A DESCOBERTA PARTE 1

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       Depois que guardou todos os objetos que comprou, Augusto olhou para aquele menino que dormia tranquilamente à sua frente, então, pensou que entre a cidade e o seu chalé, era uma boa estirada mesmo que de carro, pensando naquilo, imaginou que o menino poderia acordar a qualquer momento de seu cochilo com fome, seguiu imediatamente para a parte da cozinha, e começou a preparar uma sopa, para quando o menino acordasse teria algo para comer, e depois teria que se explicar o que fazia na carroceria da sua caminhonete, só que fizesse isso já de barriguinha cheia com algo bem quentinho e saudável.
       As horas passaram, e nada do menino acordar, Augusto já estava ficando preocupado, resolveu se recostar na cabeceira de sua cama para descansar e esperar que o menino acordasse, no entanto, não aguentando mais de cansaço, acabou adormecendo em um sono profundo, acordando com batidas fortes na porta. Ao abrir os olhos, se deparou com o menino aconchegado em seu corpo, dormindo, ficou surpreso e atordoado, mas ao mesmo tempo comovido diante daquela cena.
       "Como pode isso estar acontecendo comigo?!" —  Perguntou-se em pensamento.
Mais uma vez ouviu batidas fortes na porta que o tirou dos seu pensamento, sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo se levantou surpreso pensando quem poderia estar lhe incomodando aquela hora,  já que ninguém nunca o procurou ali, parecia mesmo que ele havia esquecido plenamente que aquele lindo menininho tinha alguém que com certeza iria o procurar em qualquer lugar, nem que fosse a última coisa que fizesse na vida.
Em passos largos, seguiu para atender a porta, ao abrir não acreditou que  estava diante daquelas pessoas, ele tinha esquecido completamente que o menino em no seu Chalé, em sua cama, tinha uma família, e uma mãe tão falante, que só em ouvir a voz dela já o deixava querer para bem longe dela.  Ao vê-los ali o olhando com olhos questionadores, ele já foi logo dizendo com a voz rouca e grossa:
— O que querem aqui? —  falou com rigidez.
— Augusto, nós viemos pelo menino, onde ele está? — quis saber um dos homens de pé do lado de fora.
— Breno, o que leva você a achar que eu sei de algum menino? —  perguntou olhando sério para o homem.
— Augusto, nós vimos pelas câmeras quando ele entrou na carroceria da sua camionete! —  revelou o mesmo homem que Augusto o tratou como, Breno.
— Me fala logo o que você fez com o meu filho? —  gritou a mulher, mostrando-se em desespero.
— Como assim o que eu fiz com o seu filho?! O que você está querendo insinuar?
O que você acha que eu sou? —  bombardeou a mulher com perguntas, a qual o deixou furioso. 
— Você  acha  realmente que eu faria mal a uma criança? — indagou.
— Não sei, me diga você. —  falou a mulher desdenhado dele.
— Olha aqui sua mulher, topetu…
— Calma vocês dois, vamos manter a calma, huh — falou Breno em tom elevado.
— Breno, como você pode me pedir calma, não está vendo que essa desequilibrada está me acusando? —  queixou-se.
— Mais cedo na loja, ela me acusou de ser rude, ignorante por ignorar o filho dela, e agora está aqui mais uma vez me acusando de… sei lá o que! —  falou olhando para a mulher que em poucas horas já tinha tirado-o do sério por duas vezes.
—  Eu quero vocês longe daqui agora! —  rugiu alto. 
— Não, não, eu não vou sair daqui até você me dizer o que fez com meu filho! —  proferiu a mulher em braveza. 
Ao ouvir aquela mulher topetuda, que ela não ia sair de sua propriedade, Augusto esticou o braço direito, pegou uma arma que usa para caçar na montanha, que mantia pendurada ao seu alcance, esticou-a, segurando firme, mas sem apontar para ninguém, já que não tinha intenção nenhuma de atirar em nenhum daquelas pessoas em sua porta, ele não era um homem violento,  só os queria assustá-los.
      Mas a mulher “topetuda” como ele frisou, não se deixou intimidar e não recuou nem um pouquinho, olhando nos olhos dele, ela falou com o queixo erguido e autoridade:
— Olha aqui, você vai ter que decidir se você realmente quer terminar seus dias solitário nessa montanha ou na prisão por ter dado sumiço em uma criança de apenas cinco anos! Então senhor isolado, qual vai ser? —  perguntou com arrogância tanto na voz como no olhar penetrante na direção dele.
— Do que você está falando, você acha mesmo que eu seria capaz de fazer mal a uma criança? —  declarou, devolvendo o mesmo olhar penetrante para a mulher.
— Pelo que tudo indica “sim!” —  disse ela sem desviar o olhar dos dele.
— A não ser, que você nos fale logo onde colocou meu filho! Eu continuarei plantada aqui pensando o pior de um homem como você.  —  continuou o acusando desassombro.
— Olha aqui senhora —  falou espumando de raiva —  não sei quem é você, mas uma coisa eu já sei de você! —  esbravejou furioso.
— Ah, é, e eu posso saber que coisa é essa?  —  perguntou com desprezo.
— Que você não sabe tomar conta do seu filho direito! —  afirmou com precisão.
— O que?! — Pronunciou em espanto, avançando um passo na direção de Augusto que arregalou levantou suas sobrancelhas com a tamanha atitude audaciosa da mulher que achava  poder o atingir. 
— Olha aqui senhor, eu tomo conta do meu filho muito bem, desde que ele nasceu eu não desgrudo dele, a não ser para ir trabalhar!  E só por isso que eu estou aqui nessa mald… nessa cidade já que me transferiram contragosto, eu só vim por não ter alternativa nenhuma, e ainda por cima estou aqui sem meu sincero consentimento, tive que vir a trabalho para ficar no lugar de um verdadeiro incompetente, que não está fazendo seu maldito trabalho direito, deixando a empresa de sua família ir a falência. Agora deixa de conversa fiada e me fala cadê o meu filho, não vai me disser que você o deixou até agora na sua camionete com esse frio que está fazendo aqui em cima? —  exprimiu de uma só vez.
— Bom, já que eu não vi nem um menino na minha camionete, então com certeza ele ainda deve está lá! —  mentiu na cara dura, mesmo vendo o desespero da mulher.
— O que?! —  Espantou-se a mulher.
—  Se ele estiver lá com esse frio, ele… ai meu Deus, Jonas, filho! —  gritou a mulher saindo correndo na direção que tinha visto a caminhonete ao chegar, com as outras pessoas a seguindo, menos Augusto que nem saiu do lugar.
Quando todo chegaram e examinaram a carroceria e não encontraram o menino em nenhuma parte do veículo, a mulher nervosa cambaleou, os dois homem e a mulher que foram com ela, a ampararam, enquanto isso, Augusto, que estava de pé no mesmo lugar na porta, vendo ela chorar desesperada, nem se comoveu, simplesmente olhou para o amigo de longas datas, com o semblante fechado. 
— Breno! Vem aqui. — chamou o amigo. 
Quando o Breno chegou preto dele, Augusto fez sinal com a mão para que o amigo entrasse em seu Chalé, logo depois que Augusto e Breno estraram, a mãe do menino entrou feito um furacão gritando.
— Seu maldito! O que você fez com meu filh… —  parou engolindo as palavras a serem proferidas, ao se deparar com a cena diante de seus olhos. A mulher paralisou olhando para a mesma direção que Augusto e Breno olhavam, ali diante dos seus olhos estava seu pequenino Janas, dormindo tão tranquilo que nem percebeu a confusão que todos estavam fazendo. A mulher levou a mão à boca, enquanto isso, Breno foi até a porta e falou para os demais que ainda permanecia lá fora: 
— Gente, podem entrar, aí fora está muito frio! —  disse sentindo-se aliviado.
Quando todos entraram ficaram pasmos com o que viram, o menino enrolado nas cobertas luxuosas e quentinha em uma cama que apesar de estar na montanha parecia bem cara, todos ficaram sem reação com aquela cena diante de seus olhos.     
       Depois de se recuperar do baque, a mulher  olhando para todos, então falou com firmeza: 
— Alguém pode me ajudar a pegar meu filho e tirá-lo desse lugar.   —  Mesmo diante de uma cena que ficou claro o cuidado que um homem como Augusto teve com o filho dela, ela ainda falou com arrogância.
       Sem ao menos olhar para o homem responsável por tudo que estava acontecendo, ela pediu ao Breno que pegasse seu menino e os levassem embora dali, e assim, Breno fez, só que antes que todos atravessasse a porta, Augusto surpreendeu todos dizendo:
— Por que você não o deixa aqui? Lá fora está muito frio, eu fiz uma sopa pra quando ele acordasse, já que o tirei da caminhonete já dormindo e não quis acordá-lo.
— Não! —  Falou a mulher olhando-o ainda com fúria nos olhos.
— Vamos senhor Breno, eu preciso levar meu filho para dormir comigo na nossa casa e cama.  —  anunciou segundo com firmeza para a porta.
Depois que todos foram embora, Augusto mais uma vez  se incomodou com a sensação de perda novamente, frustrado, se deitou na cama justamente no lugar que o menino estava poucos minutos antes e que ainda estava quente, e ali ficou em forma de concha,  logo as lembranças da noite que sua esposa e seu filho morreram na mesa de parto surgiram em sua mente atordoando-o mais uma vez.
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O dia amanheceu, Jonas acordou totalmente atordoado, já que a única coisa que se lembrava era de ver aquele homem e desejar muito que ele fosse seu pai, e de sair da loja e se esconder na carroceria da caminhonete dele, e depois de acordar em um sofá, sentindo a falta da mãe e não encontrando-a ao seu lado como de costume, decidiu  ir para a cama a procura dela se aconchegando ao grande corpo e voltando a dormir, em sua cabecinha tudo era um borrão. 
— Bom dia rapazinho, dormiu bem? —  cumprimentou a mãe sentada em uma poltrona próxima à cama onde passou a maior parte da noite observando o filho  dormir.
— Mamãe, como eu vim para casa? —  perguntou em espanto.
— Eu não me lembro! —  confessou.
— Ah, é do que você se lembra, posso saber? —  quis saber a mãe surpreendendo-o. Como viu o filho abaixar o olhar e ficar calado, ela  continuou falando:
— Se levanta, lava seu rosto para tomar café, nós dois temos que ter uma conversa muito séria! —  disse o olhando com o semblante fechado.
— Mamãe, por que você está sentada aí na poltrona me olhando dormir? —  indagou vendo o olhar cansado da mãe.
— Por que? Por sua causa eu quase não dormi, Jonas, eu sempre te pedi pra não mentir pra mim, não é?
— Sim mamãe! Mas e que…
— É que nada, Jonas, você tem ideia de como eu fiquei quando não te encontrei naquela loja, se não fosse os donos de lá, eu jamais iria imaginar que você tinha subindo na caminhonete daquele homem desconhecido, quando eles me mostraram as filmagens do estacionamento, eu não pude acreditar no que estava vendo, você foi muito imprudente Jonas, eu só tenho você nessa vida e não quero te perder —  falou já com lágrimas nos olhos.
— Então, por favor, nunca mais faça uma coisa dessas, entendeu meu filho. — implorou enxugando as lágrimas que insistia aflorar.
— Sim, mamãe, me desculpe, e como você me achou e me trouxe? —  insistiu querer saber dos detalhes.
— Bom, pelo que eu entendi, os donos daquela loja, são amigos de infância do tal homem, e o dono que é uma pessoa bem gentil como a esposa dele, me levou até lá, você sabia que lá é muito alto e faz muito frio? —  disse já não mais tão brava.
— Bom, mamãe, eu não vi nada porque com o balanço do carro eu adormeci e durante a noite eu acordei com frio e sentindo a sua falta, então fui dormir com você na cama! —  relatou.
— Como assim? E antes de ir para a cama onde você estava dormindo? —  interrogou, curiosa.
— No sofá! Você não se lembra de ter me posto lá? — questionou surpreso.
— Hum, entendi, mas meu filho, não era eu naquela cama e sim o tal homem que eu nem sei direito o nome dele, só sei que os amigos dele o chamaram de Augusto. Mas agora que está tudo bem, vamos esquecer isso e nos divertir, já que segunda-feira eu começo a trabalhar, afinal é para isso que me mandaram para essa cidade que nem sei se vou gostar de morar.
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O fim de semana passou e chegou a segunda-feira, Augusto, se levantou cedo como de costume, só que naquele seu dia, ele teria um dia completamente fora de sua rotina habitual, já que precisava ir até sua empresa.
    Depois de fazer sua higiene e tomar seu café, entrou em sua caminhonete e mais uma vez desceu a montanha seguindo para a empresa que herdou da sua família. 

APAIXONADO POR UMA MULHER TOPETUDA Onde histórias criam vida. Descubra agora