A surpresa estampada em nossas faces logo foi substituída pela expressão de incômodo. E, por subsequente, Noah deu início às provocações quando fechou a cara e disse entre os dentes:
— Não há um dia sequer que eu não esteja condenado a ver essa sua cara?!
— Eu pensei que teria um pouco de paz hoje longe de você. — Retruquei. — Então, por que você está aqui, caralho??!!
— Você destruiu as minhas roupas, esqueceu?! Por que VOCÊ está aqui?!
— Porque você jogou minhas coisas no lixo, gênio!
Sem mais réplicas ou justificativas, nós dois nos mantemos num silêncio de irritação, até que nossos olhos caíssem para nossas mãos que ainda seguravam a vestimenta e encontrássemos um novo motivo fútil para discutir:
— Solta! — Pedi ao puxar a mesma.
— Solta você! — Ele puxou de volta.
— Esse nem é o tamanho de roupa que você usa, é grande demais!
— Nem o que você usa! É pequena demais! Você gosta tanto assim da atenção dos outros no seu corpo?
— A única pessoa que parece prestar tanta atenção é você, já que não é a primeira vez que fala sobre meu corpo! — Rebati, surpreendendo o garoto que cessou o pequeno "cabo-de-guerra" que estávamos fazendo com a camiseta.
Aguardei a réplica que acabou não vindo. Noah apenas franziu as sobrancelhas e soltou de uma só vez a peça, fazendo-me recuar quando a força contrária se encerrou e o objeto voltou para mim.
— Pode ficar com isto, eu não quero mais. — Disse antes de se virar e começar a andar.
Permaneci imóvel no lugar, matutando sobre o motivo de sua desistência tão repentina, pensando que talvez ele tenha ficado constrangido com o que falei.
Tentei ignorar a situação ao seguir com minha compra, mas um estranho peso na consciência que me atormentou durante os minutos seguintes me fez abandonar a camiseta e ir à procura de Noah, mesmo tendo consciência de que isso acabaria em uma outra briga.
Logo após, deixei a loja e corri os olhos pelos arredores, não demorando nem um pouco para encontrar a figura alaranjada no meio dos outros japoneses. Segui então para a pequena loja de sorvetes onde ele se encontrava:
— Um sorvete de um sabor, por gentileza. — Disse ele, estendendo o dinheiro.
— Dois sorvetes de dois sabores! — Corrigi ao esticar um pouco mais além o dinheiro que eu estava segurando, sendo este apanhado pelo atendente que agradeceu e deu as costas para apanhar as casquinhas e iniciar a montagem do meu pedido.
— O que você quer de mim agora?! — O garoto perguntou ao me olhar. — Sério, por que não me deixa em paz?! Qual é o seu problema?!
— Calma, okay? Eu só paguei pelo seu sorvete.
— Eu não pedi para que pagasse para mim!
— Mas eu quis pagar para você! — Anunciei, deixando-o sem resposta por um momento. — Só quis ajudar.
— Eu pedi um sorvete de apenas um sabor! Até quando você quer me ajudar, você me atrapalha! — O garoto se virou para os sorvetes expostos nas cubas fixadas ao balcão. — Eu tinha escolhido apenas morango e agora terei que escolher mais um.
Revirei os olhos por ele ser incapaz de apenas agradecer, respirei fundo e permaneci tentando ser cordial:
— Escolha, chocolate...Sei lá!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love to hate • [Suna Rintarou]
FanficApós descobrir que sua antiga paixão se casou com outra pessoa, Suna Rintarou decide retomar os estudos que havia deixado de lado. Entretanto, ele apenas não esperava que a presença de um jovem estudante em sua classe despertasse nele um sentimento...