Pigmentos de sangue

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O som infernal da campainha tocava loucamente, Minho queria muito enterrar o corpo do demônio humano que fazia isso consigo plena terça às 4:09 da madrugada. Porra! Ele nem acreditava em madrugadas! Para Minho, madrugadas eram lendas, pois quando dormia as 23:00 só acordava às 6:00 com o sol ainda fraco da manhã batendo na cara.
Porém acordar logo cedo assim, tipo... Põe cedo nisso...
Acordar ainda por cima com uma campainha que parecia ter até quebrado pela porra do dedo que simplesmente depois de tocar sem parar, resolveu colar o dedo no botão e não soltar até atenderem.

A sorte era que estava apenas Minho ali, já que o pai saiu a negócios e o irmão dormiu na casa do amigo para resolverem o trabalho do dia seguinte na escola.

O Lee imaginava mentalmente mil e uma formas de matar a desgraça que tocava sua campainha, até abrir a porta e dar de cara com um par de olhos esbugalhados e um sorriso de rasgar o rosto.

– Lino! Ficou sabendo que fomos escalados na Corrida da Morte? Eu recebi a mensagem hoje! – Jisung praticamente berrou assim que a porta se abriu, ele nem deu tempo do Lee respirar.

– As vezes... Eu tenho vontade de te matar... – sussurrou o Lee antes de revirar os olhos, dando espaço para o Han entrar – Passa logo...

– Eu não percebi que estava tão cedo, desculpa. Estava muito ansioso sobre esse assunto, precisei vir. Enfim, soube? Eu fui escalado logo de início com duas garotas da Mafia... Tô bem encrencado, viu? – Jisung riu, mas Minho mesmo com sono percebeu, sua risada era de nervoso – Você ficou contra o Dream... Sinto muito, viu? Ele é osso...

– Na realidade... Eu estou mais preocupado com meu irmão. – Minho se sentou sobre o sofá, dobrando as pernas uma sobre a outra antes de olhar na direção do Han – Ele vai correr contra SpearB.

– Sim! Eu vi! Além de que o tal de CB97 ficou escalado nas finais de cara... Ele nem é tão bom assim, deve ser costas-quente. Já que só cabem 3 carros por disputa, então será em dois dias separados para dar tempo de ao menos metade dos participantes correrem antes da polícia chegar. – Jisung fez um biquinho pensando no assunto – Pensando assim, é uma merda... Eu tô escalado quase cinco minutos antes do horário padrão de ronda militar na região.

– Você consegue, okay? Não desanima... Apenas... Se cuida. – Minho suspirou, estava cansado para caralho e as notícias pareciam apenas piorar a cada segundo – Me diz uma coisa?

– Hun? Depende.

– ... Acha mesmo que é possível vencer essa merda?

Os dois se encararam em completo silêncio, apenas as suas respirações eram auditiveis naquele instante.
Jisung manteve o olhar firme no Lee por longos minutos, até desvia-los para qualquer direção que não fosse o mais velho.
As mãos trêmulas e a perna esquerda batendo em sequência no chão era a prova mais realista que Minho poderia receber.

– É... Então é melhor eu me preparar já... Vai ser complicado agora que já sei que até você tem medo dessa merda de corrida. – Minho suspirou, ponto as mãos contra os fios laranjas antes de joga-los para trás – Mas que merda...

Jisung não se manteve por muito tempo na mansão, ele ao pé da letra só havia ido até ali apenas para contar ao Lee sua descoberta, então o melhor a ser feito foi sair em silêncio, não havia muito o que dizer, estava sem palavras, afinal, ele realmente não tinha esperanças de vencer.

Minho por sua vez se manteve no sofá até ouvir a porta bater e misteriosamente o som do trinco soar, assustando o Lee com o fato de que Jisung de alguma forma, tinha uma cópia da chave de sua casa, já que Felix e seu pai estavam com as deles e Minho estava na frente da mesa de vidro com o chaveiro e sua chave em cima, então a chave que trancou sua porta era uma cópia.

– Sabia que o louco era um stalker do caralho... – Minho riu ladino, não iria reclamar, afinal... Aquele bochechudo era mesmo uma gracinha.

O som do carro soou, acelerando entre as ruas conforme se afastava da enorme mansão de Minho.
Os olhos atentos nas ruas estavam fixos, as mãos ainda trêmulas seguravam o volante como se sua vida dependesse disso, virando seu carro em uma curva apertada em perfeitos 90°.

O som das rodas traseiras derrapando pela velocidade alta e o movimento brusco soaram, o motor roncou com fúria quando o Nitro foi ativo e o carro praticamente voou entre as ruas de mão dupla que estavam vazias devido a hora.
Par qualquer pedestre, coisa que não havia também devido a hora, tudo o que seria visto é um vulto neon chamativo, além do som alto e estrondoso.

O carro continuou a toda velocidade, a colina se aproximava conforme se afastava da cidade e o Nitro ainda tinha todo seu poder, até completar a subida e o Han sorrir.
A imagem da descida aparentemente infinita e completamente ingrime estava a sua frente e seu carro já alcançava sua beira, bastou alguns segundos contados a dedo e o carro desceu com toda sua velocidade.

O corpo do Han chegou a saltar do banco por dois segundos inteiros que na visão do bochechudo, pareceram passar em câmera lenta.
As rodas chegaram a saltar alguns centímetros do chão quando passou pelo quebra-molas próximo ao fim da colina, o chão parecia próximo demais do paralama do carro, como se a qualquer instante o veículo fosse bater.

– É... – sussurrou o Han conforme lentamente diminuía a velocidade e o carro desacelerava, parando perfeitamente bem estacionado no quintal da casa mediana com as paredes da mesma cor de uma madeira clara – Eu consigo vencer sim, Lee Know...

Not Easy ( Lee Know Centric )Onde histórias criam vida. Descubra agora