Antes de tudo, ganhar forma, o universo que conhecemos naufragava em um oceano de escuridão e caos. Mas tudo mudou quando um ser cósmico conhecido como Cron surgiu. Ninguém nunca soube a origem dele. Contudo, o que ele trouxe consigo mudou o destino das futuras eras que viriam a seguir. A começar pelo universo, que num estalar de dedos, se formou em meio ao caos. E junto a ele, nasceram os três mundos: Séuthea, Érebro e Sóya. Érebro era o Mundo dos Mortos, Séuthea o Mundo dos Homens e Sóya o Mundo dos Deuses.
Assim que os três mundos se formaram, aquele ser misterioso desceu dos céus e pousou sobre Sóya. Que era como um continente sobre as águas, porém nos céus. Ele era o único mundo inacessível para os humanos e demônios. Os demais eram compartilhados entre todos os seres. Lá de cima, ele pôde ver a face do mundo por completo, assim como sentia a presença das entidades que pisavam em Sóya. Eram centenas de auras atrás de si; elas carregavam uma energia leve e pura como a de uma virgem. E foi delas que nasceram os anjos que se curvaram perante ele.
Outras energias se aproximaram. Eram auras quentes e alaranjadas, e delas nasceram os 12 Magos Imperiais, que fizeram reverência ao Soberano. Mas eles não eram magos como o Merlim. A verdade é que eles eram bem sombrios. Seus rostos eram cobertos por máscaras escuras, o que impossibilitava uma visão clara de suas faces. E para complementar o mistério sobre suas reais aparências, eles ainda usavam um capuz preto e luvas, que cobriam completamente a pele deles. Pele essa cuja cor ninguém nunca soube. Deles, só enxergavam-se os olhos, e foi somente os olhos deles que conheci.
Os Magos, porém, não foram os únicos a reverenciar o Soberano. Seres de aura cinzenta também surgiram, dando origem a entidades denominadas de Deuses Antigos. Eles, assim como os Magos, eram as entidades betas e estavam ali para servir os Deuses Alfas, que ainda haviam de nascer. Os Antigos, na sua maioria, eram divindades que controlavam o mundo inverso, em outras palavras, a terra dos sonhos. Local por onde os seres adormecidos vagam pela madrugada. Apesar de serem da classe beta, os Antigos não usavam máscaras como os Magos. Sim, eles tinham a mesma estrutura corporal humana, como outros betas, porém possuíam o corpo coberto por penas e asas que se ligavam aos braços. Sobre suas cabeças, usavam elmos com o formato de diferentes aves, como águias, corujas e falcões.
Só que aquelas auras que se curvaram perante ele não eram as únicas. Havia outras espalhadas por todo o domínio de Sóya, cada uma com suas particularidades. Cron, a todo momento, se manteve de costas para eles e assim permaneceu enquanto as auras Alfas surgiam ao seu lado. Elas eram as maiores e mais poderosas. Uma delas era de cor dourada e tinha o perfume de rosas. Já a outra era sombria, com energias pesadas e negativas. Essas duas luzes distintas brilharam uma de cada lado do Fundador até o momento em que assumiram suas formas. Quando isso aconteceu, um estalo de trovão e uma forte luz cruzaram os céus, acompanhados de uma ventania que chiava entre as cerejeiras rosadas, formando leves redemoinhos nas folhagens sobre a grama.
A aura dourada deu origem a uma divindade em forma de mulher. Ela era pálida, com cabelos platinados da raiz às pontas. Eram tão lisos e macios que dava vontade de acariciar. Ela tinha o nariz arrebitado e seus olhos eram azuis como o cobalto. E usufruía de um belo traje, sendo suas vestes um vestido rendado de cor branca, com lindos detalhes semelhantes a ramos dourados.
Por outro lado, da aura sombria, nasceu um ser em forma de homem. Ele tinha longos cabelos negros que batiam no meio de suas costas. E assim como a mulher, seus cabelos eram lisos e sedosos. Contudo, seus olhos eram muito diferentes dos dela. Sendo os do Alfa totalmente brancos, se mesclando homogeneamente com suas escleróticas, como se fossem um só. Sem sobrancelhas e muito pálido, ele parecia não ter uma alma. Mas naquela época, ainda era cedo demais para julgar seu caráter.
Com respeito, os Alfas se aproximaram do abismo e apreciaram o mundo que lhes foi dado. A divindade feminina recebeu o nome de Ayumi, e a entidade masculina de Hideki.
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Kronedon - O Ciclo Ancestral [1° Livro Da Saga Ancestral]
RomanceAyumi é uma deusa bondosa e muito poderosa, que vê sua vida ser abalada após selar um acordo com um fantasma de seu passado que não lhe deixou alternativa a não ser aceitar. Entre as condições do acordo estava a de ser mãe dos filhos de seu pior ini...