Atualmente.
MALVADO
A sexta feira iniciou-se quieta, sem o menor clima de festa. Desde que tivemos duas invasões seguidas em um curto período de tempo, os dias tem sido apreensivos.
A polícia não consegue cair aqui dentro, e como já previsto, desde que recebi a notícia de que uma mulher vai tomar o posto do verme do comandante, tive a confirmação de que outra invasão estava para acontecer. E dessa vez, segundo informantes, parece que vai ser pra valer.
Eles querem tomar o controle, mas não vou deixar isso acontecer.
Na primeira invasão que aconteceu não perdemos nada material, mas infelizmente algumas vidas foram levadas. Poucas, mas eram vidas. Fui ingênuo em achar que a polícia não iria cair aqui dentro de novo, confiei demais em palavras, e já que nunca havia acontecido algo assim antes, relaxei.
A segunda invasão me pegou de surpresa, e a consequência do meu descuido foi mais pessoas mortas. Dentre elas inocentes.
Pensar nisso me faz ter raiva de mim mesmo. Raiva da minha irresponsabilidade. Mas também me faz odiar aqueles informantes filhos da puta.
Na primeira invasão eu procurei saber que merda havia acontecido, por que merda não me avisaram sobre a invasão, essa era a função daqueles filhos da puta. Me enganaram duas vezes, e eu fui cego em acreditar. Mas eles irão pagar. Assim que essa situação se tranquilizar os miseráveis vão pagar.
Desde então, venho tomando todo cuidado redobrado e possível. Arranjei, rápido, por sorte, novos informantes dentro da polícia. Fui informado sobre o planejamento da terceira invasão e sobre os planos que a policia tinha em contratar um novo comandante. Ou melhor, uma nova comandante.
Fui eu quem mandei vazar essa informação pra mídia. Meu intuito foi desestabilizar os filhos da puta, e segundo os informantes, funcionou. Mas infelizmente eles não tem acesso a tantas informações como os antigos filhos da puta que antes faziam essa função, tinham.
Cerro a mão em um punho, estressado, jogando as costas na cadeira. Fecho os olhos aproveitando o momento de tranquilidade que não dura muito. Ouço o radinho sobre a mesa, apitar, e o pego endireito minha postura.
— Solta a voz. — Ordeno.
— Ai Patrão, têm um cara aqui em baixo pedindo para falar contigo. — Escutei a voz do olheiro sair do radinho.
— Qual é a dele? — Pergunto, atento.
— Disse que é só contigo, tem cara de ser da zona sul. — Diz, me deixando intrigado.
Fico pensativo por alguns segundos, antes de responder.
— Revista ele e manda um vapor trazer aqui.
— Pode deixar.
Desligo o radinho, intrigado. O que um playboy da zona sul quer comigo, além de maconha? Normalmente esses moleques cola aqui apenas para pegar droga e vazar falando mal. Um bando de filhinho de papai fudido.
Me revolto porquê eu sei o julgamento que a gente sofre da burguesia, mas no final eles não são nenhum pouco diferentes da gente que está no corre. Fala, fala, mas no final acaba fazendo igual. Irônico pra caralho.
Escutei duas batidas na porta e com uma última cheirada, limpei o restante do pó que estava sobre mesa. Jogo a cabeça para trás, fechando as mãos punhos quando sinto o nariz coçar. Respiro pela boca voltando minha atenção para porta.
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Erro Perigoso
RomanceQuando uma oficial da polícia é convocada para assumir o comando de uma nova missão, sua primeira providência é mudar-se para o novo local. No entanto, em meio ao caos do serviço, ser sequestrada, após ser confundida com um outro oficial, não estava...