Capitulo (17)

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"Sof..." O Ed diz pela milésima vez. "Por favor meu amor me diz o que aconteceu com você."
"Você quer saber o que aconteceu? De verdade?" Eu digo e sinto aquelas raivas repentinas que eu tenho.
"É eu estou te pedindo não estou?"
"Tá bom Edward, aconteceu que você é um idiota, um grande babaca que só pensa em você mesmo." Eu digo e me arrependo um pouco... Argh, não me arrependo nada, ele não se arrepende de ter falado que foi bom o meu filho ter morrido.
"O que?" Ele diz surpreso.
"É, é isso mesmo, eu perdi meu filho ontem e você fica ai igual um idiota me perguntando o que é que aconteceu, diferente de você eu amava ele, eu amo ele, e vou continuar amando passe o tempo que for, e eu pensava que você também pensava assim, mas não! Eu fui uma burra. Você acha que eu não sei que você não ama mais o meu filho? Você é tão egoísta, você é tão... Tão... Ahh meu Deus, eu estou com tanta raiva, eu não sei o que poderia fazer agora." Eu digo e tento pensar o que poderia fazer. Chorar... Isso que eu poderia fazer chorar, porque quando eu fico feliz eu choro, quando minha vida tá uma merda, eu choro, quando eu estou querendo matar o Edward de tanta raiva, eu choro!
"O que?" Ele pergunta confuso, sem entender nada. E me aperta mais contra a parede pra mim não fugir
"Para de ficar falando "o que" toda hora, eu ouvi tudo o que você falou lá no hospital, que foi bom o meu filho ter morrido, só pra você não ter responsabilidades."
"Eu não falei isso Sofia, não assim." Ele tira os braços do meu ombro e coloca na parede, ainda não deixando eu passar.
"Não interessa Edward, você ouviu bem as suas palavras? Faz um dia que eu perdi meu filho e você tá aí, agindo normalmente, como se isso fosse mesmo normal... Meu Deus isso é loucura, você é louco!" Eu digo e umas lágrimas de agora a pouco voltam querer cair.
"Eu amo o nosso filho sim Sof."
"O MEU Filho, você não ama, e ele não é nada seu!"
"Não diga uma coisa dessas Sofia, eu ainda amo esse bebê mais que tudo."
"Você "ainda" ama ele? Que gentil da sua parte! E vai continuar amando por mais quanto tempo? Um dia? Uma semana? Ou um mês? Ahh não, um mês é muito né?" Eu digo firme, mas a verdade é que meu coração está apertado por estar brigando.
"Sof, por favor, para com isso, eu sei que você está abalada com tudo que aconteceu, mas eu não quero te ver mal, você tem que esquecer isso e seguir em frente."
"Abalada? Seguir em frente? Você não pode estar falando sério..." Eu olho pra ele e ele abaixa o olhar.
"Faz dois dias Edward, DOIS DIAS, SE VOCÊ JÁ SUPEROU ASSIM DE UM DIA PARA O OUTRO LITERALMENTE, EU NÃO! É DE UM FILHO QUE ESTAMOS FALANDO, NÃO DE UM OBJETO MATERIAL."
"Para de gritar." ele pede e se curva pra frente, pra perto de mim, ainda com as mãos na parede."
"NÃO, EU NAO VOU PARAR DE GRITAR, EU NAO QUERO PARAR DE GRITAR."
"PARA DE GRITAR SOFIA." ele grita também.
"CALA A BOCA, QUEM É VOCÊ PRA ME MANDAR PARAR DE GRITAR ED? QUEM?"
"EU SOU O SEU NAMORADO, EU ERA PAI DO SEU FILHO."
"PARA DE FALAR NO PASSADO, PARA COM ISSO."
"EU NÃO PARO SOFIA! EU NÃO PARO PORQUE ELE MORREU! A CRIANÇA QUE VOCÊ TANTO AMA MORREU, E EU NÃO QUERIA QUE ISSO TIVESSE ACONTECIDO PORQUE EU TAMBÉM AMAVA ESSE BEBÊ, MAS AGORA JÁ FOI, SE EU FOR PENSAR COMO VOCÊ EU VOU FICAR LOUCO, EU NUNCA VOU SEGUIR EM FRENTE, VOCÊ NUNCA VAI SEGUIR EM FRENTE, ADMITA ISSO SOFIA, COLOQUE NA SUA CABEÇA QUE ELE MORREU E SIGA EM FRENTE."
"NÃO FALA ASSIM DO MEU FILHO." eu grito e dou um tapa com força no peito do Ed, seguido por outro e por outro, e eu começo a chorar e a bater nele, e ele tenta segurar as minhas mãos mas não consegue por muito tempo então, ele fica parado.
"VAI BATE, BATE MAIS." ele grita e se dá uns tapas junto comigo, então eu paro, e percebo a merda que eu estou fazendo eu estou batendo no Ed, eu estou batendo nele. Eu abaixo o rosto e começo chorar enquanto ele está com a respiração ofegante e ainda com os braços me prendendo contra a parede, ele também não olha pra mim está focado na parede branca atrás de mim.
"Me solta." eu digo baixo ainda sem olhar pra ele. "me solta Ed." eu repito e dessa vez o olhando.
Ele tira as mãos da parede e me deixa passar se sentando na cama em seguida, com as mãos na cabeça ele olha para o chão. Meu coração está tão acelerado que escuto o barulho dele batendo junto com as tentativas de respirar difíceis por causa do choro. Abro o armário e tiro uma mala vermelha que tem lá, abro ela no chão e começo pegar umas roupas minhas e colocar dentro, o Ed levanta o olhar do chão para ver o que eu estou fazendo e franze a testa quando percebe que eu estou colocando minhas roupas na mala.
"Mas que merda você está fazendo?" Ele pergunta se levantando da cama e indo até a mala, tirando as poucas roupas que tinha colocado lá dentro e voltando com elas pro armário. Eu não falo nada, só pego as roupas e coloco de novo na mala, e ele pega elas de novo e coloca no armário e depois dá um chute leve na mala para sair de perto de mim.
"O que você está fazendo Sofia?"
"Edward..." eu tento falar mas sou interrompida pelo meu choro. Eu sinceramente não sei que merda é essa que eu estou fazendo. Eu penso.
"Eu vou embora." eu digo por entre as lágrimas.
"NÃO." ele grita surpreendido. "Não, por favor Sof, não, foi só uma briga por favor não vai."
"Ed... Nada, absolutamente nada nos prende mais um ao outro quer dizer, só essa casa, mas agora ela passa a ser só sua, porque eu vou embora sim, e nada que você disser vai me fazer ficar, aqui mais." Eu realmente não acredito no que eu estou fazendo, não acredito.
"Como você diz que mais nada te prende aqui Sofia? E eu? E o nosso amor? Você não vai sair daqui assim eu não vou deixar!"
"Ed... Não dificulte as coisas, eu vou sim. Agora pega essa mala pra mim." eu peço e ele nega.
"Você não vai sair daqui." ele diz e fica parado encostado na porta. Eu não ligo muito pra ele, continuo colocando minhas roupas na mala mas não aguento ficar abaixando muito, por causa da minha barriga escondida, então praticamente jogo as roupas na mala, ele percebe a minha dificuldade e abaixa no chão com as mãos estendidas esperando que eu dê minhas roupas pra ele.
"O que quer?" Eu pergunto baixo.
"Me dá aqui, só vou te ajudar."
"Não precisa." eu digo e coloco as mãos na cintura, estou cansada de abaixar.
"Me dê logo antes que eu levante daqui, desça lá em baixo tranque tudo e não deixe você ir de jeito nenhum."
"Você vai me deixar ir?" Eu pergunto um lado meu acha bom, o outro quer que ele diga que não, que nunca vai me deixar ir pra longe dele.
"Não." ele diz.
"Então porque vai me ajudar?"
"Porque você está ai, com dificuldades pra fazer uma mala." Ele diz e seca uma lágrima tão rápido pra mim não perceber que estava chorando, mas foi tarde de mais, então ele não liga e continua chorando.
"E por mais que a última coisa que eu queira, seja ver você fazendo essa maldita mala, eu não posso te deixar ai assim. Porque eu te amo Sofia, e se eu precisar sofrer, ou fazer qualquer coisa que eu não queira só pra ver você bem, eu vou fazer, infelizmente eu vou fazer, porque como eu disse, eu te amo. E eu sei que você também me ama, e eu não estou entendendo nada, não entendo por que você que você está fazendo isso, eu não quero te ver longe de mim, e me perdoa sobre o que eu falei, você não tem ideia de quanto eu amo esse..."
"Shiih, por favor, por favor não fala nada Ed." eu peço chorando também.
"Me diz Sofia, me diz por que isso? Nós já brigamos muitas, muitas vezes, mais do que da pra contar, mas você nunca fez isso, e eu não sei bem o motivo mas eu estou com uma sensação ruim, parece que eu vou te perder, e eu não quero isso, não consigo nem imaginar minha vida sem você, por favor não faz isso comigo, não faz isso com você, não faz isso com a gente Sof."
Eu não aguento mais isso! Não aguento ver ele assim.
"Ed..." eu desvio o olhar dele enquanto coloco a mala na cama e fecho ela.
"Me deixa ir." eu peço baixo, chorando e olhando pro chão, odeio parecer tão fraca assim. Mas é como mais tenho me sentindo ultimamente, fraca, vulnerável, uma verdadeira idiota.
"Não, caramba Sofia, para com isso para, você está louca, não está pensando. A gente se ama, e você não pode ir embora assim."
"Eu posso sim Ed, como eu disse nada nos prende mais um ao outro, e ninguém vive só de amor."
"Mas você me ama ainda Sofia, confessa."
"Ed... Não faz isso."
"Se você falar que não sente nada mais por mim, eu juro que te deixo ir, eu te deixo ir agora mesmo, mas fala em voz alta que não me ama Sofia, fala." ele vem até mim e me prende de novo contra a parede.
"Para com isso Edward." eu peço. Eu não quero voltar a chorar, não mais.
"Para você de mentir pra você mesma. Fala logo Sofia, diz que não me ama."
Eu não consigo fazer isso, não vou conseguir de jeito nenhum, falar uma coisa dessas.
"Eu sabia." ele diz e tira uma mão da parede, mas eu não saio de perto dele, eu fico ali olhando pra ele tentando criar coragem de falar o que eu preciso falar se eu quiser ir embora, o problema é que eu não quero falar, e muito menos ir embora."
"E-eu... Eu." eu tento falar e sai tão baixo, o Ed se surpreende com as minhas palavras, e não deixa eu terminar de falar.
"Não, não fala nada, eu sei que você não quer fazer isso."
"Não você! Eu quero fazer isso sim. Se é isso que você tanto quer... Então eu falo. Eu. Não. Te. Amo! Tá feliz? Era isso que você queria ouvir? Então tá, já ouviu! Quer que eu repita? EU NÃO TE AMO." Eu digo e não acredito que fiz isso, na minha mente agora está passando todo tipo de xingamentos existentes para mim.
O Ed fica quieto me encarando por muito tempo, e eu não consigo fixar o olhar nele, só desviar daquele olhar azul olhando dentro dos meus olhos negros sem graça.
"Eu não sei por que você quer tanto ir embora, mas eu não vou te impedir, pode ir Sofia, mas fica sabendo que eu não acreditei em uma só palavra do que você disse, nosso amor é maior que isso, ele é maior que essas palavras, e eu não vou te forçar a nada, só queria que você parasse de mentir, porque você não está mentindo pra mim, está mentindo pra você mesma, dentro de você, você sabe que eu te amo e que você me ama, mas você prefere continuar com essa história absurda." ele diz e vira as costas pra mim.
"Tchau Ed." é a única coisa que eu consigo dizer, enquanto pego a mala pesada na cama e coloco no chão.
E quando eu penso que está tudo absolutamente acabado, o Ed me surpreende me dando o mais avassalador beijo, que eu tento recusar com todas as minhas forças, eu bato nele, mas ele não liga, eu tento me tirar dali, porque eu sei que se eu continuar com isso, não vou embora dessa casa, mas ele me segura na nuca firmemente, de um jeito que eu nunca conseguiria me soltar. Mas a verdade é que eu preciso tanto disso, então eu paro de lutar contra ele, e concentro toda a raiva e tristeza que estou sentindo nesse beijo, concentro todas as minhas forças nesse beijo, é como se tudo no mundo parasse e só restasse eu e ele ali, eu sinto a raiva dele também, sinto no jeito que ele movimenta a língua com tanta firmeza, ele nunca me beijou assim, e quando termina de vez ele me encara, e nesses segundos de silêncio, a gente se conecta e eu sei que ele sabe que eu amo ele, e eu sei que ele nunca vai entender porque eu estou fazendo isso.
Mas o que importa é todo sentimento que ele sente por mim, e que eu sinto por ele e pelo meu mini Ed que está aqui dentro de mim.
Esse último beijo me deu forças pra continuar.
Então eu finalmente desvio meu olhar do dele e desço as escadas. Ainda penso em falar algo, mas pra que estragar mais as coisas com palavras horríveis?
Quando saio do apartamento sem olhar pra trás entro no elevador e sinto meu filho chutar, passo a mão na minha barriga, e penso nele, não vejo a hora de ver seu rostinho logo.
"Eu te amo meu amor." eu digo baixinho pra ele e o sinto chutar de novo.
Pego meu celular na bolsa, assim que saio para a rua e me preparo para encarar o meu atual maior desafio.
Ligar para o meu pai.

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