PRÓLOGO

212 9 5
                                    

Cinco anos atrás 

Era uma tarde primaveril, Augusto Bell estava visitando sua fábrica de tintas, localizada pouco afastada da cidade onde morava com sua esposa que estava grávida de seu primeiro filho. Quando seu telefone tocou, ao olhar viu no identificador que era de sua casa. Atendeu imediatamente.
— Alô —  falou nervoso com o que poderia ter acontecido pois sua esposa não era de lhe ligar sem que fosse muito necessário. Logo que atendeu ouviu a voz da empregada do outro lado falar com nervosismo. A senhora de meia idade sem delonga, relatou, que tinha encontrado sua esposa desmaiada no quarto e que estavam indo para o hospital pois sua pressão estava muito alta. 

Como previu que aquela ligação fosse má notícia, Augusto, já nervoso, disse com a voz embargada, que também estava indo para o hospital. Assim que falou, desligou e guardou o telefone no bolso da calça, Augusto largou tudo nas mãos do seu assistente e saiu correndo apressado em direção a saída, dizendo:
—  Tenho que ir minha esposa está a caminho do hospital, cuide de tudo por aqui, eu preciso ir com urgência. 

E assim entrou em seu carro, dirigiu em alta velocidade até o hospital. Ao chegar, foi comunicado que ela estava no centro cirúrgico, e que iriam fazer uma cesária de emergência já que ela estava inconsciente e em estado grave de Eclâmpsia que a levou a ter duas convulsões, uma seguida de outra. Na primeira, ela estava sozinha em seu quarto onde a empregada a achou se debatendo no chão, e outra no caminho do hospital onde não acordou mais. Deixando os médicos de plantão tensos, pois mesmo depois de todos os procedimentos ela não retornou, forçando-os a fazer uma cesárea mesmo sem a presença do marido que ainda não havia chegado. Já na sala de espera, Augusto esperava em total angústia seu coração estava em desespero pois quando saiu de casa pela manhã a tinha deixado bem, e na hora que falou com ela pouco depois do almoço, ela lhe disse que estava bem, só naquele momento que ele estava vendo que ela tinha mentido para não o preocupar, e não atrapalhar seu trabalho! 
— Ah, querida, por que você está sempre querendo não me preocupar, ah meu amor, eu estarei sempre aqui para você e nosso bebê! — Pensava enquanto roía as unhas da mão direita em novíssimos. 
— Por que você precisa sempre dar uma de durona? Eu não devia ter acreditado em você, como seu marido e pai do nosso filho, deveria trabalhar menos e ter ficado mais ao seu lado. — Não conseguia para de pensar em tudo aquilo enquanto aguardava no sala de espera, pedindo a Deus que o doutor liberasse sua entrada para fazer companhia a esposa, naquele instante ele andava de um lado para o outro sem nem perceber que estava andando tão rápido, até que a porta da sala do centro cirúrgico abriu e ele foi chamado por uma enfermeira que lhe disse que iria o conduzir até uma sala. Ele estranhou, contudo, acompanhou a enfermeira que seguia à sua frente, Augusto  pisava no chão sem ao menos senti-lo, logo que se aproximaram  de uma porta, ele viu a placa na porta escrito. Assistência Social.
— O que está acontecendo? — Perguntou sem obter resposta da enfermeira. 
— Onde está minha esposa? — indagou e mais uma vez não teve resposta da mulher que só o olhou com semblante triste, o que o deixou ainda mais tenso e nervoso. A enfermeira bateu na porta e abriu pedindo-lhe que entrasse, dizendo, que logo tudo seria esclarecido. No mesmo instante, Augusto entrou e se deparou com uma senhora e um senhor de pé na sala, onde logo pediram que ele se sentasse. O que ele se recusou, pois o que queria era ir ficar ao lado de sua esposa na hora do parto, então ao ver que ele iria sair da sala, o senhor de meia idade, falou: 
— Eles não estão mais entre nós, Senhor Bell, sua esposa e seu filho faleceram a quinze minutos! Ela chegou aqui já sem vida, e por falta de oxigênio no ventre, o bebê não sobreviveu. — disse o senhor com o olhar cabisbaixo. 

— Ele se foi pouco depois dela. — declarou. 

Quando o Dr. Que fez a cirurgia, o tirou, tentou reanimá-lo, mas ele não voltou a vida. Eu sinto muito por sua perda. 

       Ao ouvir os relatos do homem, Augusto não pode acreditar no que tinha acabado de ouvir. Ele olhou para o homem e chorando, disse: 
— Sente muito, eu vou fechar essa espelunca, vocês os mataram! — proferiu bravamente, falou e saiu correndo em desespero, entrando onde a esposa ainda estava sobre uma mesa coberta com um lençol branco. Desesperado caiu de joelhos no chão chamando-a:
— N-Nele, Nele, amor, acorde, eu cheguei, estou aqui para ver nosso pequeno nascer! Acorde amor, vamos, acorde não me assuste, eu não posso perder vocês, não faça isso comigo, Nele, acorde por favor, amor.  — gritou com todo o pulmão. 

Passou muito tempo, e ninguém conseguiu o tirar de perto da mesa que a esposa estava, até que seus amigos chegaram, e depois de muito custo o levaram embora.  Ao chegar em casa, Augusto correu para o quarto do filho onde sua esposa vinha passando bastante tempo arrumando as roupinhas do seu bebê, feliz e sorridente, cheia de planos, e que naquele dia tudo tinha chegado ao fim, que nada daquilo mais tinha sentido. Nunca mais iria ver aquele lindo sorriso e nem sentir seu cheiro, assim como não iria sentir seu bebê se mexer no ventre de sua querida e amada esposa. Nem tão pouco sonhar em pegar seu bebê em seus braços e niná-lo como vinha sonhando em fazer aquele tempo todo desde que descobriram que estavam grávidos. Sentado no chão do quarto do filho, Augusto chorava abraçado a uma roupinha cujo estava escrito: 

      "Estou chegando papai" 

Aquelas palavras, era tudo que lhe restava, ele sabia que nada daquilo iria se realizar mais. 

Tudo não passou de um sonho frustrado depois de tanta luta. 

APAIXONADO POR UMA MULHER TOPETUDA Onde histórias criam vida. Descubra agora