Capítulo 3

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      Ana olhava para o teto do seu quarto ainda tentando assimilar tudo o que tinha acontecido na noite anterior. Queria ter certeza que não tinha sonhado com tudo. Era bem a cara dela sonhar e acreditar que o sonho era real, ou que pudesse tornar-se real. Mas ainda podia sentir todas as sensações. Era como se Joseph tivesse se tornado parte dela, parte de seu corpo.
     Era uma sensação incrível, nunca sentida antes. Ainda se perguntava se tinha tomado a decisão certa. Se devia ter cedido – tão fácil – daquele jeito. Como uma mulher adulta, ela devia ser mais racional, menos impulsiva, não dar atenção aos desejos do coração. Mas lá estava ela, se deixando levar pelos olhos dele, pelo sorriso, por sua voz rouca e por seu toque.
     Ana só tinha certeza de que tudo foi real, porque o vestido da noite passada estava pendurado na porta do guarda-roupa, e se respirasse fundo, ainda conseguia sentir o cheiro do perfume dele. Ela já sentia as bochechas doerem de tanto sorrir, mas era inevitável. Mal sabia ela, que Joseph também não acreditava no que tinha acontecido.
     Ana escutou a porta da frente bater e em seguida ouviu a voz de Mariana surgir.
 
     – Alguém em casa? – Mariana gritava, o que fez Ana sorrir.
 
     – Sútil e delicada como sempre. – disse para si mesma.
 
     Mariana era sua melhor amiga, sua irmã de coração e seu porto seguro. Haviam se conhecido na faculdade. Mariana foi sua primeira e única amizade naquele lugar gigante. As duas se conectaram logo no primeiro dia de aula, depois que Ana derrubou todos os materiais da amiga, pois estava correndo pelo corredor por ter perdido a hora. Desde então, as duas não se separaram mais.
     Ana podia confiar em Mariana de olhos fechados e vise e versa. Ela sabia que Mari estaria ali por ela - independente do que acontecesse -, mesmo que em um futuro, as duas não se falassem mais com tanta frequência, elas sabiam que se uma delas estivesse em apuros, iriam correndo ao encontro uma da outra.  Por isso, ela era a única pessoa no mundo que ela tinha contado sobre Joseph, não que ela tivesse mais alguém para contar.
     Mariana apareceu no quarto segurando dois copos de café.
 
     – Aí está você! Porque não me respondeu? – Mariana dizia entregando o outro copo de café para Ana e bebendo em seguida o seu.
 
     – Desculpa, ainda estava processando tudo. – Ana respondeu bocejando.
 
     – Acabou de acordar?
 
     – Sim e queria não ter acordado. Estou tão cansada. – disse jogando a cabeça pra trás.
 
     Mariana a olhou de forma curiosa. Deu mais um gole no seu café antes de perguntar:
 
     – Foi dormir tarde? – ela encarava Ana atentamente.
 
     Ana bebeu seu café tentando esconder o sorriso que se formava no rosto enquanto via o rosto de Mariana mudar.
 
     – Espera... Você ia encontrar o Joseph ontem? Não ia? – Ana ainda bebia o café tentando controlar a euforia que crescia e esconder um sorriso travesso. – Anaaaa! – ela cantarolava semicerrando os olhos. – Me conta o que aconteceu entre vocês para chegar tarde em casa. Você vai matar uma curiosa com fofoca pela metade!
 
     Ana não conseguia mais se controlar. Abriu o maior dos sorrisos e se jogou na cama, rindo como se tivesse voltado a ter 15 anos.
 
     – NÃO ACREDITO! – Gritou sentando-se na cama ao lado de Ana, que permanecia deitada. O rosto de Mariana era uma mistura de surpresa e felicidade. – O que rolou? Beijo? Amassos? – Mari ficou mais perto de Ana e sussurrou. – Sexo? Ai meu Deus! Vocês?
 
     – Não! – Ana disse rindo e sentando-se para encarar a amiga. – Não rolou sexo, mas a gente se beijou, Mariana! – disse pendendo a cabeça para o lado e fechando os olhos, lembrando a sensação de ter os lábios de Quinn tocando os seus. – E que beijo... - sua voz era um misto de gemido rouco quase um grito.
 
     – Me conta direito essa história. – Mariana dizia enquanto se acomodava direito na cama sentando de frente para ela e cruzando as pernas uma por cima da outra.
 
     Então, Ana começou a contar tudo. Desde o bilhete com o vestido, o carro, o terraço, ele se machucando no pé da mesa que rendeu uma boa risada e o beijo. Ela contou da pequena declaração, contou sobre o breve passeio no parque, da conversa e confessou o medo que estava sentindo.
 
     – Você não tem que sentir medo amiga.
 
     – Eu sei... – Ana mexia no fiapo da almofada ansiosa. – Mas é difícil não sentir. Ele é tão... tão perfeito. Pode ter qualquer...
 
     – Ana, não comece. – Mari a interrompeu.
 
     – O que?
 
     – Não comece a se comparar!
 
     Ela não poderia negar. Mariana a conhecia muito bem. Estava nítido, estampado ali bem na sua cara, para quem quisesse ver, estava claramente se comparando. "E tem como não se comparar?", pensou.
 
     – O que eu faço? – perguntou suplicante.
 
     – Só aproveita. Aproveita isso e deixe as coisas acontecerem. – disse pegando a mão de Ana em uma tentativa de conforta-la.
 
     Elas se olharam e sorriram juntas, como se fossem cumplices. Nenhuma das duas podia acreditar que tudo aquilo estava realmente acontecendo.
 
     – Mas não podemos negar que isso é incrível! – Mari disse e jogou a cabeça pra trás – Ana sua sortuda! – disse enquanto se levantava da cama e caminhava rumo cozinha.
 
     – Ele realmente é incrível. – disse para si mesma.
 
     Ana ouviu um bip vindo do celular. Na tela ela viu o nome de Joseph que a fez sorrir automaticamente.
 
     – É ele, não é!? – Mariana disse colocando só a cabeça para dentro do quarto e abriu um sorriso.
 
     Ana balançou a cabeça afirmativamente, Mariana murmurou um "huuuum", cheio de segundas intenções. Ana jogou uma almofada na amiga que saiu gritando. Ela encarou a tela do celular e abriu a mensagem que Joe lhe enviara.
 
"Não paro de pensar em você e na noite incrível que tivemos ontem.
De seu Joseph, com carinho.
p.s.: eu sei que você tem meu número salvo, mas não custa afirmar que sou eu. É brega eu sei, mas é meu jeito. ♥"
 
     Ele podia ser mais romântico? Mais gracioso? Mais irresistível? Ele tinha que ser tão fofo? Assim fica difícil não ficar se iludindo por Joseph Quinn. Ana respondeu de volta:
 
"Eu não consigo parar de sorrir. É bobo eu sei, mas não consigo evitar. Aliás, também não paro de pensar na nossa noite ontem.
De sua Ana, com carinho.
p.s.: eu sei que é seu jeito, eu adoro isso e até peguei pra mim. E não é nada brega, é fofo. ♥"
 
     Ela viu três pontinhos aparecer na tela do celular e em seguida a resposta dele veio:
 
"Você não para de sorrir? Bem, espero que pelo menos um dos motivos para esse sorriso, seja eu.
p.s.: você é muito educada e linda para dizer que estou sendo brega."
 
     Ana não conseguiu controlar e soltou uma pequena risada, "bobo", pensou.
 
     – Conheço essa risadinha! – Mari gritou da cozinha. – Tem alguém muito ferrada agora. Já era galera, temos uma guerreira abatida em campo. – completou fazendo Ana gritar um "cala boca", ainda rindo.
 
     Ana voltou seu olhar para a tela de seu celular, digitando logo em seguida.
 
"Não sei. Será que é? Sabe, pode ter outros motivos senhor Quinn.
p.s.: aceite que você é um fofo e nada brega."
 
     Não demorou muito para Quinn responder:
 
"Bem, se esse sorriso não for por minha causa, ou pelo menos por ontem, eu vou precisar ir até aí e tirar a força esse sorriso com um beijo.
p.s.: você é incrível!"
 
     Ana sorriu mais ainda - como se fosse possível – e mordeu os lábios em seguida.
 
"Bobo. E se ele for por você e por tudo que vivemos ontem? O que você vai fazer, senhor Quinn?"
 
     Seu coração pulava no peito, não acreditava no que tinha acabado de enviar para Joe. Logo apareceu uma mensagem dele a fazendo despertar de seus pensamentos.
 
"Você não queira saber Ana."
 
"Eu adoraria saber. Conte-me, o que você faria? O que faria comigo, Joseph?"
 
"Você brinca com fogo, senhorita. Mas digamos que talvez você se arrependa um pouco por ter me provocado."
 
     Ana sentiu seu coração pulsar forte no peito, sentiu a face esquentar, tinha certeza que estava corada. Joe sabia muito bem como provocar uma mulher, mais precisamente, sabia como lhe provocar. Decidiu levantar-se e ir em direção a cozinha, precisava urgente de um copo d'água.
 
     – Ai... – Mariana disse, com uma voz de nojo, assim que viu a amiga adentrar na cozinha. – Você parece tá derretendo, meu Deus.
 
     Ela fazia cara de quem iria vomitar. Ana riu e jogou um pedaço de pão em sua direção. Mariana pegou no ar e deu uma mordida.
 
     – Reflexo rápido querida. – Mari disse com a boca cheia de pão.
 
     Ana sentou-se a mesa, tomou um pouco d'água de seu copo enquanto pensava em como poderia responder Joe. "Você pensa demais, Ana", a lembrança de Quinn falando aquelas palavras para ela estava tão vivida que jurou ter escutado a voz dele. Voltou seu olhar para seu celular, suspirou e por fim digitou mais uma mensagem para ele.
 
"Bem, quem sabe um dia você não possa me mostrar?
Mas mudando um pouco o foco da conversa, estou com saudades das nossas chamadas de vídeo."
 
     Ele demorou alguns minutos a responder, mas logo Ana pôde ver a mensagem na tela:
 
"Hahaha, quem sabe eu mostre a você senhorita.
Em relação as nossas chamadas de vídeo, é fácil de resolver. Hoje a noite estarei livre, se tiver tudo bem para você."
 
"Bom, não tenho nada para hoje a noite."
 
"Então fica combinado!
Agora preciso ir, ou vou me atrasar para o evento. Até mais tarde.
Xoxo, de seu Joseph. ♥"
 
"Até mais tarde e boa sorte no evento.
Beijos. ♥"
 
     Ana ainda sorria quando Mariana se sentou na mesa a observando ainda fazendo careta.
 
     – O que foi? – Ana perguntou mal contendo a vontade de rir. Sentia um misto de sentimentos todos eles querendo explodir.
 
     – Não é nada. Mas confesso que é bom ver você assim... – ela falou movimentando as mãos de forma exagerada para Ana. – Radiante!
 
     Era como ela se sentia. Radiante, reluzente, flutuando. Mal sentia o próprio corpo. Era como se estivesse no mar há tanto tempo que mesmo depois de sair da água ainda sentia a leveza da maré em seu corpo.
 
     – Ana... – Mari começou com um tom de preocupação. – Não quero te desanimar, mas... Como vocês vão fazer em relação a mídia e aos fãs? E todo o resto que vem no combo?
 
     Ana já tinha pensado nisso. Sabia que iria ser difícil e que encontrariam algumas dificuldades. Mas mesmo ansiosa, sabia que Joseph seria compreensivo e que os dois dariam um jeito. Pelo menos era o que ela esperava. "Espero está certa. Deus como espero está certa", pensou.
 
     – Sinceramente? Não sei... Não faço a mínima ideia. – respondeu colocando o celular na mesa. – Acho que Joseph talvez concorde comigo, mas pensei em deixar, seja lá o que nós estamos tendo, escondido de tudo isso, pelo menos por enquanto. – disse dando de ombros.
 
     – Espera, vocês ainda não falaram sobre isso? – Ana apenas balançou a cabeça negativamente para a amiga. – Ana, você sabe que é algo a se conversar, mesmo você não sabendo ainda o que realmente vocês estão tendo. Ele precisa saber que você se preocupa com essa questão. Na verdade, eu estou preocupada por você. – disse lhe olhando um pouco mais séria.
 
     – Eu sei Mari, é só que... – suspirou. – Só faz três meses e parece que está indo tudo tão rápido e ao mesmo tempo que parece errado, parece ser certo e ao mesmo tempo surreal. – disse gesticulando as mãos no ar. – Você entende? – Mari apenas afirma com a cabeça. – Mas ainda acho que o melhor caminho é deixar o mais reservado possível, até a gente ter certeza do que nós sentimos um pelo outro.
 
     – Amiga, você sabe que vire e mexe, surge algum shippe entre os famosos, ainda mais se estiverem trabalhando juntos. Eu só me preocupo em como você vai lidar com isso, com toda essa bagagem que vem junto com ele. – disse se inclinando pra frente e segurando a mão de Ana. – E você sabe bem que eu não estou falando só de shippe "bobo" que alguns fãs podem fazer.
 
     – Eu sei que as vezes as pessoas gostam de criar fantasias com esse tipo de coisa. Eu sei que pode ser difícil, mas eu acho que dou conta.
 
     Ana disse cada palavra com cuidado, como se realmente quisesse acreditar no que dizia, como se o fato dela falar isso em voz alto, fosse se tornar realidade. Contudo, a verdade, é que nem Ana acreditava em nenhuma daquelas palavras.
     Mariana a observou atenta e preocupada. Achava que Ana poderia estar sendo um pouco otimista demais. Não que quisesse que ela fosse negativa, mas queria que a amiga mantivesse os pés no chão.
 
     – Ok, mas não caia de cabeça. Pelo menos não ainda... não até ter total certeza do que vocês dois são um para o outro. – disse preocupada.
 
     – Pode ficar tranquila. – Ana apertou a mão de Mari, que ainda segurava a sua, tentando passar confiança, não só para a amiga, mas também para si.
 
     – Espero que ele não machuque você Ana. – disse Mari a olhando no fundo dos olhos. – Se isso acontecer, eu juro não ligo para quem ele é, eu vou caçar ele até no fim do mundo se for preciso. Então para o bem dele, espero que isso não aconteça!
 
     Ana riu do jeito da amiga. Mari era a sua família em Londres, a sua única família, o seu porto seguro naquela cidade tão fria. Não conseguiu evitar de se levantar e abraçar a amiga, sussurrando um "obrigada" quando se separaram.
 
     – Bom, o almoço já está pronto. Vai querer almoçar agora? – perguntou Mariana.
 
     – Nem percebi que já estava na hora do almoço. – respondeu rindo.
 
     – E nem imagino o motivo. – Mari respondeu sarcástica.
 
     Depois de almoçarem, Mariana e Ana subiram para o quarto. As duas sempre passavam a parte da tarde juntas. Era uma rotina que Ana amava e não conseguia pensar em dias sem a companhia de Mari.
 
     Enquanto a amiga lia um livro, Ana pegou o celular e abriu o Twitter. Procurou informações sobre Quinn. Logo viu algumas páginas de fãs que compartilhavam fotos dele com um grupo de admiradoras. Cada foto era mais linda e engraçada que a outra. Ele parecia realmente se divertir com elas. Viu vídeos dele dando entrevistas, sorrindo e falando um pouco sobre a série.
     Em cada lugar podia-se ver vídeos, matérias, fotos sobre a série que estava sendo um sucesso, mas o personagem Eddie Munson que Joseph interpretava tinha ganhado os corações do público. Ana se divertia com os memes e alguns eram mais picantes. Ela não as julgava, pois claramente faria o mesmo. Joseph, realmente, era um homem de tirar o fôlego.
 
     Ana estava rindo alto quando Mariana parou a leitura e olhou para ela.
 
     – Tá rindo do que? – Levantou-se indo em direção a cama e em seguida, sentou perto de Ana.
 
     – Desses vídeos que as Quinnies fizeram.
 
     Ana mostrou o celular com alguns compilados de momentos do Joseph no evento da série. Mariana riu junto com ela. Ainda estava preocupada com Ana, mas não queria deixar a amiga ansiosa por coisas que não aconteceram e que talvez nunca irão acontecer. Então, resolveu apoia-la cem por cento.
 
     – Como vocês conseguem passar o tempo todo falando da mesma pessoa? – Perguntou olhando para tela do celular tentando entender o vídeo que passava.
 
     – Bem, não tem como não gostar dele. Ele não possui máscaras, não se esconde atrás de filtros, ele é simplesmente ele. – disse colocando o celular na cama. – Além dele ser um homem que não tem medo de demonstrar as emoções, é educado, simpático e respeitador. – completou e Mariana Riu.
 
     – Você tem propriedade para falar, não é?!
 
     Mari sorria de forma maliciosa. Ana deu um tapa na amiga e rindo, voltou a interagir com as páginas na rede social. Queria estar com Joseph, mas se não podia, ela tinha sua conta no Twitter em que passava boa parte do tempo falando dele sem que ninguém soubesse quem ela era. Podia vê-lo um pouco, mesmo que de longe, e isso a fazia se sentie um pouquinho mais perto.
     Ana suspirou, enquanto admirava uma foto de Joseph. Ela já sabia, mas ontem, durante o jantar e o passeio no parque, ela teve a certeza que estava completamente envolvida por Joseph Quinn. Estava mais do que queria e do que devia, e ela não sabia o que esperar dos próximos dias, mas pela primeira vez em muito tempo, se permitiria viver de forma completa e sem hesitar. E se no final terminasse com o coração partido, talvez, pudesse valer a pena. Pelo menos, era isso que uma parte ingênua sua pensava.



Nota das autoras: Oi gente! Tudo bem com vocês? Esperamos que sim.
O capítulo de hoje foi mais curtinho e sem muita conversa entre nossos protagonistas (precisamos de um shippe para os dois, mandem sugestões), mas queríamos mostrar a vocês a amizade entre Ana e Mari. Amizade de milhões não é?! Todo mundo deveria ter uma Mari assim na vida.
Não esqueçam de votar, comentar e compartilhar.
Voltamos com capítulo novo na próxima semana (sexta ou sábado), beijos 😘💙

De Seu Joseph Com Amor | Joseph QuinnOnde histórias criam vida. Descubra agora