Capítulo 10 - Dança da Solidão

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GULF

Continuei sentado no colo dele, sentindo sua mão fazendo carinho em minhas costas. Em segundos eu fechei os olhos e dormi. Não sei por quanto tempo, só acordei quando ouvi o som da sua risada.

- Bom dia, dorminhoco. Até babou de sono. – Me afastei penas para ver a pequena mancha molhada em seu peito. Meu rosto se aqueceu e me escondi no vão do seu pescoço.

- Desculpa. – Falei sem tirar o rosto dali.

- Está com fome? Reservei um restaurante vegetariano.

- Vamos. – Levantei e fui caminhando para fora da sala.

MEW

Depois de almoçarmos, fomos andar um pouco na rua. Peguei sua mão e enlacei nossos dedos. Ele parou de andar, olhou de um lado a outro, olhou para nossos mão e sorriu tímido. Comprei um sorvete para ele e outro para mim, caminhamos até uma praça, onde várias crianças estavam brincando.

- Phi Mew?

- Hm?

- Será que o sorvete não vai fazer mal?

- Não. Qualquer coisa... – Me aproximei dele, ficando a poucos centímetros da sua boca. – Eu cuido de você. – E dei um selinho.

- Phi! – Me olhou espantado.

- Fofinho. Vamos, ainda tenho uma reunião.

Voltamos para a empresa e o restante do dia foi exaustivo.

GULF

Os dias foram passando, já fazem 2 semanas desde que Mew e eu começamos a namorar. Eu estava feliz, mas... De repente uma tristeza começou a surgir. Falei que eu queria ficar em casa, depois que ele saiu, fui para o meu quarto e tranquei a porta. Olhei em volta, observando a decoração. Mew disse que pegou a referência do quarto de Yin, onde havia uma cama suspensa fechada, uma escada lateral e em um dos cantos um cano, igual aos que tinham nos corpos de bombeiro. Me aproximei da barra e toquei com as pontas dos dedos, sentindo a frieza do ferro. Lembranças do passado invadiram minha mente, transformando a tristeza em dor. Peguei o celular e os fones, coloquei uma música em repetição e segurando na barra comecei a dançar. A música seguia lenta, enquanto eu permitia meu corpo se deixar levar nos movimentos. Lágrimas desciam dos meus olhos. As palavras de Lauren, me cortam como facas afiadas.

Seu corpo é  nosso ganha-pão.” “Os homens só querem ter prazer, não existe amor.” “contente-se com sua vida”... Aquelas palavras... “18 mil bahts, por 15 minutos com nossa melhor puta” “se comporte ou vai dormir no frio e sem comida” “Você se acostuma com a dor...”

- Ele me ama... – Eu disse baixo em meio a minha dor.

Dias depois...

Eu me sentia exausto. Minhas mãos sangravam por causa do atrito com a barra, meus pés estavam machucados e cheios de bolhas. Ignorei todas as vezes que ele me chamou, ignorei todas as refeições. Eu estava sentado em frente ao grande espelho, quando a imagem de George e Lauren surgem em meio ao caos.

- “Olhe para você... O lixo humano que você é...”

- Não...

- “Ninguém pode tocar no que é meu. Você é minha puta”

- Para... Me deixe em paz...

- “Ninguém vai amar um garoto de programa. Você nunca vai sair daqui  com vida.”

- Ele me ama... Ele me ama... ELE ME AMA! AAAAAAAAAH – Joguei o celular no espelho que se quebrou, caindo em cima de mim. Ouvi batidas e gritos do outro lado da porta.

Dança com lobosOnde histórias criam vida. Descubra agora