Cap.4 | Doce vingança

822 129 421
                                    

Não demorei muito para processar a terrível informação, apenas também me apressei para recolher todos os meus pertences da mesa e ir até o professor:

Kimura-sensei! — Noah e eu pronunciamos em uníssono.

— Se acalmem! Eu trouxe folhetos suficientes para todos. — O homem alegou serenamente.

Desculpe, mas... dentre todas as pessoas, por que escolheu ele para ser minha dupla? — Questionei.

— Compartilho da mesma dúvida! — O garoto ao meu lado acrescentou.

— Bem, vocês dois são meus melhores alunos. Estou ansioso para vê-los trabalhando juntos.

— Kimura-sensei, eu gostaria de poder fazer este trabalho sozinho. — Noah pediu.

Poderia reconsiderar sua decisão de nos manter como equipe? — Completei.

O homem pareceu não gostar de nosso pedido e dividiu seu olhar entre nós por um momento antes de dizer:

— Vocês dois têm um grande potencial, mas será inútil se não conseguirem executar uma tarefa sem deixar de lado as diferenças. Não vou obrigar vocês a serem uma dupla, mas peço que se resolvam entre si caso queiram atingir a nota média necessária para esse trabalho.

Certo, obrigado. — Entendi o tom rígido como o fim da conversa.

— Obrigado. — Noah também se rendeu e apanhou o folheto, parecendo ainda relutante.

Com isso, nos curvamos e deixamos a sala de aula. Noah acelerou seu passo para manter distância de mim, mas também me pus a andar rápido, disposto a ter uma conversa civilizada com ele.

Ei, Noah. Espere! — Falei ao alcança-lo. — Nós não temos escolha.

— Temos sim! O professor disse que não vai nos obrigar a fazer juntos.

Mas ele não vai ser generoso na pontuação se fizermos sozinhos, você não entendeu o que ele fez? Ele praticamente disse que não vai nos obrigar a fazer o trabalho como dupla, mas, se não fizermos, nossa nota vai ser baixa!

— Eu só preciso dos pontos necessários para passar, consigo recuperar tranquilamente no próximo semestre.

Deixe de ser idiota! — Me irritei, segurando seu braço para fazê-lo parar de andar. — Apenas faça sua parte e eu irei fazer a minha. Não precisamos necessariamente fazer tudo juntos!

— Eu trabalho melhor sozinho! — Livrou-se de minha posse num movimento brusco e seguiu andando, deixando-me sozinho no meio do corredor.

Ao menos consegui tentar dialogar com Noah no dia seguinte, dado ao fato dele estar me evitando. E, como não haviam aulas aos domingos, o garoto apenas sumiu antes mesmo que eu acordasse. Por esse motivo, decidi ir até a casa de Osamu para aliviar todo o estresse acumulado desta primeira semana de aula, sendo recebido pelo outro homem que ali morava:

— Olha só quem está de volta. — Yuxian anunciou assim que abriu a porta. — Porém, sinto em lhe informar, Osamu não está em casa ainda.

Ele está no restaurante?

— Ele foi até a mercearia comprar tayaki e suco de laranja.

Posso entrar mesmo assim? — Perguntei, ganhando um olhar surpreso do maior.

— Por favor, entre! Ele deve voltar dentro de alguns minutos. — Cedeu espaço para que eu passasse pela porta e assim o fiz. — Além disso, você tem coisas para me contar.

Love  to  hate •  [Suna Rintarou]Onde histórias criam vida. Descubra agora