Capítulo (37)

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Me levanto da cama sem fazer barulhos  e deixo o Ed dormindo.
Dou um selinho na sua boca, e depois outro e outro, com muito cuidado para não acordar. É difícil resistir a essa boquinha quando ela está tão quieta parece até que está realmente esperando para ser beijada. O Ed é o meu belo adormecido. Eu dou risada com esse pensamento.
Já é de madrugada e depois do conforto que ele me deu quando disse pra ele sobre os meus sonhos eu finalmente consegui dormir em paz, mas agora a Lou começou chorar então eu acordei para vir acalmá-la.
"Pronto filha..." Eu a pego no colo quando chego no seu quarto e vou em direção a sala.
"Pronto meu amor..." digo com a voz doce me sentando no sofá com ela e balançando calmamente seu corpinho.
"Não precisa mais chorar, a sua mamãe está aqui." Digo e dou um beijinho na sua pequena mão que se debate em meu colo.
Começo tentar a tática de cantar pra ela igual o Ed faz mas não resolve, ela não para de chorar.
"Meu Deus do céu, não vou aguentar outra noite assim." Digo já imaginando que vou ficar a noite toda acordada com ela. "Acho que vou ser obrigada acordar o seu pai." Digo quando tento fazer ela mamar mas ela não aceita de jeito nenhum.
"O que foi meu amor? Você não está suja, não está com fome, porque não quer dormir se você ficou a tarde toda acordada?" Eu balanço ela cada vez mais mas ela não para de chorar em nenhum momento.
Começo imaginar se ela não pode estar com dor.
"Tem alguma coisa doendo meu amor?" Pergunto e ela se contorce cada vez mais nos meus braços chorando e se debatendo e eu já sei que estou mesmo certa.
Coloco a mão na sua barriguinha e ela chora mais alto.
"Sua barriguinha está doendo?" Pergunto preocupada, também estou com vontade de chorar de ver minha filha assim.
Então olho em direção às escadas e vejo o Ed descendo.
"Ela não quer dormir?" Ele pergunta vindo em minha direção e estende os braços para que eu passe a Louise pra ele.
"Acho que ela está com dor, não sei mais o que fazer." Digo chorando. "Eu não queria te acordar... você passou o dia e a madrugada inteira acordado ontem, e hoje que pode dormir... eu não consigo fazer a Lou parar de chorar, só você é bom nisso, eu sou uma mãe incompetente parece até que ela não gosta de mim, ela só se acalma com você e vocês são tão grudados, eu vejo quando vocês estão juntos o jeitinho que ela fica, ela te ama Ed, e eu me sinto tão... tão..." eu continuo falando sem parar e chorando ao mesmo tempo. "Me desculpa eu não queria te acordar mas você tem que me ajudar, ela tá sentindo dor e eu não consigo fazer nada." Digo desesperada e enfim passo ela para o seu colo.
"Sofia..." Ele tenta falar mas eu o interrompo.
"Não Ed, eu não sou uma boa mãe, sou uma incompetente, estou com tanta raiva de mim." Eu soluço e vou para o quarto deixando minha filha chorando no colo do seu pai.
Eu sou uma covarde idiota, chorando sozinha enquanto minha filha está com dor.
Fico sentada na cama ouvindo o choro da Louise e me sentindo uma desnaturada, eu sei que ela está com dor na barriga, mas eu estou com dor no coração.
Tenho tanto medo disso não durar muito tempo, penso que a qualquer momento o Ed vai se cansar disso tudo, e o que eu vou fazer?
Eu o amo tanto, tenho tanto medo de perdê-lo, sem falar na minha filha, o amor que eu sinto por ela é uma coisa tão inexplicável, eu sinto medo e vontade de chorar só de imaginar que algo ruim possa acontecer com ela, odeio esse mundo e odeio ter que viver cheia de inseguranças, eu não tenho um emprego, tenho uma bebê recém nascida, um louco querendo se vingar de mim e do Ed e a insegurança do Ed não aguentar mais essa vida e fugir a qualquer momento.
E enquanto tudo isso se passa pela minha cabeça minha filha chora na sala com dor e nem mesmo isso eu posso resolver.
Eu sou uma mãe horrível, uma mulher horrível, como eu posso ser tão incompetente?
Continuo chorando na cama, como se eu fosse o bebê, o barulho lá em baixo para, eu estranho o silêncio repentino e fico triste e aliviada, agora o Ed vai voltar pro quarto, vai dormir e amanhã vai pro estúdio passar o dia todo lá, quando chegar em casa vai ficar só por algumas horas e depois vai fazer três shows em uma noite.
E eu ainda faço ele acordar no meio da madrugada da sua folga pra fazer algo como acabar com uma cólica da Louise...
Quando ele chega ele me vê deitada soluçando e encolhida, então fica parado no pé da cama me olhando.
"Sofia..." ele me chama e sua voz está embargada de preocupação.
Eu olho pra ele com vergonha seco minhas lágrimas e dou espaço para que ele possa se deitar do meu lado.
"Olha aqui." Ele diz puxando meu rosto pra ele, eu deito minha cabeça no seu peito e choro ali molhando a sua camisa do pijama.
"Sofia para com isso..." ele diz e faz carinhos no meu cabelo.
"Eu sou horrível." Eu digo de um jeito meio confuso por causa das lágrimas e da minha voz se abafar pelo seu peito.
"Ela está bem, ela está dormindo como um anjinho, não está mais com dor."
"Mas eu não presto pra nada, não consigo nunca acalmar ela como você  consegue Ed, a verdade é que ela não precisa de mim, só de você, se eu morrer hoje não vai fazer a menor diferença."
"Nunca mais diga uma coisa dessas." Ele se senta bruscamente e me olha sério.
"Você não pode ficar se culpando desse jeito, Sofia, ela é sua filha e ela te ama, e eu também amo, e nós precisamos de você, e ela tinha poucos dias de vida mas sentiu a sua falta naquele tempo que você ficou fora."
"Como você sabe Ed?" Pergunto incrédula.
"Ela sentiu e ponto! Sofia vocês duas tem um vínculo muito grande, muito maior do que eu e ela, você carregou ela por nove meses, conversou com ela e a amou, e eu nem mesmo sabia de sua existência, eu fiquei seis meses sem ver você e perdi toda a sua gravidez, você não acha justo eu querer agora ficar com ela e cuidar dela?"
"Mas você deveria estar dormindo, geralmente as mães que acalmam seus filhos de madrugada, só eu que não consigo isso, sem falar que você está cansado, ficou acordado à noite passada toda e agora está aqui me consolando porque eu sou uma idiota fraca."
"Não!" Ele diz sério. "Por acaso você engravidou sozinha Sofia?"
"Não mas..."
"Então pronto, nós fizemos ela juntos e ela é tão sua quanto minha, se eu estou acordado agora com você é porque você é minha mulher e eu te amo, e amo a minha filha, eu fiquei acordado à noite inteira fazendo show e você ficou acordada a noite inteira com a nossa filha. Nós estamos juntos nessa vida e se você não parar de se culpar, e ficar fazendo tanto drama nada vai pra frente!"
"Eu não estou fazendo drama Ed, você que não aceita a realidade."
"Eu não aceito a realidade? Merda Sofia, você que está dizendo que é uma mãe ruim e que a culpa é toda sua, para com isso, você não vê que a culpa não é de ninguém porque não existe culpa? A Louise nasceu nós somos felizes e vamos cuidar dela juntos, não entendo porque exatamente agora você está assim, eu não vou fugir nem te abandonar e nada de ruim vai acontecer, será que alguma vez na vida você não pode acreditar em mim e parar de fazer merda?"
"Fazer merda Edward, é sério?"
"Sim, é muito sério. Se você quer saber eu estou mesmo cansado! Mas não estou cansado da Louise e nem dos shows, estou cansado do seu pessimismo da sua insegurança e das suas escolhas erradas. Se desde o início você tivesse preferido me contar tudo ao invés de fugir grávida da minha filha tudo estaria diferente agora!"
Quando ele diz isso é o fim. Um tiro no meu peito não teria doído mais do que ouvir essas palavras.
Eu me seguro pra não chorar mais, e então pego, seu travesseiro e jogo bem  na sua cara.
"Se você me acha tão burra assim vai embora logo de uma vez! A verdade é que você é sempre tão calmo e acha que todos ao seu redor são bons, você acha que eu fui uma idiota por escolher não te contar mas a culpa não é minha de tudo o que aconteceu, se você nunca tivesse contratado aquele bandido pra trabalhar com você nada disso nunca ia acontecer."
Eu choro e continuo jogando lençóis e travesseiros nele.
"Vai embora! Eu não te quero aqui, você me odeia!" Eu coloco as mãos no rosto e continuo chorando baixo.
Ele pega um travesseiro e um lençol do chão e simplesmente diz.
"Só que eu não tenho bola de cristal pra saber o que ia acontecer no futuro!
Eu vou dormir na sala e amanhã quando tudo estiver mais calmo a gente resolve as coisas."
Ele fecha a porta e eu o escuto descer as escadas.
Então eu desabo de tanto chorar.
Como ele pode dizer que a culpa foi minha? Eu estava tentando proteger ele e a minha filha, queria que fosse ele no meu lugar, gostaria de saber qual teria sido a escolha dele e se ele me julgaria se caso eu fizesse algo diferente e estragasse tudo.
Como a gente consegue brigar desse jeito depois de tudo que fizemos umas horas antes? Por que o Ed está sendo tão insensível comigo? Eu sou mesmo uma idiota e estraguei tudo?
Mil perguntas se passam na minha cabeça enquanto eu quase caio no sono, e quando eu enfim durmo minha cabeça viaja pra um lugar bom onde nós nos amamos sem nunca brigar, mas eu abro os olhos e vejo que nada é verdade, então vejo como estou arrependida por ter dito aquelas coisas porque agora eu só consigo sentir uma coisa.
Saudade!

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