Capítulo 1 - Antes de Você Chegar (Parte 2)

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PHAILIN

Eu ainda não acreditava que tudo o que aconteceu. Há quase 1 ano, perdi minha melhor amiga e o marido, o filho que ela confiou em mim para cuidar e proteger, foi tirado de mim. Quando consegui resolver a questão dos papéis, a pior notícia que eu poderia receber... Gulf havia fugido do orfanato. Apesar das buscas, até hoje não o encontrei.

- Amor... O jantar está pronto! - Kiet falou ao abrir a porta.

- Estou sem fome. - Falei sem tirar os olhos do porta retrato. A última foto que eu tinha dele. Era da última noite que esteve aqui.

- Lin... Você não pode continuar assim.

- Porque ainda não o encontraram? - Eu disse e uma lágrima escorreu do meu rosto.

- Lin, querida... Os policiais ainda estão procurando. Logo o encontraremos.

- E se não o encontrarem? Estamos nessa há quase um ano, Kiet. - Eu disse e ele me abraçou.

- Eu sei, meu amor. Não vamos desistir. Agora vem... Vamos comer.

Mesmo relutante, eu fui. Eu não vou perder a esperança de encontrar o meu pequeno. Pode demorar meses, mas eu vou encontrá-lo.

GULF

Depois que comemos a comida que eu trouxe, eu me sentei enrolado em um cobertor para olhar as estrelas. Waan, conversava com um homem, também morador de rua. A noite se estendia e a cada momento o fluxo de carros e pessoas diminuíam. O tempo passa e não se vi ninguém andando na rua.

- Gulf, querido. Está na hora de dormir. - Waan diz.

- Eu já estou indo.

Me ajeitei sobre as caixas de papelão e me cobri. Mas ainda estava sem sono.

- Waan... Você sabe como são formadas as estrelas?

- Poeira e gases. Mas, há uma lenda que diz que as estrelas são almas. Quando as pessoas morrem, as almas viram estrelas que guiam o caminho das suas famílias.

- Então... Meus pais podem ser estrelas também?

- Se você acreditar... - continuamos conversando, até que ouvi vozes. Um casal se aproximava. Eu estava enrolado em cobertores.

- O que faz na rua querido? Onde estão seus pais? - Perguntou a mulher. Ela parecia ter uns 30 anos.

- Eu... Não tenho. Eles morreram. - Falei triste.

- Sinto muito. Que tal vir conosco? Pode morar com a gente. Ter uma casa, comida, roupas limpas. O que acha? - o homem alto se abaixou do meu lado.

- Posso? - Perguntei.

- Claro. Vem. - Ele me puxou pelo braço para que eu levantasse.

- E Waan? Ela vai ficar sozinha.

- Venha aqui, meu querido. - Fui até Waan que estava sentada. - Vá com eles. Por mais que eu adore sua companhia, a rua não é um lugar seguro para uma criança.

- Mas, vovó... Não quero te deixar sozinha.

- Não vou estar sozinha. Tenho Deus comigo. Vá com eles e venha me visitar. - Ela diz e me dá um beijo de despedida.

- Eu te amo vovó. Vou sentir sua falta.

- Eu também te amo, querido. Também vou sentir sua falta.

Depois de me despedir, caminhei ao lado deles até chegar em uma casa grande. Entramos e ela logo me levou até o quarto de hóspede. A cama era grande, com cobertores em um tom de bege, travesseiros com fronhas brancas. Parecia macia e quente. Não podia comparar com o cobertor rasgado e as caixas de papelão que eu dormia na rua. A cama era maior do que a que eu tinha na casa dos meus pais. A mulher me deu algumas roupas e uma toalha, me mandando para o banho.

Dança com lobosOnde histórias criam vida. Descubra agora