10

828 118 24
                                    

  O clima no colégio estava incômodo, frio demais. Era como se minha pele tentasse sair do corpo. Minha perna tremia com ansiedade. A voz da professora era monótona e entediante. Finn batucava a caneta na mesa, parecia com a mente distante, provavelmente pensando no namorado. Virei levemente a cabeça para o lado e olhei de relance para o garoto loiro na fileira ao lado. Ele também parecia distante, parecia que sua mente estava longe, apesar de que seu corpo estivesse perto.

  Imediatamente minha mente despertou com lembranças do dia anterior: Seus lábios nos meus, nós dois fugindo da escola mais cedo. Fazia quase duas semanas que tínhamos nos encontrado no parquinho, nossos encontros secretos tinham se tornado mais recorrentes. Às vezes nas salas vazias do colégio, em becos escuros, depois dos jogos de baseball, ou atrás do fliperama. Mas era inevitável, sempre que estávamos juntos isso acabava acontecendo. 

  As memórias dos nossos encontros fizeram meu corpo esquentar e minha garganta secar. Não era bom focar nisso agora, não no meio da escola, não em uma sala de aula cheia de gente. 

  Levantei a mão e pedi para a professora para  ir ao banheiro. Lancei um olhar para o Vance antes de sair de sala, ele havia entendido o recado, só me restava ir para o local e esperar. 

  Cheguei à porta do banheiro e entrei. Me encostei na pia, olhando impaciente para meu relógio de pulso. Já tinham se passado dois minutos quando ele entrou pela porta, me observando com um sorriso maroto nos lábios. 

  – Queria me ver? Tem que ter um bom motivo para o santo Bruce matar aula. Sinto-me orgulhoso por ser eu.- falava enquanto sorria.

  – Levar alguém pro mal caminho não é algo de se orgulhar. Sabe disso, não é? - respondi, sendo incapaz de não sorrir de volta.

  – Sei, mas quando é por desvirtuar alguém tão certinho, torna-se quase como um prêmio de validação – Ele disse vindo na minha direção.

  Colocou os braços de cada lado do meu corpo, me prensando contra a pia. Aquilo era perigoso, qualquer um poderia entrar e nos pegar no flagra. Mas isso nem se passava na minha mente no momento. 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Gente, Cap curtinho pra não deixar vcs sem nada
  Ergueu uma das mãos e acariciou levemente minha bochecha, passando os dedos pelo meus lábios, tão levemente que eu quase não senti, essa ternura quase me fez explodir, meu coração parecia um tambor dentro do peito, só ele tinha esse efeito em mim.

  Ele agarrou minha mão e me guiou para uma  das cabines. Mal deu tempo de fechar a tranca e ele atacou meus lábios, movendo sua boca em sincronia com a minha. Suas mãos subindo até minha nuca, puxando levemente os fios que se encontravam ali.

  Minhas mãos foram para seus quadris, e levantaram por debaixo da sua camisa até sua cintura, fiz pressão no local, ouvindo ele arfar contra meus lábios. Esse som era o meu favorito, se o céu realmente existisse, esse seria o som que os anjos tocariam. Eu falo isso com toda a certeza do mundo, era o som que eu iria querer ouvir até o fim dos meus dias e  que só eu tivesse a oportunidade de ouvir, só o pensamento de outra pessoa o fazendo arfar assim, o fazendo gemer que nem eu faço, me deixava louco, talvez eu realmente fosse louco, ciumento, possessivo, mas isso não me incomodava, não quando se tratava do garoto me beijando.

  –Ei,  tem alguém aí? - ouvi uma voz de um professor perguntando.

 – Ah, oi professor.- disse enquanto afastava ele para que seus pés não aparecessem na  brecha da porta, e tampei sua boca para que não fizesse som.

 – Senhor Yamada? Que susto, não imaginei que fosse o senhor.

 – Sim, só estou me sentindo meio mal, mas logo vou voltar para as aulas.

 – tudo bem, volte logo,garoto.- e com isso ouvi a porta do banheiro batendo denovo.

   Olhei para ele e dei uma leve risada, desamassando minhas roupas para voltar para sala. Ele piscou para mim quando saiu da cabine, passando pela porta sem nem mesmo olhar para trás.

Eu não imaginei ( The Black phone)Onde histórias criam vida. Descubra agora