Era uma segunda-feira à noite, o relógio marcava dez e meia, e Ana não conseguia afastar os pensamentos sombrios que rondavam sua mente. Talvez aquela seria mais uma noite que ela não conseguiria dormir. Sentia como se sua ansiedade estivesse piorando cada vez mais. Se sentia cansada, exausta e a única coisa que gostaria de fazer, era absolutamente nada. Nem acreditou que conseguiu sobreviver ao plantão daquele dia.
Aquele sábado que tinha passado com Joseph parecia ter acontecido a séculos e não recentemente. Todo o conforto, paz e segurança que ele havia lhe entregado, tinha ido por ralo a baixo logo no domingo quando chegou em casa e percebeu que ainda falavam no twitter, da tal morena misteriosa.
Ana não aguentava mais todo aquele hate, nem as teorias e as suposições que faziam. As pessoas a julgavam sem saber quem ela era, sem ao menos conhecer seu rosto. Não conseguia imaginar como seria se soubessem quem de fato ela era e onde vivia ou trabalhava. Sabia que seria muito pior e não poderia suportar a ideia de ter sua vida exposta desse jeito. Tudo bem, ela sabia que ao se envolver com Jospeh, estava se sujeitando a tudo isso, mas não sabia que seria tão difícil de lidar.
Em algum momento, o sono e cansaço lhe dominaram e Ana enfim dormiu. Pena que o sono não durou muito. Em plena madrugada a garota acordou completamente atordoada. Fazia um tempo que não tinha pesadelos com o acidente que tirara a vida daqueles que ela tanto amava, mas voltou a ter naquela madrugada, a fazendo acordar suada, ofegante e atordoada.
Resolveu levantar para beber um pouco de água. No relógio marcava cinco horas da manhã, era provável que não conseguiria mais voltar a dormir. Caminhou pela escuridão da casa e desceu até a cozinha tentando não fazer barulho para não acordar Mariana, mas foi em vão. Ana ouviu a voz da amiga ecoar do quarto e em seguida, viu o corpo miúdo da garota aparecer no alto da escada.
– Ana? – perguntou Mari. Desceu as escadas cambaleando de sono. – Porque está acordada tão cedo?
– Acordei e não consegui voltar a dormir. – Foi tudo o que respondeu.
Não adiantaria inventar desculpas para a amiga. Mariana parecia conseguir ler até os pensamentos mais sussurrados e escondidos de sua mente. Ana sentiu o cansaço lhe dominar e pesar em suas costas. Tudo o que precisava era de uma bela e maravilhosa noite de sono, sem pensamentos ansiosos antes de dormir e sem pesadelos.
Mariana direcionou a ela um olhar preocupado, mas não disse nada. Apenas passou por ela, foi até a cozinha, pegou uma chaleira de cima da pia e encheu de água.
– Vou fazer um chá para nós. – disse sorrindo.
Ana sorriu para a amiga. Estava aliviada por não receber um sermão ou uma enxurrada de perguntas. Mari era tudo o que precisava naquele momento confuso e turbulento de sua vida. Mas precisava dessa Mariana de agora, uma amiga acolhedora, sem sermões e nada de bancar a agente do FBI para cima dela.
A garota suspirou e se sentou na cadeira ao lado da mesa. Tentou se manter quieta, porém, não obteve sucesso. Depois de alguns minutos se remexendo no lugar em que estava, Mari se voltou para ela.
– Teve pesadelos? – perguntou cautelosa.
– Tive... – Sussurrou. – Mas também eu não conseguia parar de pensar. Eu pensei tantas coisas, que adormeci em algum momento. De madrugada, tive um pesadelo e não consegui voltar a dormir.
Mariana assentiu pensativa. Havia preocupação em seus olhos, mas também compreensão. Ela tinha uma certa noção de como teria sido o pesadelo e também sabia o que perturbava a amiga. Mari sabia como era difícil para Ana conseguir não dar ouvidos a qualquer comentário negativo sobre ela. Sabia que ela tentava encontrar um ponto de equilíbrio sobre si mesma, mas não sabia se conseguiria encontrar seu autocontrole de volta. Ana não sabia se conseguiria se encontrar depois de ter se perdido por tanto tempo.
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De Seu Joseph Com Amor | Joseph Quinn
FanfictionAna não sabia que o evento voltado para o universo geek poderia mudar sua vida completamente. Porém, como nem tudo são flores, Ana viu toda a sua animação se esvair, dando lugar a uma crise de ansiedade extrema. Ela simplesmente não estava conseguin...