Esperando você (The Heartbreakers #2.5)

Capítulo 9

Kelly

Havia algo que eu estava escondendo com tudo de mim de Lucy. Claro, ela tinha me questionado sobre muitas coisas depois daquele almoço e eu tinha respondido a todas as suas perguntas da melhor forma que pude.

Mas eu não disse a ela sobre o encontro que eu e ele iríamos ter na sexta. Ou que ele tinha aparecido na minha casa com uma xícara pedindo por açúcar. Também não disse a ela que ele estava bagunçando todas as certezas que eu tinha antes ou que estar perto dele fazia eu ter o desejo de sonhar outra vez.

Eu estava tentando me proteger.

— Kelly. – Dominic me chamou e eu ergui minha cabeça. Eu estava no meu escritório, lendo algumas anotações que Piper, minha secretária, tinha feito em um dos meus casos. Ele estava parado na porta, usando seu caro terno de três peças. — Lucy me disse que você ainda não almoçou. Eu estou indo naquele restaurante que você gosta, quer me acompanhar?

— Desculpe, estou sem apetite hoje. – falei com um sorriso, que eu esperava que não mostrasse o quanto eu o achava insuportável. Sendo bem sincera, eu sabia que eu precisava parar de evitar ele apenas porque ele se parecia com meu ex. — Mas obrigada pelo convite. Talvez outro dia.

— Tudo bem. – ele concordou e se foi. Eu respirei aliviada. Era uma coisa boa que ele estava perdendo o interesse em mim. Talvez se eu recusasse mais um ou dois pedidos, ele desistisse completamente.

Olhei para os papéis nas minhas mãos.

Eu não tinha entendido uma palavra sequer do que estava escrito porque minha cabeça estava em outro lugar.

Aaron Grayson.

Minha falta de apetite estava relacionada a ansiedade que eu sentia pelo encontro hoje a noite.

Fazia séculos desde a última vez que eu tinha ido a um encontro. Meu ex-marido tinha sido o último homem que me levou a um.

Eu ainda sabia o que era um encontro?

Olhei para os papéis mais uma vez.

Era uma lembrança dolorosa pensar que um dia eu já tive os documentos de divórcio do meu casamento. E oito anos depois eu estava lidando com divórcios diariamente, eu achei que tinha ficado entorpecida para essa sensação, mas aparentemente eu estava enganada.

Ainda havia uma centelha dentro de mim, que queria queimar e iluminar os sonhos escondidos na parte mais profunda de mim.

Um homem dez anos mais novo.

Ele era a raíz de todos os meus problemas.

E hoje a noite, talvez eu fosse capaz de encontrar a solução para todos eles.

°°°

Encarei os vestidos em cima da cama, indecisa sobre qual deles usar hoje a noite. Eu tinha sido pega de surpresa pelo convite dele, então acabei aceitando.

Aaron deixava a minha cabeça confusa.

Quando eu estava perto dele, eu realmente me sentia como se estivesse flutuando. Eu era cativada por cada palavra que ele dizia e gostava de assistir cada movimento que ele fazia.

Isso era perigoso.

Eu tinha me sentido assim antes e tudo o que eu ganhei foi dor. Uma traição que me rasgou por dentro. Graças ao meu ex-marido, eu não tinha mais os sonhos tolos de antes. Ele conseguiu manchar até mesmo isso.

O meu casamento dos sonhos? Se tornou um pesadelo.

A lua de mel que eu planejei desde os 12 anos? Não passava de uma porção de fotos que eu preferia que nunca tivessem existido.

Meu vestido de noiva? Eu o queimei.

O bebê que eu tinha sonhado e desejado? Nunca aconteceu.

Eu tinha 16 anos quando o conheci. Vinte anos quando fiquei noiva. Vinte e um quando nos casamos. E 25 quando nos divorciamos.

Eu era bem menos ingênua agora, aos 33 anos do que aos 25, quando me divorciei. E eu já não tinha ilusões sobre os homens como aos vinte.

E mesmo assim, eu me via sonhando com Aaron.

Ele era capaz de desenterrar sentimentos que eu jurei que estavam enterrados a sete palmos.

Meu ex-marido tinha a mesma idade que eu e me traiu. Aaron era dez anos mais novo. Eu poderia acreditar que ele queria algo comigo? Poderia confiar nele?

Era em momentos assim, que eu realmente odiava meu ex. Eu detestava esse sentimento de desconfiança que eu tinha com todo homem que parecia querer mais do que sexo de mim. Já faziam oito anos desde o divórcio e mesmo assim as feridas que John abriu com sua traição ainda estavam aqui.

Trinta e três anos.

Eu ainda podia recomeçar? Poderia me casar outra vez? Ter o bebê que eu sempre sonhei? Um casamento de verdade, com confiança e amor?

Eu poderia sonhar com isso?

Hoje a noite, eu poderia.

Amanhã, eu iria acordar e voltar para a realidade cinzenta em que eu vivia.

Mas hoje a noite, eu me permitiria sonhar e viver esse sonho, mesmo que apenas por algumas horas.

Eu não precisava de um príncipe encantado, eu tinha deixado de acreditar neles a muito tempo. Hoje eu só precisava do Aaron.

Toquei o vestido vermelho, de seda. Ele tinha um decote generoso e realçava minhas curvas. Eu tinha comprado ele quando tive minha crise dos 30 anos, mas nunca tinha tido coragem para usar.

Hoje eu o usaria.