Kelly
O lado dele da cama estava frio, mas eu ainda conseguia sentir o seu cheiro nos lençóis. Puxei o travesseiro até meu nariz e respirei fundo.
Pela primeira vez em anos, eu estava me sentindo viva. Havia um sentimento puro e novo correndo pelo meu corpo. E Aaron era o responsável por isso.
Olhei para a nota que ele tinha escrito e sorri.
Tive que ir me encontrar com o Eli. Volto logo. Trarei o almoço, linda.
Eram apenas três frases e mesmo assim, elas aqueceram meu coração.
Havia uma vozinha no meu cérebro, gritando que eu deveria tomar cuidado, que eu não deveria me entregar assim a ele, mas eu simplesmente a estava ignorando. Não importava o que meus medos ou inseguranças estivessem me dizendo agora, porque a única coisa que importa para mim é o fato de que eu estou me apaixonando pelo Aaron.
Era assustador, mas ao mesmo tempo também era libertador. Era como se o mundo tivesse ganhado novas cores.
Olhei para o relógio e me sentei na cama. Já era quase o horário do almoço. Ele deveria chegar em breve.
Havia um frio na minha barriga.
Eu tinha 33 anos e estava agindo como se tivesse 15 e estivesse vivendo minha primeira paixão.
Bom, Aaron era a minha primeira paixão desde o meu ex-marido. Então, talvez minha reação não fosse tão surpreendente assim.
Peguei meu celular e liguei para Lucy. Eu estava escondendo algumas coisas sobre Aaron e eu dela, mas agora eu realmente sentia que precisava conversar.
— Tia Kelly! – Jane, a filha de 8 anos de Lucy, atendeu. Eu sorri. Eu amava ela e seu irmãozinho, Kyle, de 4 anos. — Mamãe, a tia Kelly ligou! – ela gritou, animada. Eu ri e voltei a me deitar na cama.
— Querida, como você está? Cadê sua mãe? – perguntei, olhando para o teto.
— Eu estou bem, tia. A mamãe e o papai estão fazendo o almoço. – ela respondeu e eu ouvi uma movimentação do outro lado da linha. — Eu quero falar com a minha tia!
— Jane, sua tia quer falar comigo. Vá ajudar o papai a não estragar nosso almoço, tudo bem? – ouvi Lucy falando. No fundo, eu ouvi Jane reclamando e se afastando. — Kelly!
— Oi, Lucy.
— Esse é o tom que diz que você quer me contar algo. Aposto que tem sexo no meio. – ela afirmou rapidamente. — Daniel, pegue o vinho! Acho que teremos boas notícias! Precisamos comemorar!
— Lucy! – gritei e ela deu uma risada. — Sério, precisava fazer isso?
— Claro. Você foi em um encontro com um homem lindo ontem a noite e hoje me liga e fala com esse tom que eu não ouço há séculos. O que esperava que eu fizesse?
— Agisse como uma adulta.
— Ah, por favor, você sabe que é a adulta da nossa relação.
— Não sei porque eu ainda tento discutir com você. Você é impossível.
— Sim, sim, todas sabemos disso. Agora, me conte como foi. – ela pediu e eu fiquei em silêncio. As palavras que estavam presas na minha garganta, eu realmente queria dize-las em voz alta, apesar do medo.
— Eu estou apaixonada por ele, Lucy. – falei baixo. Meu coração bateu acelerado e eu sorri para mim mesma. Eu tinha dito isso. Era real.
— Kelly. – ela falou e eu franzi o cenho. Esse não era o tom que eu esperava após minha declaração. — Você não pode estar falando sério.
— O quê? Por que você está dizendo isso?
— Como você pode dizer que está apaixonada por um homem que mal conhece? – ela falou e eu pisquei e encarei meu celular. — Kelly, você saiu com ele ontem. Não acha que está sendo um pouco precipitada?
— Não foi a primeira vez que eu saí com ele, Lucy. – falei e mordi meu lábio. Era um tom mais defensivo do que eu gostaria. — Eu não sou uma adolescente, que está vivendo sua primeira paixão.
— O que você sabe sobre ele?
— O que você sabe sobre ele, Lucy?
— Sei que ele é bonito e jovem e que sabe ser doce quando quer. Sei que ele me lembra muito o John, quando vocês se conheceram. – ela disse e eu abri minha boca em choque. Ela não podia estar falando sério. De todas as coisas que ela poderia me dizer, essa definitivamente não era uma delas.
— Você tá me sacaneando? – perguntei baixo. Ela ficou em silêncio. — Que porra é essa, Lucy? Você nunca gostou do John, mas eu fui aquela que se casou e viveu com ele por quase cinco anos. Eu, não você. E eu te digo agora, Aaron Grayson não é nada parecido com o meu ex-marido. Você deveria saber disso.
— Eu sinto muito. Eu não quis dizer isso. – ela falou, mas eu ignorei e finalizei a chamada.
Eu podia entender o receio dela com minha declaração surpresa. Eu sabia que ela só estava tentando me proteger, mas havia um limite e Lucy tinha pisado além dele. Comparar Aaron com John era além de ofensivo, não só para ele mas também para mim. Eu tinha passado o inferno para sair daquele casamento, eu tinha pavor de qualquer homem que me lembrasse, minimamente, o John.
Suas palavras tinham me magoado.
°°°
A porta se abriu e eu ergui meus olhos do processo que eu estava fingindo ler. Minha mente realmente não estava naqueles papéis. Eu ainda estava presa na minha conversa com Lucy.
Até eu vê-lo.
Aaron estava usando uma camisa cinza e uma bermuda esportiva preta, com um tênis. Seus cabelos estavam bagunçados e meio molhados. Ele tinha duas sacolas de algum restaurante em suas mãos e um grande sorriso para mim. Eu me levantei do sofá e fui até ele.
Seus olhos passaram lentamente por mim. Eu estava usando uma calça de flanela azul marinho e uma regata preta e pantufas rosas. Eu adorava o jeito que ele me olhava.
— Oi, linda. Sentiu minha falta? – ele perguntou e eu quase sufoquei tentando segurar a vontade de chorar que eu estava. Cada passo que eu dava dentro dessa relação fazia eu me sentir como se pudesse me perder a qualquer momento. E tudo o que eu conseguia pensar era que eu realmente queria me perder no Aaron, porque eu sabia que ele nunca me machucaria.
Talvez Lucy estivesse certa e isso fosse rápido demais.
— Senti. – eu falei. Apenas uma palavra, mas eu tinha depositado todo meu coração nela. Aaron parecia saber disso, já que andou até mim e me beijou como se fizesse anos que não me visse.
— Eu também senti sua falta, linda. Mais do que é saudável, eu acho. – ele respondeu e eu ri.
Aaron e eu parecíamos estar passando pela mesma coisa.
Nós dois estávamos apaixonados.
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Esperando você (The Heartbreakers #2.5)
RomanceAaron Grayson está com inveja. Ele é o melhor amigo de Eli Westbrook e após anos vendo a felicidade do seu amigo, ele percebe que está com inveja. Aaron quer se apaixonar. Obviamente, ele sabe que não é tão simples assim e que ele precisa encontrar...