Capítulo (14)

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"Então doutor?" O Ed pergunta pela segunda vez impaciente.
"Bom... Eu sinto muito por vocês, mas você sofreu um aborto por conta da batida do carro." Ele diz sério e baixo, e eu não digo nada, não levanto o rosto, não choro, não faço nada só fico imóvel do jeito que estava antes. Eu só vejo o Ed levar as mãos à cabeça e olhar pra mim, com aqueles olhos arregalados, sem acreditar no que acabou de ouvir, ele parece perdido e não fala nada também, só olha pra mim, mas eu não olho de volta, me sinto tão horrível de ter que mentir pra ele assim. Mas eu tenho que entender que eu não posso fazer nada contra isso, porque é pro bem dele e do nosso filho, eles são as pessoas que eu mais amo nessa vida e eu tenho que protegê-los a todo custo, o Ed anda até mim e para do meu lado.
"Sofia..." ele diz com lágrimas nos olhos e com a voz rouca de quem está segurando o choro na garganta "Fala pra mim que isso é mentira, fala pra ele, fala que nosso filho está bem e que você está sentindo ele aí dentro, fala isso pra ele, fala isso pra mim Sof." Ele diz já chorando e o médico falso parece se comover, mas não faz nada só fala mais uma vez um: "eu sinto muito." seguido por um: "como vocês são jovens, podem tentar de novo daqui seis meses." e vai embora nos deixando sozinhos, o Ed chora como se ele fosse o bebê, e eu fico quieta fitando a parede bege na minha frente.
"Sofia..." Ed diz mais uma vez olhando pra mim, e eu decido desviar o olhar da parede para o encarar sem expressão nenhuma em meu rosto.
Os olhos azuis de Edward estão vermelhos, seu rosto corado, e a sua boca inchada de choro, me dói tanto ver ele assim sofrendo eu queria poder falar pra ele que o seu filho está bem, que ele ainda está aqui dentro, saudável, se mexendo e crescendo, e que ele ainda vai ser pai, eu queria poder dizer pra ele que ele vai ver o rostinho do nosso filho pela primeira vez daqui uns meses, e que depois ele vai trocar e me ajudar dar banho nele, e eu queria poder dizer que nós dois vamos enlouquecer juntos quando ele acordar no meio da noite chorando, talvez até brigar como a maioria dos casais, e que depois de um tempo ele iria ouvir nosso filho chamando "mama" e "papa" pela primeira vez, e depois o primeiro aniversário, os primeiros desenhos, que ele ia guardar pra sempre, e depois de uns anos quando nosso filho já for maior ele vai poder pegar e ver o desenho (ou rabiscos talvez) que ele guardou por todos esses anos e vai lembrar de tudo que aconteceu nos anos que se passaram. Talvez eu nunca mais desfile, talvez eu nunca mais fotografe, talvez ele nunca mais faça um show ou cante profissionalmente, talvez nossas carreiras sejam prejudicadas e nós teríamos que trabalhar com alguma coisa que nós realmente não gostássemos, mas talvez eu teria mil fotos amadoras de família do lado do Ed e do nosso filho, e talvez, eu teria mil vídeos amadores do Ed cantando pra mim como ele faz sempre, nós não seríamos ricos e nem teríamos uma casa gigante, mas eu ia ter ele, ele ia me ter, e nós íamos ter nosso filho, a melhor parte de nós dois, todos juntos e felizes...
Como eu queria poder dizer que isso tudo pode ser real, como isso ainda é real, mas eu não digo! A única coisa que eu me atrevo falar, a única frase que sai da minha boca, é um: "Me perdoa Ed." que sai mais baixo do que deveria, e tão desnecessário e idiota quanto eu pensei que fosse.
"Não, por favor Sof não faça isso, não peça perdão meu amor, a culpa não é sua, vai ficar tudo bem Sofia, vai ficar tudo bem, nós vamos ter uns dez filhos ainda Sof." ele diz e eu olho pra ele um misto de surpresa e admiração, isso que ele disse me fez lembrar do início do nosso namoro, quando a gente enfim declarou o que sentia, e o Ed já começou imaginar um futuro pra gente, eu disse que estava muito cedo pra pensar nesse futuro, mas o que eu não sabia é que esse tal futuro estaria assim tão próximo, e que ele acabaria assim tão rápido.
"Ahh... Claro que vamos." eu digo baixo e com uma ironia triste na voz.
"É sério, vamos ter dez filhos sim, eu aguento Sof."
"Você aguenta?" eu dou uma risada baixa e irônica... É claro que ele aguenta, ele não sabe como é difícil carregar um bebê na sua barriga por nove meses, e depois tirar ele dali.
"Eu aguento ter quantos filhos você quiser, quantos gatos, cachorros, velhinhos... Eu faço qualquer coisa pra te ter comigo pra sempre e pra te fazer feliz pra sempre também."
"Velhinhos?" Eu pergunto e não consigo segurar a risada, como o Ed consegue me fazer rir mesmo nesses momentos tão tristes? Talvez só o fato dele estar do meu lado já me deixe feliz, mas eu não estou bem ainda, e eu sei que ele também está longe de ficar bem, não sei se eu vou ficar bem de novo mais alguma vez na minha vida, juro que não estou exagerando, dentro da minha cabeça do meu coração e da minha alma, não consigo me imaginar bem de novo longe do Ed, não tem mais sentido, eu conheço ele tão bem e já estou tão acostumada a viver com ele, acho que nunca vou conseguir viver bem sem ele do meu lado.
"Foi a primeira coisa que me passou pela cabeça." ele diz sobre os velhinhos que nós poderíamos adotar se fosse isso que eu quisesse... Esse Ed é um verdadeiro doido, quem quer um velhinho assim? Tipo... Ahh estou carente quero um filho pra cuidar, ou um gato ou um cachorro... Não! Melhor mesmo é um velhinho. Dai a pessoa vai lá e adota um velhinho.
"Você é todo maluco Ed." eu digo e seco uma lágrima parada que não caiu da sua bochecha. Se eu ficar muito próxima do Ed, quer dizer se eu agir normalmente com ele, como sempre fiz, dizer que o amo e beijar ele toda hora, ele vai desconfiar que tem algo errado depois... Quando eu abandonar ele.
"Eu te amo Sof." ele diz e se aproxima para me beijar, eu não quero me esquivar dele mas sou obrigada a fazer isso, coloco minhas mãos no seu peito e o empurro levemente baixando a cabeça em seguida, confesso que estou envergonhada de mim mesma com essa atitude ridícula. O Ed não fala nada só me olha confuso e eu sou salva pela enfermeira que entra no quarto na hora em que o Ed ia falar alguma coisa.
"Olá..." ela diz sorridente, a única aqui que parece estar bem, o Ed está com uma cara de irritado, provavelmente com a minha reação.
"Oi." eu digo com uma voz rouca que não é a minha, acho que estou segurando muito choro guardado em mim.
"Acho melhor você ir embora agora." Ela diz ao Ed e meu coração aperta só de imaginar ficar aqui sozinha... Sem ele. "Ela precisa descansar hum?"
"Eu sei, mas eu pensei em..."
"Não, você não vai poder dormir aqui, apenas pode ficar no horário de visita que acabou a um bom tempo por sinal. Eu ainda dei um tempo a mais para vocês." ela diz e eu não gosto muito do jeito autoritário que ela fala com o Ed. Será que ela também foi mandada pelo diabo? Quer dizer... pelo Billy. Ahh, Billy ou diabo é tudo a mesma coisa.
O Ed se levanta da Beira da cama, claramente decepcionado, preocupado, triste... E mais um milhão de coisas deve estar passando pela cabeça dele, igual está na minha. Ele me da um beijo na testa demorado.
"Olha aqui Sofia, eu sei que você não está bem! Eu também não acredito em tudo que aconteceu hoje, mas olha aqui." ele diz e levanta meu rosto na altura do seu. "Vai ficar tudo bem!" Ele diz tão confiante que eu quase acredito no que ele diz. "E eu te amo, amo muito, nada vai separar a gente, eu sei que você está triste mas o nosso amor é maior ouviu? Ele é maior que tudo, nada pode abalar. Eu te amo!" Ele diz e eu me emociono com o jeito seguro, com a certeza que ele tem de que nosso amor é mesmo maior que tudo isso... Só que ele não é! Se fosse mesmo nada disso não ia nem acontecer, isso é tudo muito injusto com a gente, isso é muito injusto com o Ed, isso é tudo culpa minha.
Vejo o Ed ir até a porta e a enfermeira o acompanha, quando ele sai de vez junto com a mulher enviada pelo capeta (eu acho), eu desabo não consigo conter as lágrimas compulsivas que caem sem que eu faça qualquer esforço, eu tento parar de chorar, mas não consigo é mais forte que eu, isso tudo é mais forte que eu. é tudo que eu tenho feito ultimamente é isso... Chorar, muitas vezes nem pelo que aconteceu, mas sim pelo que vai acontecer.

(N.T)
Aeeeee mais um cap, que demorou porque eu estava de castigo😭 (sim eu tenho quase 16 anos e ainda fico de castigo, me julguem, ou julguem minha mãe né kk). Mas enfim meus amores está aí, tenho que confessar que eu chorei escrevendo esse capítulo, e talvez (na vdd eu tenho certeza) não está tão emocionante/chorante assim, mas é que eu escrevi ouvindo "Goodbye to you." e aquele cara cantando aquele rap lá e a voz do Ed toda calma cantando depois... Enfim me fez chorar então, se vocês puderem e quiserem leiam esse capítulo ouvindo "Ed Sheeran ft. Dat Rotten. Goodbye to you." E depois digam ai o que acharam ok? Bjs nos cores de vocês
#LOVEALL! ❤️
Só mais uma coisa...
Escrevi esse capítulo todinho na aula de geografia na escola, onde eu estou nesse exato momento (acho que quando a maioria ler eu já não vou estar mais, mas ok). Me amem por eu preferir escrever a fic do que estudar 😂😂

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