Minha vida mudou da água para o vinho. A felicidade de uma criança amada pelos pais, para a tristeza de ser desprezada.
Até meus 11 anos eu era uma criança feliz e amada. Meus pais eram o meu bem mais precioso. Minha vida era perfeita, cercada de amigos, pelo amor e o carinho dos meus pais.
Foi no meu aniversário de 12 anos que a minha vida foi destruída. Meus pais sofreram um grave acidente de carro e não sobreviveram. Por ser filho único e sem parentes, fui levado para o orfanato. Vivi dias de terror. Eu era maltratado por ser um pouco mais alto que as outras crianças da minha idade. Eu não estava aguentando mais aquilo. Então, enquanto todos dormiam, eu fugi. Morávamos em Ayutthaya, desde que minha avó ficou doente. Ela morreu quando eu tinha 8 anos. Tanto meu pai quanto minha mãe eram filhos únicos. Depois de fugir, caminhei por muitos dias, até a cidade mais próxima.
Passei muitos meses morando na rua e comendo comida que eu encontrava por aí. Foi então que em uma noite, um casal me viu enrolado em alguns cobertores que ganhei de uma senhora que morava na rua também.
- O que faz na rua, querido? Onde estão seus pais? – Perguntou a mulher. Ela parecia ter uns 30 anos.
- Eu... Não tenho. Eles morreram. – Falei triste.
- Sinto muito. Que tal vir conosco? Pode morar com a gente. Ter uma casa, comida, roupas limpas. O que acha? - O homem alto se abaixou do meu lado.
- Posso? – Perguntei.
- Claro. Vem. – Ele me puxou pelo braço para que eu levantasse.
Caminhei ao lado deles até chegar em uma casa grande. Entramos e ela me levou até o quarto de hóspede. A cama grande com cobertores em um tom de bege, travesseiros com fronhas brancas, parecia bem macia e quente. Não podia comparar com o cobertor rasgado e as caixas de papelão que eu dormia na rua. A cama era bem maior que a que eu tinha na casa dos meus pais. A mulher me deu algumas roupas e uma toalha, me mandando para o banho.
Assim que terminei e me vesti, desci as escadas procurando pelo casal. Quando entrei na cozinha, eles estavam sentados na mesa.
- Olha só. Ficou bem melhor assim. Venha querido. Preparei alguns sanduíches para você. - A mulher falou.
- Obrigado. Eu estava com fome. - Eu falei ao me sentar e pegar o primeiro.
- Imagino. Então... Qual o seu nome? - O homem me encarou.
- Gulf. E vocês? - Perguntei enquanto comia.
- Eu sou Lauren Muller. E meu marido George. - A mulher respondeu.
- Nome bonito. Parece ser de outro país.
- Somos Americanos. Viemos abrir uma empresa.
- Legal. Meus pais tinham uma empresa de bebidas. Eu sempre ia visitar meu pai no fim do dia depois da escola.
- Interessante. E... Quantos anos você tem? - O homem perguntou interessado.
- 12. Fiz aniversário em Dezembro.
- Um rapazinho já.
Ficamos conversando por mais um tempo, e depois que terminei de comer, eles me levaram para o quarto.
3 anos se passaram e senti que minha vida tinha virado um inferno. Eu era proibido de sair na rua sem permissão, não tinha amigos, não frequentava a escola. Eu era obrigado a fazer todo o serviço de casa e trabalhar na boate dos meus pais. A fase de gentileza deles para conquistar o pobre garoto frágil durou 2 anos e meio. Até eu perceber a verdadeira face do diabo.
- Garoto... Hoje você vai dançar na boate e se comportar. - Lauren disse se aproximando.
- Mãe... Eu odeio dançar. - Eu disse entediado.
- Problema seu. Escuta aqui. Agradeça por eu ter te tirado da rua e ter dado tudo o que você tem. E se quiser continuar tendo um lugar pra dormir e comer, acho bom você me obedecer. Entendeu! - Ela dizia apontando o dedo em meu rosto.
- Entendi, mãe.
- Ótimo. Termine de limpar isso direito. Quero o chão brilhando.
Terminei de limpar a casa e fui para meu quarto. Assim que tranquei a porta, eu me permiti chorar lágrimas de dor.
- Quando isso vai acabar? Mamãe... Sinto sua falta.
E assim começa o meu pior pesadelo.
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Dança com lobos
FanfictionA vida de uma criança é marcada por uma tragédia. Aos 15 anos,é obrigado a dançar em uma boate para homens da alta sociedade tailandesa em troca de comida e um lugar para dormir. Até que um homem misterioso aparece. o garoto sente que esse homem pod...