Harry é otimista, Louis um pessimista. Um vive na claridade da chuva de flashes em seu rosto, já o outro na escuridão de seu apartamento. Tomlinson vive com a frustração de não ter realizado todos seus sonhos, Styles vive um sonho americano. Louis a...
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"'Ai meu Deus, o amor é uma mentira', é o tipo de merda que meus amigos dizem para me fazer superar. É diferente, dessa vez é diferente. É uma tristeza catastrófica, seguir em frente sempre foi fácil para mim. É diferente dessa vez, é diferente porque é você. [...] Você era aquele que eu amava, não preciso de outra metáfora, é simples assim. [...] Ouvi sua chave virar na porta no final do corredor, sua chave na porta. Está tudo bem? É você? Ou eles vieram me levar?"
Pessoas solitárias são insensíveis e soberbas.
Eu sempre me senti superior graças a não sentir necessidade ou fazer questão de outras pessoas, sempre me gabei por minha própria presença me bastar. Não conseguia entender como pessoas se tornavam emocionalmente dependentes de outras, julgava a homens e mulheres que emendavam um relacionamento amoroso no outro, não conseguindo ficar um mês sequer sozinhos.
Me questionava como eles podiam não conseguir apreciar o silêncio, a paz da própria companhia, o privilégio de não ter a responsabilidade de ser afetivamente responsável com outra pessoa. É mais simples estar sozinho: quer pintar a parede da sua casa com um tom marrom horroroso? Pinte, ninguém irá te impedir. Decida sozinho onde quer passar as férias, não tenha a obrigação de responder imediatamente mensagens, não tenha a responsabilidade de dizer onde foi e aonde vai.
Por isso mesmo afirmo com convicção que meu casamento foi a coisa mais contestável que já fiz na vida. O passar dos anos nos permite sermos mais honestos quanto ao nosso passado: nunca amei minha ex-esposa, apenas me casei por pressão social, achava que isso era um dos tópicos da lista que determinaria se seria um vencedor ou fracasso que precisava assinalar.
Estar com Ginna se tornou cômodo, eu me tornei um expert em me isolar em minha própria mente, me sentando no sofá encarando a parede, perdido em meus pensamentos, isolado dentro deles, enquanto ela gritava o quanto estava infeliz ao meu lado, o quanto era egoísta por não entender a maneira que ela se sentia abandonada por mim, o quanto era insensível por não compreender o porquê dela fazer questão de manter uma conversa quando poderíamos simplesmente calar a boca e assistir TV.
Hoje percebo que errei com ela, que realmente fui egoísta. Um dos problemas de ser introvertido e naturalmente solitário, é que são raras as exceções de pessoas às quais você realmente gosta e faz questão da companhia, Ginna não estava na minha lista.
Todo solitário é um pouco egocêntrico, mesmo que não digamos em voz alta, sempre acharemos a companhia dos outros entediante em comparação à nossa própria. Honestamente, os pontos positivos são incríveis, apreciar estar consigo mesmo evita muitas questões psicológicas.
Mas é um castelo de cartas, a merda de um castelo de cartas facilmente derrubado por apenas um fator: quando você encontra alguém que realmente aprecia mais a presença do que a sua própria, quando a restrita lista de vozes preferidas além daquela em sua mente ganha um nome na primeira linha e sublinhado, ele desaba. Tudo sai do controle no exato segundo que a ausência de um certo específico perfume no ar ao seu redor passa a te perturbar como um fantasma.
