rude com ela, mas eu so nao consigo. Soraya levanta do sofa e se vira para sair, mas eu sou rápida e seguro seu braço. È estranho demais dizer que esse toque nao me enojou?
-É so que.... È dificil, entende? Eu nao sei lidar com tudo isso, nao é facil pra mim.Soraya solta uma rissada sem qualquer resquício de humor. Confusa eu frenzo o cenho, achei que ela estivesse magoada . Automaticamente solto seu braço e junto os meus ao seu lado de meu corpo.
-Eu estou tentando te entender, Simone. Juro que estou!- ela quase cuspiu as palavras, sua voz era pura ironia . Essa sim era a Soraya que eu conheço .- È dificil para voce nao ser lembrar de nada? Mas eu tenho certeza que nao è pior do que ver o amor da sua vida te tratando com tanta frieza, como se você fosse um nada, um lixo.
Ela me olhou por alguns segundos e o olhar que ela me lança deixou-me com medo, eu me sinto encolher sob aquele olhar. Soraya nega com a cabeça e vira-se para sai da sala.
Pela primeira vez na vida eu estou me sentindo mal por tê-la ofendido ou a magoado.
Merda. Meu pai vai falar a beça no meu ouvido se ela contar isso pra ele.
Sento-me de volta no sofa, meus olhos vagam pela sala . Eu ouço a porta da frente ser aberta e depois fechada com força. Otimo, quem sabe agora ela cace outra mulher na rua e largue do meu pé.
Ou talvez nao, Soraya. Para de ser um pouco estupida. Eu estou me repreendendo, o que Soraya fez comigo durante esses anos? Ja perdi as contas de quantas vezes eu me senti submissa ao olhar dela de ontem para hoje.