5. O monstro atrás da porta pt. 2

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Dina acenou em sinal de "tchau" enquanto cobria a boca para rir. Demétrio também sorriu e mandou beijinhos para ela. A jovem corou, sentiu-se muito constrangida. Não era de hoje que o Santo Demétrio dava cantadas nela.

— Qual o seu problema, Demétrio? — Kronet indagou, enquanto seguiam pelo pórtico do alcácer. — Por que deu bola para ela? Eu acho essa história de monstro pouco convincente, você acha mesmo que...

— Ei, espera — Demétrio disse, colocando a mão esquerda sobre o ombro do irmão na intenção de chamar sua atenção para si. Kronet então se virou para trás e perguntou:

— Que foi?

— O quarto da Arântola — apontou com a cabeça para o lado esquerdo.

Kronet olhou para a direção da porta. Estavam a poucos passos da maçaneta.

— Você acha realmente que tem um monstro aí? — indagou cruzando os braços.

— Não sei, que tal perguntarmos para ela?

— Não, eu não vou passar essa vergonha — Kronet refutou, e deu dois tapões no ombro de Demétrio dizendo: — Fala com ela você. Não me leve a mal, mas eu tenho muitas tarefas para cumprir. Até mais — sorriu e seguiu pelo pórtico, deixando Demétrio sozinho.

O Deus da Colheita não disse nada, apenas respirou fundo e caminhou em direção à porta do quarto da irmã. E então, com educação, bateu na porta.

— Quem é? — ouviu uma voz lá de dentro perguntar.

— Sou eu, Arân, posso entrar?

— Espera, um pouquinho, por favor? — ela disse.

— Claro — ele respondeu e um silêncio se fez, ao menos do lado em que ele estava. Do lado dela, porém, ouvia-se barulhos de madeira se arrastando e também pancadas de portas e gavetas se fechando. Demétrio encostou-se com a cara na porta e tentou ouvir algo que pudesse ser um som fora do comum, porém, dali só se ouvia o ranger da madeira. Alguns minutos se passaram, e ele começou a ficar ansioso. Isso, até o momento em que a maçaneta começou a girar. Quando percebeu que a porta se abriria, ele se afastou. E logo mais avistou no vão da porta o rosto pálido de Arântola.

— Sobre o que você quer conversar? — ela perguntou.

— Posso entrar?

Essa pergunta a deixou um tanto desconfortável, mas mesmo assim, assentiu. Então esticou o braço e empurrou a porta, abrindo o campo de visão para o interior de seus aposentos. A jovem pálida de cabelos escuros como o carvão afastou-se, dando passagem para que o irmão entrasse.

— Entra — ela disse em tom de comando.

Ele então entrou e observou que não havia nada de errado com o quarto. Havia uma vitrola ao lado direito sobre uma mesa de vidro. Na parede lateral direita estavam as prateleiras embutidas nas paredes onde havia livros de todos os gêneros, desde física quântica até mesmo aos livros de anatomia. Todos em capa de couro e bem encadernados. Havia um ou outro espalhado pelo carpete preto, mas nada que pudesse ser considerado estranho.

As paredes eram de uma pintura fosca na tonalidade azul prateado. Próximo às prateleiras, haviam algumas estatuetas prontas e outras em produção. Em sua maioria, eram estátuas de diferentes espécimes de aranha. Dava para ver que ela era fissurada por esses aracnídeos. À esquerda da parede em que a porta ficava, havia um armário. E na parede oposta às prateleiras de livros ficava a cama, algumas poltronas e uma cômoda. Até então, nada de monstro. Parecia tudo normal para Demétrio.

Kronedon - O Ciclo Ancestral [1° Livro Da Saga Ancestral]Onde histórias criam vida. Descubra agora