Capítulo 12 - Precisamos Conversar

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MEW

Eu sabia, em algum momento eu teria que falar tudo sobre minha vida ou parte dela. Eu só não imaginava que seria hoje. Não quando ele presenciou tudo aquilo. Ainda estávamos sentados no tapete da sala, um de frente pra o outro.

- Bom... Eu não tive uma infância muito boa. Meus pais viviam em conflitos no casamento por causa das traições do meu pai. O homem amoroso e perfeito que eu conheci... Se transformou em um homem frio, ciumento e agressivo. Eu apanhava todos os dias, minha mãe apanhava... – Ele me interrompe tocando em minha mão quando nota minha raiva.

- É por isso que ficou com raiva aquele dia? No aniversário do Yin?

- Sim. Eu tenho raiva dele, por tudo o que ele fez. Quando minha mãe estava grávida da Jom, ele bateu tanto nela que ela quase perde. Foi nesse momento que eu decidi fazer ele pagar. Estudei, me formei, consegui um cargo como administrador na empresa do meu pai e quando eu tive a total confiança dele, roubei a empresa.

- Como?

- Com a ajuda de um advogado, construí um documento camuflado onde ele passava a empresa para mim e todo o dinheiro e imóveis para minha mãe. Assim que tudo foi legalizado na justiça, eu o expulsei. Mas ele não parava de nos ameaçar, então eu convenci minha mãe a se mudar de Nonthaburi para Bangkok com meu irmão. Eu cuidei deles por 6 meses, com 19 anos, conheci Ann, namoramos por 3 meses e nos casamos.

- Hm. E... Você gostava dela?

- Sim. Foi por ela que eu me mudei para Pathum Thani. Éramos muito felizes, eu me apaixonava a cada dia por ela. Mas... Tudo mudou depois de 2 anos. Eu sentia ela distante, sempre saía a noite, quando eu viajava ela desligava o telefone. Até que em uma tarde, eu voltei mais cedo e ao entrar no nosso quarto... Ela estava dormindo com um dos seguranças.

- Ela traiu você? – Assenti. – E ai?

- Em um primeiro momento, eu fui tomado por uma tristeza, mas quando a raiva veio... Saquei a arma e atirei na cabeça deles.

- Hm. – Ele veio para meu colo e me abraçou. Abracei ele de volta. – Eu nunca te trairia. Eu não teria coragem de fazer isso com a pessoa que me salvou daquela vida.

- Eu sei. Você também mudou a minha vida.

- Então foi por causa dela que você começou a matar?

- Não. Na verdade... Quando eu comecei a trabalhar na empresa, eu conheci um homem que me mostrou uma vida diferente. Foi antes de eu me casar. Ele me ensinou a trabalhar com coisas pesadas... Até que eu segui seus passos e alguns dos homens dele começaram a trabalhar comigo.

- Então você é um...

- Mafioso. Eu comando um dos grupos mais perigosos da máfia tailandesa.

- Ah. E eu posso fazer parte do seu mundo? – Quando ele pergunta, sinto meu corpo paralisar.

- De jeito nenhum! É perigoso demais. Não quero correr o risco de te perder... Você tem que pensar nos estudos, fazer uma boa faculdade... Posso te dar um trabalho como assistente da minha secretária... Mas, jamais quero que se envolva nesse mundo. Eu morreria mil mortes se eu te perdesse.

- Sua mãe sabe?

- Apenas você sabe. Tudo o que você precisa saber agora, eu te disse. Não vamos mais entrar nesse assunto. – Eu disse finalizando essa conversa.

- Mas... Eu quero saber uma coisa. – Ele diz.

- O que?

- Você vai matar a Lauren e o George também? – Eu sempre me fiz essa mesma pergunta. Mas a resposta é simples. Ele teria que decidir.

Dança com lobosOnde histórias criam vida. Descubra agora