[03] INFORMAÇÕES

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Semanas atrás.

LEAL

Desperto sentindo uma dor fodida na cabeça. Aos poucos as lembranças da noite de ontem me atingem me fazendo abrir os olhos e notar que estou no quarto, que fica nos fundos do galpão.

Tento recordar de como cheguei até aqui, mas nada vem a mente.

— Você acordou.

Ouço e imediatamente olho para o lado, avistando a mulher com quem troquei olhares assim que cheguei no baile de ontem. Merda.

Tento lembrar de como ela veio parar aqui comigo. Mesmo sabendo que é impossível. Depois de ter bebido e fumado a noite inteira, é difícil lembrar de qualquer coisa que aconteceu ontem.

— Pensei que iria precisar te acordar. Garanto que você iria amar o que eu poderia ter feito com minha boca. — Diz cheia de segundas intenções, desenhando e arranhando meu peito com a ponta fina da unha.

Minha pele arrepia, mas não respondo nada. Apenas afasto a mão da mulher do meu corpo, e levanto do colchão, começando a vestir minhas roupas que estão jogadas sobre o chão grosso de cimento.

— Não vai falar comigo? — Pergunta.

Pela maneira livre e sem medo de falar com minha pessoa, já estou ciente que ela não me conhece. Com certeza deve ser do asfalto. Nenhuma mulher da comunidade estaria calma após acordar e perceber que dormiu ao meu lado. Não se a mulher estiver ciente dos boatos.

Uma certa vez eu matei uma das únicas mulheres com quem fodi e dormi, muitos acham que esse é o motivo pelo qual a matei. Coisa que não faz o menor sentido. O motivo de eu ter matado Vitória é totalmente diferente do que pensam. Ela era do movimento e pediu pra morrer quando errou com a gente.

Ignoro a mulher e agacho para pegar minha arma, radinho, isqueiro e maço de cigarro, que se encontram jogados ao lado do colchão em que eu dormia. Após pegar tudo e guardar, estou prestes a sair do cômodo quando sinto a mão feminina envolver meu pulso.

— Não vai mesmo falar comigo? — Insiste, parecendo chateada.

Encaro a morena e respiro fundo para não perder a paciência que já não tenho no momento.

Não gosto de dormir com quem não conheço, e não me importo se é prostituta ou qualquer outra. Se eu não quero que fique mando embora. Nada contra nenhuma das mulheres com quem costumo foder, isso é apenas coisa minha.

— Quer que eu fale o que? Que eu te agradeça pela foda que eu não lembro?  — Ironizo.

Nossa — A morena murmura e larga meu braço, parecendo ofendida com o que eu disse. — Um bom dia seria bom.

Ajusto a arma na cintura, com as sobrancelhas franzidas.

— Tá carente, porra?

— Não, eu não estou carente. — Revira os olhos. — Mas não custa nada ser educado. Se bem que não posso exigir educação de vocês que moram nesses lugares. Apenas achei que você fosse diferente por ser igual eu, mas vejo que é igual os outros. — Suspira. — Me enganei feio.

Observo a mulher começar a catar suas roupas do chão, confuso com o que ela falou.

— Tá querendo dizer o que com isso? — Pergunto, não gostando nada disso.

— Com isso o que? — Questiona, vestindo a calcinha.

— O que você falou. Sobre nós ser igual.

Erro PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora