De Seu Joseph Com Amor | Joseph Quinn

Capítulo 10

     Mariana estava na cozinha terminando de fazer café, enquanto Ana estava sentada no chão de seu quarto e voltava a abrir o seu Twitter, escondido da amiga. Rolou pela timeline e viu que ainda tinha alguns perfis postando as fotos que foram tiradas no passeio no Regent's Park. Ela não acreditava que aquilo ainda estava acontecendo, as fotos tinham saído na segunda, já era sábado de manhã e ainda falavam sobre isso. Sem falar de todos os comentários maldosos. Aquelas pessoas nem a conheciam, nem sabem quem ela é, e mesmo assim a atacavam de uma maneira, a fazendo se sentir cada vez menor em seu espaço. A sua insegurança começava a falar cada vez mais alto.

     Não tinha adiantado todo o trabalho que a equipe de Joseph teve para tirar a matéria do ar, aquelas fotos continuariam rolando pela internet até as pessoas ficarem cansadas delas, então encontrariam outra coisa para apontar o dedo, criticar, opinar e tacar hate. É assim que funciona a internet. Acham que é uma terra sem dono, onde pintam e bordam à vontade. Não ligam para a saúde mental dos outros, só em setembro... ah, em setembro tudo é lindo, todos postam sobre saúde mental, "#SetembroAmarelo". É o mês que propagam o amor. Mas estavam em setembro e as mesmas pessoas que estavam lhe atacando, postavam sobre amor ao próximo, quanta hipocrisia.

     Algumas pessoas ainda faziam comparações entre ela e outras mulheres que Joseph já esteve ao lado, isso tudo sem nem ao menos ver o rosto dela. Quando se deparava com essas comparações, Ana não conseguia evitar de se olhar no espelho e de analisar todo o seu corpo. Uma lágrima correu pelo canto de seu rosto, se sentia estranha e desconfortável dentro de si mesma. Nunca se viu de forma suficiente, de uma forma inteira. Ela buscava se encontrar e poder se sentir confortável dentro de si, mas com tudo isso acontecendo, ficava ainda mais difícil.

     Ela se sentia como se fosse uma peça solta no mundo. Não se encaixava em nada, nem com ninguém. Joseph... seu nome se acendeu em sua mente. Ela se sentia tão bem ao lado do rapaz, sentia-se confortável. Em nenhum momento se sentiu pequena ao seu lado, ou sem vida como se sentia com seu ex, Simon.

     Joseph nunca a olhou de forma diferente que a fizesse querer se esconder. Todas as vezes que esteve sob o seu olhar ela sentia seu corpo se ascender, e quando ele a tocava... ah, o seu toque. Joe a tocava de uma maneira diferente e ela podia sentir que ele a desejava do jeito que ela era, com todas as suas cicatrizes e com o corpo que possuía. Quadris um pouco mais largos, pernas grossas, barriguinha um pouco saliente, a cintura não era lá essas coisas, o rosto mais preenchido, maxilar não era tão marcado, os braços de longe não eram tão finos, seios medianos e uma bunda aceitável, não era nada muito grande, mas também não era pequena. Um corpo comum, definitivamente não era um corpo de modelo, era apenas comum e ele a desejava, a tocava e sempre que podia dizia como ela era linda.

     Quinn tornava as coisas mais claras, nada ficava as sombras, pelo menos era o que sentia. Ela não sentia a necessidade de agir de forma diferente, não precisava se forçar a ser outra pessoa só para agradar a ele. Com Joseph, Ana podia ser ela mesma.

     Voltou a olhar a tela do celular e aqueles comentários apagaram todas as luzes, que ao pensar em Joseph, fizeram se acender em seu coração. Ele podia ser alguém para ela, e ele podia faze-la se sentir cada vez melhor em seus braços. Ele podia faze-la se sentir o encaixe perfeito em seu corpo e a mulher mais linda do mundo, mas ele merecia mais. Joseph merece alguém que esteja por inteiro e não quebrada como ela era. Alguém que não tivesse um ataque de pânico em eventos gigantescos e o fizesse sair no meio do trabalho para lhe socorrer. Ela não poderia ser o suficiente para ele. Poderia?

     – Ah não! – Mariana apareceu na porta do quarto com duas xicaras de café. Olhava para Ana desacreditada. – Você não está fazendo isso de novo, Ana! Quantas vezes eu vou ter que dizer... – disse indo em direção a amiga. – Que isso não é saudável? Nada de ler comentários, Ana!