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ATO IV: O Escapista

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Uma sensação de sufocamento a dominou, ela tentou gritar, mas era em vão, debaixo da água mal conseguia ouvir a própria voz, então as luzes se ascenderam, ela estava em um aquário grande, cheio de água, acorrentada ao fundo vestindo uma camisa de força, a sua frente um outro aquário, com um homem vestido exatamente igual, mas usando uma máscara, seus olhos eram assustadores, frios, como os de um assassino. Ele fez sinal para ela olhasse para cima, diferente dela o homem não parecia apavorado ou preocupado com o ar acabar.

SN olhou para cima como ele havia mandado, vendo um relógio e a carta logo a frente, junto a dois aquários poucos menores, acima de suas cabeças, contendo picanhas. As luzes piscaram mais algumas vezes e um alarme contou até três, assim o relógio começou a rodar.

Sua atenção voltou para o homem a sua frente, que tranquilamente pareceu tentar se soltar, enquanto ela se desesperava tentando conter o pouco de ar que tinha em seus pulmões, a sensação de estar a um passo de se afogar era horrível e ela não sabia o que fazer para se soltar dali.

"Tente não morrer" A voz do Cabaretier ecoou em sua mente, ele não faria aquilo ou faria? Se sim qual seria a graça de ter a alma da loira dessa forma.

Ela fechou os olhos tentando pensar em uma solução, se manter calma pois o pânico só iria a atrapalhar. Pequenas bolhas de ar saíam por suas narinas, a desesperando, o tempo passava e o seu ar estava quase chegando ao fim.

Dessa forma com suas unhas ela começou a tentar rasgar o tecido das magas da camisa de força, presas as suas costas, mexendo o pouco que conseguia na tentativa de solta-los, seus olhos volta e outra seguiam rumo ao relógio, ela tinha menos de cinco minutos para se soltar e não tinha feito nenhum progresso.

Com certa dificuldade os minutos passaram e ela finalmente conseguiu rasgar o tecido, fazendo um buraco onde uma de suas mãos pode passar, começando a desafivelar as mangas que prendiam seus braços atrás de si. As correntes dificultavam um pouco a ação, tendo em vista que ela estava enrolada nelas com um cadeado bem em seu peito e outro em seus pés.

Ela precisava raciocinar e usufruir bem do ar em seus pulmões, estar sufocando aos poucos era horrível e desumano, era toturada quase ao ponto de enlouquece-la.

Um minuto e meio, no relógio com seus braços finalmente livres pela camisa, a garota conseguiu finalmente levar uma mão até seu cabelo pegando um grampo que prendia sua franja, agora faltava pouco e evitava olhar para o seu oponente ou acabaria desestabilizada.

Sua visão começou a ficar turva, como se ela fosse desmaiar a qualquer momento, as bordas escuras e ouvidos pouco tampados.

"Se concentra, SN. Você consegue" Pensou consigo mesma.

Ela fechou os olhos tentando ouvir o bagulho do click no cadeado, nunca havia feito aquilo, mas segundo as séries de televisão era só usar o punho e ouvir o click. Assim a loira fez, replicando o que ela há anos via em muitas séries.

Trinta segundos no relógio, ela começou a se desesperar, só faltava um cadeado e seus pés estariam livres, dessa forma ela olhou o homem a sua frente, já desenrolando a corrente de si, olhou para cima pedindo aos cosmos que a ajudasse a não morrer daquela forma.

A cadeado se abriu a fazendo gritar com o pouco de ar que lhe sobrara, e assim ela em desespero nadou até a superfície apertando o botão enquanto tossia, seu corpo implorava por ar fresco.

Diante de seus olhos as piranhas caíram dentro do aquário do homem, e ele gritou de dor, o sangue se espalhou pela água a deixando completamente em choque, ela havia matado uma pessoa.

-Me desculpa - Uma lágrima assustada escorreu pelo seu rosto enquanto ela tentava sair do cubo de vidro, sem tirar os olhos da tragédia.

Aquela era a pior cena que já havia visto. SN pegou a carta em mãos se assustando no reflexo do aquário de água vermelha com o homem agora surgindo atrás de você.

A mulher se virou o vendo, sem entender como ele havia conseguido sair ou o que era aquele sangue todo se ele estava bem em frente dos seus olhos.

O mais alto tirou a máscara, revelando seu rosto com covinhas lindas e um olhar assustador. Antes disso tudo ele costumava ser um ladrão de bancos, entrava e saia de qualquer lugar sem ninguém perceber, havia sido encontrado na delegacia, após fugir de sua cela, o Cabaretier o esperava do lado de fora com a mesma rosa e um papo galante que sempre dizia o que a outra pessoa queria ouvir, prometendo a vida perfeita, invadia a mente de quem quisesse, o seduzia e o atraia para seu show de horrores.

-Eu disse para prender a respiração - O mágico zombou a vendo ajoelhada no chão cuspindo toda a água que havia engolido.

-Filho da puta - A mesma o xingou com sangue nos olhos - Eu não quero mais jogar.

-Você não pode sair a menos que ganhe ou morra - Ele disse - Não tem outra opção.

-Você quase me matou, o que vai fazer agora? Me atirar espadas? - Ela desdenhou.

-Se as cartas mandarem - Ele sorriu ladineo.

-Você é sádico!

-Três atos, é o que faltam - Espalhou as cartas - Vença-os e você se verá livre de mim.

-Quando eu vencer eu quero sua cabeça - Ela o ameaçou - Você não é mais aquele Tae que eu conhecia.

-Que você achava que conhecia... Esse sou eu agora e não queira ver o que posso fazer! Venha e sente-se, sabe o que tem que fazer.

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