ameaça

134 22 2
                                    

Tenham uma boa leitura...

Porchay on 

  Acordei com a cabeça latejando. Eu, definitivamente, tenho que parar de beber. 

    Ia me ajeitar quando senti um peso na cintura e abri os olhos rapidamente, o que fez com que a dor de cabeça piorasse ainda mais, porém logo me deparei com Macau dormindo calmamente atrás de mim; ele estava tão em paz, nem parecia o capetinha encarnado de todos os dias. Meu querido Cacau…

    Ele foi o meu maior apoio emocional quando Kim se foi; Macau era sempre tão carinhoso e atencioso comigo e com o tempo que passamos juntos, não tive outro caminho a não ser me apaixonar por ele. Eu amei sua companhia desde o início, Pete nos apresentou dizendo que tínhamos muito em comum além da música, e eu, particularmente, não consegui pensar em nada a não ser a família Theerapanyakul. 

    Se Macau ama a música desde criança e Kim também, e eles foram criados juntos, no mesmo mundo e tal, porque eles são tão odiosos um com o outro? Sempre quis saber, mas tive medo de ser evasivo.

    — Meu querido Cacau? Estás sobre minha pessoa! 

    Tentei acordá-lo, mas quase sem sucesso. Assim que tentei tirá-lo de cima ele me apertou mais ainda contra seu corpo. 

    — MACAU?! – Gritei sem perceber. 

    — Hã? Quem eu tenho que matar? – Ele pulou da cama com uma arma, que eu não tenho ideia de onde foi tirada, em mãos. 

    — Calma; sou só eu. – Me sentei na cama, sorri e peguei em sua mão, o puxando de volta para o meu encontro. 

    — Chay, se sente bem? – Pegou em minhas bochechas. 

    — Sim! Obrigado por me ajudar ontem. 

    — Não há de quê. – Macau voltou a deitar-se e me puxou para ficar sobre seu peitoral nu. 

    Se passaram uns instantes e eu percebi que o rapaz estava quieto, o que não era de seu feitio. 

    — No que está pensando, Macau?

    Levantei o rosto para encontrar seus olhos, e caramba, ele fica lindo até acordando. 

    — Que estou com fome. – Ele sorriu forçado e isso foi de partir o coração, ele parecia preocupado. 

    — Vamos, vou preparar algo para comermos. 

    — Oh! Vocês já acordaram. Venham, o café da manhã está pronto. Levantem logo. 

    Meu coração parou, eu não estava acreditando no que estava vendo e ouvindo. O efeito do álcool já devia ter passado, então por que estava com Kim Theerapanyakul na minha frente e dizendo que o café da manhã, feito por ele, estava na mesa? Eu estou ficando louco? Definitivamente! 

    — P'Kim!?

    — Sim..?

    — O que você está fazendo aqui? Essa casa deveria ser secreta. Macau me disse isso um milhão de vezes.

    Olhei para o rapaz citado que ainda continuava deitado e de olhos fechados, ele parecia indiferente à situação, o que me apavorou por completo.

    — Ele te ameaçou, Cacau? – Perguntei, e sem pensar muito, peguei um livro próximo e fiz menção de que o atacaria caso ele tentasse algo contra Macau. 

    — Está tudo bem, Chay. – Kim tentou me acalmar com as mãos aos alto, mas tudo que se passava por minha cabeça era proteger o rapaz deitado.

    — Pode deixar, baby. – Ouvir a voz rouca e calma de Macau me fez parar, mas não de imediato. — Eu o deixei entrar por livre e espontânea vontade, não se preocupe. – Só então baixei o livro. 

    — Por que você voltou?

    — Porque eu… preciso que me escute, ok? Eu preciso que me perdoe, eu fui embora pensando que podia fugir dos meus sentimentos, mas eu não posso. Não consigo esquecer… – Ele fez uma pausa relativamente longa e olhou para seu primo fixamente, acontecia muito com eles, mas dessa vez era diferente, não existia a rixa de sempre, era um começo, ele prosseguiu finalizando com um sorriso de lado. — Nunca consegui. 

Macau on

   — Macau? Espera! – Kim tentava me parar quando eu já estava abrindo a porta. 

    Com a mão sobre a maçaneta, parei, respirei fundo e torci para não ser delatado pela minha voz. 

    — Onde você está indo, Cacau? – Eu não ousei me virar para encará-los, sabia que não me seguraria; e apesar de não olhar, senti que ambos tinham um semblante preocupado. Apesar de Kim não ter se tornado, com o passar dos anos, a pessoa mais fácil de se conviver e amar, ele ainda seria o mesmo garotinho de 15 anos completamente apaixonado pela música e por mim; e saber que nada mudou em relação aos sentimentos de ambos, me assusta pra caralho.

    — Eu… – Pigarreei antes de prosseguir. — Lembrei que tenho algo importante para fazer, quem sair por último, fecha a porta. 

    Saí de casa logo após pegar as chaves da moto e o capacete. Senti que meus olhos marejaram e eu não podia, de jeito nenhum, ser visto chorando por isso, de novo não. 

     Com a mente nublada pela tristeza e os olhos embaçados pelas lágrimas, fui atrás da única pessoa que poderia as enxugar no momento.

KimchaycauOnde histórias criam vida. Descubra agora