Capítulo 23

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Ana estacionou o carro no estacionamento do hospital veterinário, PetVet. Suas mãos estavam suando e seu coração batia de forma descompassada. "Não, por favor! Aqui não!", pensou.

Com as mãos fechadas em punho Ana bateu em seu peito tentando amenizar a dor que sentia. Sua mente estava um emaranhado de pensamentos. Respirou fundo olhando para todos os lados, buscava algo para focar sua atenção. O carro parecia estar se fechando sobre ela e o desespero crescia à medida que sentia o veículo ficar minúsculo. Um grito ficou preso na garganta e Ana saiu em um pulo de dentro do carro.

– Que merda! – esbravejou segurando o colar que sempre usava. – Tenta controlar a respiração. – Dizia as palavras em voz alta, como se assim fosse ajudar a sumir tudo o que estava sentindo.

Se encostou no automóvel e continuou buscando ar para seus pulmões. Estava cada vez mais difícil respirar, sua visão estava ficando turva e se lembrou da última vez que teve uma crise parecida. "Joseph!". O nome dele se repetia ritmicamente em sua cabeça. Lembrou-se da técnica que ele tinha utilizado para ajudá-la a se acalmar. Ana fechou os olhos mais uma vez e quando os abriu, começou a focar nas coisas ao seu redor.

– Carros... Janelas... Árvores... Rua. – Começou a sussurrar o nome de cada coisa naquele ambiente, mas suas mãos ainda tremiam, apesar da respiração ter começado a ficar rítmica.

Ela precisava ficar mais calma. Precisava minimizar ainda mais aquela crise. Então deu continuidade. Voltou toda sua atenção para onde se encontrava no momento.

– Frio... sólido... liso. – Nomeou o que sentia entre seus dedos. Sua mão estava apoiada no carro, uma forma de tentar se manter de pé.

Respirou fundo e fechou os olhos. A sensação de formigamento nas mãos começou a diminuir e os tremores também. Seu coração ainda estava descompassado, mas não sentia mais algo lhe sufocar.

Ana encostou-se mais no carro e continuou tentando regular sua respiração. Inspirava fundo e soltava o ar devagar pela boca. Estava se sentindo extremamente cansada. Não sabia exatamente como, mas de alguma forma, conseguiu caminhar para dentro do hospital veterinário.

Passou por Emily que estava na recepção e forçou um sorriso para ela. Não estava com disposição para parar e conversar, mas notou que a mulher estava a olhando de maneira diferente, com um ar de superioridade talvez. "Isso é coisa da sua cabeça, Ana." Pensou. Não ia começar a pensar muito a respeito do que achava ter visto, não tinha condições naquele momento, e poderia ser muito bem uma peça que sua mente estava pregando.

Ana seguiu para o vestiário e trocou rápido de roupa, precisava ocupar sua mente com trabalho. Assim que saiu do vestiário, seguiu quase que correndo para a área de internação. Ela não tinha atendimento na parte clinica hoje, ficaria por aquela área durante todo o plantão.

Bruno estava segurando um filhote de gato quando Ana entrou na sala. Ele piscou para ela e sorriu. A garota forçou um sorriso para ele torcendo para que o amigo não percebesse seu estado.

– Bom dia, Aninha. – O rapaz disse abrindo ainda mais o sorriso.

– Bom dia, Bruno. – Ela respondeu de volta, se forçando a parecer bem. Talvez não seria tão fácil fingir.

O rapaz a analisou em silêncio, sentindo que Ana estava diferente naquela manhã. Ela nunca foi boa em fingir que estava tudo bem. Era notório para todos quando Ana estava feliz e quando não estava, por mais que tentasse ela não conseguia disfarçar muito bem. Naquele momento ela sabia que Bruno a olhava e analisava cada movimento dela, quase conseguia ouvir os pensamentos do amigo e sabia que ele tinha notado que hoje não estava sendo um bom dia para ela. Só que diferente das outras vezes, hoje ela decidiu não se importar.

De Seu Joseph Com Amor | Joseph QuinnOnde histórias criam vida. Descubra agora