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MERLIA

O braço de Charles rodeava minha cintura, sua respiração batia contra a minha nuca e nossas pernas estavam entrelaçadas uma nas outras.

Ele dormia calmamente enquanto eu acariciava seu rosto, tão calmo que eu podia ficar horas admirando sua beleza, que eu não cansaria.

Um sorriso surgiu em meus lábios enquanto flashes da noite passada voltavam aos poucos. É oficial, Charles Leclerc está mexendo comigo ao extremo.

Isso nunca havia acontecido antes e era bom. Muito bom.

- Você sabe que isso é estranho, não é? - ele disse ainda de olhos fechados, me dando um leve susto.

- Você sabe que assustar as pessoas não é legal, certo? - retruquei e enfim seus olhos se abriram.

Ele apenas sorriu e esticou o pescoço até alcançar meus lábios.

- Espera. - o afastei. - Eu não escovei o dente ainda.

- Eu não ligo. - tentou me beijar novamente, mas eu o empurrei.

- Mas eu ligo.

Ele revirou os olhos.

- Você realmente é uma princesa; fresca e mesquinha. - murmurou.

- Como é? - Charles riu. Eu joguei um travesseiro nele. - Idiota.

Pensei que ele retribuiria a provocação, mas ao invés disso, ele me puxou e me fez sentar em seu colo.

- Você tá se comportando muito mal, sabia? - sorriu malicioso e segurou meus pulsos.

- E o que você vai fazer? - mordi o lóbulo da sua orelha, em forma de provocação.

- Eu tenho algumas ideias. - por fim, ele juntou seus lábios aos meus. Dessa vez eu não relutei.

Estávamos tão entretidos um no outro, que só nos afastamos quando um toque de celular nos chamou à atenção.

Leclerc bufou.

- Que droga. - resmunguei me esticando para pegar o aparelho na mesinha ao lado da cama.

- Quem é?

- É minha mãe. - encarei a tela, até que finalmente parou de tocar. - Eu falo com ela depois.

- Você devia ligar pra ela. Deve tá preocupada com você.

Minha mãe adorava o Charles, tratava ele com um filho, mas ele sabia que comigo as coisas eram diferentes. Ele, melhor do que ninguém, sabia dos problemas que eu tinha com ela.

- Ela não se preocupa comigo. - desliguei o telefone e o joguei na cama.

- Merlia.... - ele me olhou com repreensão.

- Não vamos falar sobre isso, tá bom? - pedi. - Por favor.

Ele suspirou derrotado.

- Tudo bem. Não vamos falar sobre isso. - eu sorri agradecida.

- Ótimo. Agora, eu vou tomar um banho. - sai de cima do seu colo e comecei a pegar minhas roupas espalhadas pelo chão.

- Eu posso ir junto?

- Você pode pedir alguma coisa pra gente comer, o que acha? - deixei um selinho nos seus lábios e me afastei rapidamente.

- Estraga prazeres. - resmungou baixo, mas ainda sim, eu o ouvi.

- Talvez em uma próxima, Leclerc. - disse já entrando no banheiro.

- Vai ter uma próxima? - eu não via o seu rosto, mas tenho certeza de que havia um sorriso presunçoso estampado nele.

Eu não respondi.

Retirei a camiseta de Charles que eu usava e analisei meu corpo em frente ao espelho, foi quando eu notei uma marca avermelhada no meu pescoço e outras mais espalhadas pelos meus peitos e barriga.

- Droga.

Isso seria um problema.

🏎


Uma melodia familiar ecoou pelos meus ouvidos assim que eu deixei o quarto e me fez ter uma grande nostalgia.

Se eu fechasse os olhos, podia ver perfeitamente meu pai sentando na frente do seu piano, tocando sua música favorita.

Caminhei lentamente até a sala e parei ao ver Charles concentrado em cada nota que seus dedos tocavam. Me enconstei na parede e o observei de longe.

- Que lindo. - bati palmas quando ele finalizou a melodia e seu olhar caiu sobre mim.

- A quanto tempo está aí?

- Não muito tempo. - dei de ombros e me aproximei para sentar ao seu lado. - Você tava tocando Beethoven?

- Pois é, você gosta?

- Eram as favoritas do meu pai. - senti meu coração se apertar por um momento. - Deus, como eu sinto falta dele.

E então uma lágrima caiu e logo em seguida outra mais vieram.

Eu nunca gostei que me vissem em um estado tão vulnerável, mas Charles já me viu em momentos piores, eu não precisava fingir com ele.

O monegasco passou o braço pelo meu ombro, tentando me reconfortar e deixou um beijo nos meus cabelos.

- Eu tô aqui, Meli. Sempre estarei.

Eu ri sem humor.

- Ah, Charlie, não prometa o que você não pode cumprir. - virei meu rosto para encará-lo. - Você vai embora, assim como todo mundo. É só questão de tempo.

- Eu não sou todo mundo. - limpou meu rosto e acariciou minha bochecha. - Não vou embora.

Eu sorri minimamente e ele juntou nossos lábios em um beijo terno.

Suas palavras pareciam verdadeiras, mas eu não podia simplesmente me apegar a ideia do 'felizes para sempre.' Isso não existe.

- Toca mais um pouco.

- O que você quer ouvir?

- Me surpreenda. - deitei minha cabeça em seu ombro e tentei relaxar, ouvindo uma nova melodia.

 - deitei minha cabeça em seu ombro e tentei relaxar, ouvindo uma nova melodia

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Lembrando que a Merlia tem problemas com a mãe e traumas passados.

Peço que sejam pacientes com ela e não a julguem por suas escolhas e atitudes, afinal, ninguém é perfeito.

BAD HABITS || Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora