CAPÍTULO 5 ⸺ DOMÍNIO PRÓPRIO

95 31 144
                                    


Lua acordou na cama de Gary. Reparou que o mesmo não estava deitado ao seu lado e o chamou.

– Gary? Você está aí?

– Estou – disse ele amarrando o roupão ao sair do banheiro – e você já deve sair.

– Perdão?

– São seis horas da manhã e a aula vai começar. Você não pode ficar aqui.

– Ok – disse levantando-se e vestindo seu shorts e sua bota – vou só usar sua pasta de dente porque não saio sem escovação, ok?

– Fique à vontade. Pode usar até o choveiro se quiser, mas não demore.

Lua tomou seu banho, se vestiu com pressa, escovou seus dentes e pretendia sair em jejum. Quando ia se despedir de Gary ele estendeu sua mão que segurava um pano em direção à Lua.

– É seu.

– O que é isso?

– Veja – fez com que ela pegasse, estendendo sua mão entre as pontas a mostrou que era um casaco - vá com ele para a escola, está fazendo frio esta manhã.

– Agradeço o presente. Tenho que ir, tchauzinho.

– Tchau, tchau. Ah! E obrigada pela noite – finalizou com seu sorriso de sempre.

Tendo vestido o casaco dado por Gary, sem ao menos reparar os detalhes escritos nele, Lua andou sem rumo pela estrada e fez sinal para um grupo de meninas que andavam num veículo da mesma cor de todo o corpo delas. Cor rosa fluorescente. Sim, as mesmas criaturas que ela havia visto na Universidade, e no pub ontem à noite.

– Quer carona? – ofereceu uma entre as meninas ao ver o sinal feito pela Lua.

– Eu agradeceria de todo meu coração. Não conheço nada em Lythikos, por enquanto – e finalizou a frase subindo no automóvel.

– Interessante, então você é imigrante – disse outra entre elas.

– Sou sim!

– Belo casaco – disse a última menina a se pronunciar entre suas amigas, sentada no banco traseiro.

– Obrigada, ganhei de um amigo.

Silêncio no carro. Ficou um clima estranho ou poderia ser só impressão de Lua?

– Chegamos!

E todas desceram. Ao ouvir tocar o sinal, Lua andou junto às três amigas cor-de-rosa até sua aula de Encantamentos de Defesa que, por coincidência, todas estavam inscritas. A aula durou duas horas. As veteranas que a deram carona se despediram da nova colega de classe indo em direção oposta no corredor. Um rosto familiar surgiu de braços abertos para abraçá-la.

– Tudo bem? Você conseguiu voltar para casa?

– Estou bem sim, mas você sumiu. O que houve?

– Desculpa sair assim sem avisar, eu tive um imprevisto.

– Está machucada? – perguntou Lua olhando para o braço de sua amiga que estava cortado.

– Precisei resolver alguns assuntos.

– Algo grave aconteceu?

– Não... – sorriu para Lua de olhos fechados com sua mão direita na cabeça – eram só ervas daninhas. Não há o que se preocupar. Eu estou bem.

– Poxa, ainda não sei o que isso significa, mas... estou aqui por você! - sorriu de boca fechada e apoiou sua mão direita no ombro esquerdo de Noora.

O Despertar do AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora