CAPÍTULO 17 ⸺ CORAGEM

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Lua entrou.

Arremessada pela pressão que atravessou no portal, ela pulou para fora dele, entrando dentro do universo que viu chegar. Era de noite e ela não conhecia o local. Na verdade, olhou em volta procurando algum indício de para onde a criatura teria levado a gata Kira. E então viu que as sombras passavam entre as montanhas e, embora o vulto tenha passado rapidamente, sentiu a mesma presença que sentira quando Kira fora levada, antes de Artémis desaparecer. A conexão entre as duas auras não havia se perdido com a distância. E então continuou correndo.

Mas ela ouviu um barulho de carro vindo em sua direção e se escondeu atrás de uma árvore sem folhas, assim como todas eram naquela floresta em que agora estava. O veículo se tratava de um caminhão que, por alguma razão, estava com a parte de trás aberta. Assim que ele passou, vendo ela que havia somente uma direção naquela estrada, tentou alcançá-lo. E logo pulou para dentro.

Ela começou a perceber que aumentava a proximidade entre elas, já que aquele caminhão estava indo no mesmo caminho. Ela sentia que a distância havia diminuído, portanto, manteve sua decisão de pegar a carona, mesmo sem saber com quem ou com o que estava lidando ali. Reparou que haviam vestes pretas ali dentro, com um capuz, e colocou. As roupas cobriam todo o corpo, como um cobertor, só que com um capuz, da pequena Lua.

O caminhão estava chegando, e diversos outros também entraram no mesmo lugar. Parecia uma espécie de cativeiro... Escondeu-se atrás das caixas ali, e apenas com a brecha de sua cabeça ela observava algumas criaturas algemadas sendo retiradas por outras criaturas que vestiam o mesmo traje que ela. Eles saíam um a um dos caminhões e eram levados para algum lugar que ela não conseguia ver direito. Levantou um pouco mais para enxergar e...

— Ryiu, o que foi que você trouxe dentro dessa joça? — perguntou a criatura bem gorda, grande e verde que se parecia com um ogro que, do nada, entrou dentro do caminhão fazendo-o balançar.

Lua, que estava atrás das caixas e dentro da sombra, foi balançada com aquele peso. Mas conseguiu se equilibrar segurando uma barra de ferro que, na sorte, pegou no desespero. Se manteve calada, no entanto, com muito medo de ser pega. Agora a criatura estava ainda mais próxima, e isso era fato tanto pelo peso quanto pela voz que se aproximava. A criatura também cheirava muito mal.

— Já desembarquei todos os escravos que a senhora havia mandado. Não tem mais nenhum, me livrei de todos.

— E essas caixas aqui?

— Não tem nada demais nelas. São só armas que usei para executar os traidores.

Ela engoliu a seco. E se ela fosse descoberta logo ali? A tensão começou a subir e o coração a pulsar. Mas logo o ogro desceu do caminhão, obrigando ela a se segurar, novamente, na barra de ferro e parece que as vozes que ouviram foram sumindo. Todos pareciam ter ido embora. Deu uma espiada e saiu de fininho. Olhou mais uma vez para fora e, vendo que a barra estava limpa desceu, seguindo em direção à Kira, e com o roupão.

Aquela garagem estava ligada a um lugar que parecia um calabouço. A torre bem em sua frente dava nela a sensação de um cativeiro. Conforme Lua se aproximava dali, mais sentia calor. Era como estar entrando dentro de uma fornalha. Mas deu meia volta e se escondeu atrás da roda do caminhão mais próximo, depois que viu dois guardas parados ali que, por pouco, não a viram. Os dois eram idênticos ao ogro que entrou dentro do veículo em que estava. Deviam ser da mesma espécie. Como ela poderia passar por eles? E se nunca mais voltasse, com vida, para a Terra? E se não voltasse, até mesmo, para Lythikos?

 Como ela poderia passar por eles? E se nunca mais voltasse, com vida, para a Terra? E se não voltasse, até mesmo, para Lythikos?

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