MALVADO
— Já pensou o que vai em fazer com ela? — Ouço Leal perguntar, de repente.
Ergo meu olhar para si, lhe encarando duvidoso. Levo alguns segundos para entender sobre quem ele está falando, porém, quando entendo que é sobre a coroneia, seriedade sobe a mente.
A maneira que a pergunta foi feita e saiu de sua boca, me deixa com uma puga atrás da orelha. E eu nem entendo o porquê disso. Confio a Leal minha vida, mas esse seu interesse na situação da mulher... não sei.
Não sei o que pensar.
— Na televisão já estão dando ela como morta. — Comento, cruzando os braços sobre o peito.
As reportagens desde o dia da invasão são sobre a ausência da coroneia e como a polícia estava quieta. Foram várias teorias criadas nos últimos dias, e o ápice para os jornalistas foi uma notícia vazada, sobre a coroneia não ter saído viva da favela da rocinha.
— E pra piorar os vermes se negam a dar informações para imprensa. — Leal, completa.
— Já era esperado que isso acontecesse.
— Acha que eles sabem que ela tá viva? — Pergunta, sério. Sei que se refere a polícia.
— Não sei. — Sou sincero. — Se suspeitam logo vão mandar recado. Vamos aguardar.
Termino de falar e o silêncio domina a sala. Leal fica quieto, mas noto a inquietude que se instala em si com poucos segundos pensativo. O conheço bem o suficiente para saber que há algo que ele quer falar.
— Fala. — Mando.
— O quê? — Me encara, confuso.
— O que tu quer perguntar.
— Ah... — Passa a língua entre os lábios. — E quando ela acordar? O que vai fazer? Não dá pra manter ela aqui na boca pra sempre.
É minha vez de ficar pensativo. Meus planos para mulher ainda são inexistentes. Mas Leal tem razão, depois do descaso que descobri existir ontem, não dá para deixar a coroneia aqui na boca. É arriscar demais.
— Vou prender ela em alguma casa pelo morro. — Respondo. Pelo menos, até decidir se vou matá-la ou não.
— É — Pausou, parecendo raciocinar. — Isso é melhor. Tem alguma notícia dela?
— Nada.
Ontem, depois que soubemos o estado da coroneia, tivemos que resolver algumas situações. E como não sou bobo nem nada, mandei um soldado vigiar o postinho, caso a mulher tente alguma merda quando acordar.
Quero me manter informado de tudo o que acontecer.
— Tenho que voltar pro morro. — Leal avisa, me fazendo franzir as sobrancelhas.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, nada. Tenho algumas coisas pra resolver.
Penso em perguntar sobre, mas minha atenção é atraída quando a porta da sala é aberta, revelando o Baixada, que entra na sala e se joga no sofá de canto.
— Folgado do caralho — Digo, lhe fazendo rir.
— Sempre, meu compadre. — Responde com um sorriso convencido, antes de encarar Leal com diversão. — Lealzinho, Lealzinho, tá bem, irmão?
— O que tu quer? — Leal lhe encara.
— Nada, nada. Vai me dizer que não tá sabendo dá fofoca?
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Erro Perigoso
RomanceQuando uma oficial da polícia é convocada para assumir o comando de uma nova missão, sua primeira providência é mudar-se para o novo local. No entanto, em meio ao caos do serviço, ser sequestrada, após ser confundida com um outro oficial, não estava...