Capítulo 4 - Posso Ser Eu?

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GULF

- P'Mew... Você voltou!

Ele estava ali, no quarto. Ele não foi embora. Ele não me deixou sozinho. Eu sentia meus olhos arderem, querendo derramar mais lágrimas. A mãe dele me deu um beijo no topo da minha cabeça, pegou a bandeja e saiu. Enquanto Mew apenas deu passagem para ela e depois fechou a porta e caminhou até onde eu estava... E então me abraçou.

- É claro que eu voltei. Eu sinto muito. - Mew diz fazendo carinho em minha cabeça.

- Eu achei que você havia se cansado de mim. Pensei que não voltaria mais.

- Bobagem. Eu só estava resolvendo algumas coisas da minha empresa. Mas... Agora já está tudo resolvido. - Mew diz com um sorriso. - Porque... Você não vai tomar um banho? Eu vou comer alguma coisa e volto pra cá. - Ele colocou a mão em minha testa e meu pescoço. - Você ainda está com febre...

-Eu estou bem. - Eu disse e saí do abraço, me levantando.

Eu estou feliz que ele tenha voltado. Ele não me abandonou.

MEW

Assim que ele entrou no banheiro, fui até o closet e peguei um moletom e uma calça. Deixei em cima da cama pra ele e saí. Fui até a cozinha e encontrei minha mãe e meu irmão.

- E então? - Tong pergunta assim que sento em uma das banquetas do balcão.

- Ele está tomando banho. A culpa disso tudo é minha - Falei tampando meu rosto com as mãos.

- Porque, meu filho?

- Ele achou que eu tinha ido embora. Eu estava resolvendo umas coisas na empresa, esqueci de avisar Tong.

- Querido, não se culpe. Gulf tem muito mais problemas que possamos imaginar. Temos que... Fazer com que ele se sinta melhor e mais confiante. - Minha mãe diz e me entrega um prato de macarronada. - Precisamos fazer ele esquecer das coisas ruins.

-A senhora descobriu alguma coisa? - Perguntei e ela assentiu positivamente. - E o que ele disse?

- Desculpe, querido. Não posso dizer nada sobre isso. Mas, o meu diagnóstico... Gulf tem depressão profunda. Precisa de cuidados.

- Eu entendo. As pessoas que fizeram isso, deixou marcas profundas nele. Amanhã... Eu vou levá-lo para comprar algumas roupas. As minhas ficam enormes nele. - Eu disse e olhei para meu irmão. - O quarto está pronto?

- Ainda não. Há uma infiltração no banheiro que ainda não foi resolvida.

- Talvez... Eu vou para meu apartamento com ele. Melhor deixá-lo com mais privacidade.

- Eu discordo. Mew... Não é bom deixar ele sozinho. Imagina quando você for trabalhar?

- Ok. Já entendi. Eu vou dormir. Boa noite.

- Boa noite. - Meu irmão e minha mãe falaram em uníssono.

Subi as escadas até o quarto e quando entrei, apenas as luzes dos abajures estavam acesas. Gulf estava sentado na cama, vestindo o moletom que deixei para ele e abraçado com um travesseiro.

- Achei que estava dormindo. - Falei me aproximando da cama e colocando a mão em seu pescoço. - A febre baixou um pouco.

- Eu estou melhor, phi.

-Isso é ótimo. Eu vou tomar um banho rápido. - Eu disse e ele assentiu.

Tomei um banho gelado, troquei de roupa e voltei para o quarto. Ele estava deitado, mas ainda acordado. Deitei na cama, apaguei as luzes. Eu tinha o sono leve, então cada movimento dele, eu acordava.

Dança com lobosOnde histórias criam vida. Descubra agora