[08] NOTÍCIA

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Ainda no dia da invasão.

LEAL

Saí da sala às pressas, correndo para o corro que está estacionado em frente a boca, o mesmo carro que vinhemos conferir o coronel, ou melhor, coroneia. Porra, isso me pegou desprevenido pra caralho.

Mas com isso nos preocupamos depois. A informação que foi passada pelo radinho, não sai da minha cabeça. A preocupação tomou conta de mim, e malvado que acabou de sentar no banco do passageiro, não se encontra diferente.

Sei que ele, assim como eu, está com medo do que algo sério pode ter acontecido com nossa coroa. Mas eu peço a Deus, à cada segundo que se passa, para que ela fique bem.

Onde vocês estão? Malvado pergunta com o rádinho, próximo a boca.

— Trouxe ela pra casa dela. Tamo aqui. — Ouço o homem responder.

No mesmo instante dou partida no carro. Piso fundo no acelerador, saindo de frente da boca de fumo, em alta velocidade.

A favela ainda se encontra em estado de caos. A invasão causou e deixou muita desgraça para trás. O cenário não é um dos piores, mas também não é dos melhores.

Dirigi feito um louco, subi o morro às pressas, mas com um certo cuidado, mesmo que minha cabeça não esteja no lugar depois da notícia. Não quero machucar mais ninguém, já basta o tanto de desgraça que tivemos hoje.

Não demorei a estacionar o carro em frente a casa da coroa. É nesse momento que agradeço pela teimosia dela de não querer morar, como ela diz: na casa do caralho distante.

Desço do carro com a mesma pressa que entrei no veículo, e corro até a casa, com Malvado me acompanhando meio torto pelo ferimento no abdômen.

Quando abro a porta da casa, logo busco a mulher com o olhar. Lhe encontro sentada no sofá, e fico aliviado por vê-la consciente. Solto o ar que nem notei ter prendido, sentindo a mão do Malvado apertar meu ombro.

Assim que a mais velha percebe que a porta foi aberta, sobressalta do sofá, e é quando ela faz isso, que eu noto o curativo desleixado envolvendo sua perna.

— Graças a Deus meus filhos. — Dona Vera fala, com a voz embargada de alívio.

Ergo meu olhar para seu rosto que é banhado por lágrimas, indo imediatamente à seu encontro. Assim que a mais velha está frente a frente comigo, se joga em meus braços, me apertando nos seus, desesperada.

— Fica tranquila, nós tá bem, coroa. — Tento lhe tranquilizar.

— Eu fiquei com tanto medo de perder vocês, meus filhos. — Diz chorosa, me largando e já agarrando o Malvado que já está ao meu lado.

— Porra. — Malvado xinga entre dentes, chiando de dor.

Dona Vera no mesmo instante lhe solta com preocupação, examinando o Malvado de cima abaixo, até que encontrar o problema tapado por um curativo de gases, ataduras e esparadrapos.

Os olhos da mais velha se arregalam e ela dá um passo para trás com a mão no peito.

— Deus do céu, Mateus. O que é isso?!

— Nada demais, coroa. — Tenta tranquilizar, com a respiração meio pesada.

— Como nada de mais, Mateus? Olha... olha su...

— Calma, coroa. Ele já foi no postinho, o doutor disse que ele tá suave. — Lhe corto ao perceber que ela está ficando nervosa demais.

Coloco minhas mãos em seus ombros, guiando a mais velha, que até tenta protestar, mas nada além da respiração ofegante saí da sua boca. Seu peito sobe e desce rápido, me deixando preocupado.

Erro PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora