Murphy's

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Os olhos cansados piscavam lentamente, estava exausto, mal saiu do hospital e dirigiu uma cidade inteira de distância, quando chegou em casa apenas se jogou na cama e desmaiou de exaustão, não dormiu, desmaiou, pois sentia que estava conseguindo ouvir tudo ao seu redor e ainda estava exausto mesmo acordando agora novamente.
Suas memórias chegaram a se confundir, olhando para o teto branco com as sombrancelhas franzidas, ouvindo o som irritante do telefone tocando ao lado de sua cama.

Um suspiro cansado soou de sua boca, levando o braço lento e dolorido na direção do aparelho, vendo primeiramente o nome "Nerdola" salvo, chamando irritante no seu ouvido.
O Lee queria jogar o telefone na parede e fazer esse imbecil engolir os caquinhos.
Mas foi então que se lembrou da cena do Han batendo o carro, seu coração apertou e o reflexo de atender a ligação veio em imediato.

– Oi... – sussurrou o Lee, a voz rouca e sonolenta soou pelo telefone.

Lee... Aconteceu um problema... – o Yang disse baixo, parecia aprensivo – Por favor, não surta.

– Você está me deixando preocupado. O que foi? – perguntou, o Yang pareceu engolir a seco, trêmulo e nervoso. – O Han piorou? Aconteceu algo a ele?

Na verdade ele até acordou, mas desmaiou de novo. O problema não é ele... Minho... SpearB e Puppy apostaram um Racha... Pois os chefes da corrida obrigaram eles, caso contrário iriam ser mortos. Eles correram mas... O carro do seu irmão estava com o freio burlado e ele não conseguiu realizar o drift corretamente. – a cada palavra o coração do Lee falhava uma batida – O carro desgovernado do seu irmão bateu contra o carro do Binnie e... O seu irmão bateu o carro depois da linha de chegada e quebrou o braço... Minho... Não surta...

– Eu... Aonde ele está? E o Seo? Ele está bem? – o Lee simplesmente se levantou em um salto, correndo para buscar suas roupas no armário.

Então... Changbin bateu o carro de frente, Minho... – o soluço de desespero soou pelo telefone, o coração de Minho já não sabia mais bater – Ele quebrou as duas pernas e um pedaço do ferro do carro atravessou o estômago dele.

O celular do Lee deslizou de seus dedos suados, os olhos arregalados fitavam o vento com aflição, prendendo a respiração com as orbes úmidas.
Na sua cabeça o pior cenário possível se passava diante de seus olhos, parecia visualizar a cena como se estivesse lá.

O celular se espatifou contra o chão, o som alto soou pelo comodo, só ouvindo batidas na porta e a voz de seu Pai falando desesperado sobre o acidente de seu irmão, pelo visto até o Lee mais velho só descobriu nesse momento.
Minho acreditava que não teria como tudo isso não piorar, sua cabeça estava rodando, não sabia mais o que faria, até a porta ser aberta a força e seu pai não lhe dar chances de respirar, apenas sentindo as cintadas, tapas, socos e chutes contra seu corpo.

Afinal... O que foi ele fez?

Seus olhos estavam estaticos, não chorava e nem gritava, apenas segurava as lágrimas com toda a força do mundo, pois se negava chorar na frente desse homem.
Mesmo que doesse, segurou com tudo o que tinha a vontade de gritar, apenas aceitando os golpes.

As marcas vermelhas, roxas e verdes começaram a surgir, seus dedos tremiam, tudo o que poderia fazer naquele instante era aguentar, ser forte, pois quando ele enjoasse dele bater, enfim poderia descansar.

Quem ele queria enganar? Ele sequer iria dormir enquanto não fosse até o hospital e visse seu irmão, mas sabia muito bem que seu pai o impediria e talvez até apanhasse mais...
Também não teria chances de ver Changbin, o pai dele era CEO de uma empresa de contabilidade famosa próxima a uma faculdade local, ele nunca apoiou essas corridas loucas do filho, obviamente o impediria também.

Céus, iria enlouquecer. Tantas coisas em sua cabeça, mas nada iria explicar a razão de eu pai o puxar pelos cabelos até o jogar contra o chão frio da rua.
Seus olhos se arregalaram percebendo que o mais velho o deserdou naquele exato instante, com os dedos trêmulos tocando a grama do quintal, enquanto soluçava, finalmente permitindo as lágrimas de escorrerem pelas suas bochechas.

– Nunca mais... Ouviu bem? Nunca mais... Chegue perto do meu filho. – disse o homem se afastando.

Minho tremeu, vendo o homem entrando naquela maldita casa e o prendendo no lado de fora, mesmo vestido, Minho estava com frio, seu corpo não queria o obedecer, mesmo caminhando lentamente, ele não queria o respeitar.

Know não sabia para aonde iria, seu mundo havia caído de frente para si, em segundos havia perdido tudo o que construiu.
Não tinha nada em mente, apenas seguiu caminhando por horas, longas e demoradas horas, a sorte era o fato da iluminação pela madrugada ser escassa e as ruas estavam desertas.
Minho, mesmo exausto, alcançou o hospital que Jeongin havia dito antes de derrubar o telefone na ligação e perder de vez seu aparelho.

Seus olhos se umideceram ao ver o Yang na recepção do hospital, ao lado do pai do Seo e mais dois desconhecidos.
Os quatro não haviam notado a presença do Lee, porém quando ouviram um soluçar alto e um tom choroso chamando Jeongin, viram a cena deplorável do homem ensanguentado chorando por em um único dia, perder tudo o que mais era importante para si.

Diferente do que imaginou, o pai de Changbin não o culpou, pelo contrário, o homem abraçou seus ombros e sussurrou no seu ouvido.
As palavras soaram doces e gentis, seu coração pareceu doer mais com elas do que com as palavras de seu próprio progenitor.
Seu orgulho, seu ser, tudo havia sido levado aos esgotos quando ouviu o tom suave sussurrar para si.

– Temos um quarto vazio lá em casa... – sussurrou o homem em seu ouvido, acariciando suas costas enquanto falava em um tom suave e aconchegante – ... Sabe... Você não está sozinho...

Not Easy ( Lee Know Centric )Onde histórias criam vida. Descubra agora