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- Acho que a Hera é a primeira gata obesa que eu conheço. - Mason comenta enquanto andamos em direção a uma das casas de rações mais sofisticadas das redondezas. Hera pode ser só uma gata, mas consegue ser mais exigente do que eu.

- Você acha? - Pergunto sorrindo. Já tentei diminuir a quantidade de comida dela, mas sempre recebo uma gata emburrada como pagamento.

- Cassie, você vai morar com o Vinnie? - Ele pergunta um pouco receoso. É a primeira vez que ele toca no assunto "vinnie" desde que saímos da casa dele. Eu sinto vontade de rir. Mason acha que vou abandoná-lo?

- Bom... sim, mas isso não quer dizer que vou me afastar de você. - Esbarro no seu ombro propositalmente. - Aliás, a Hera nunca vai me deixar ficar longe de você. Teremos guarda compartilhada.

Apesar de, tecnicamente,  não morarmos na mesma casa, Mason passa mais tempo no meu apartamento do que no dele. Então estamos acostumados assim, mudar é sempre difícil.

- Eu estou muito feliz por você, Cassie. - Ele sorri. - Como se sente com tudo acontecendo tão rápido?

- Hummm... sinceramente? eu tô com medo, mas eu amo aquele homem, não poderia estar mais feliz. - Meus pensamentos nos últimos tempos estiveram focados em todas as tragédias que resolveram acontecer uma atrás da outra, mas agora eu sinto que posso ter um recomeço.

- Vai dar pra trás? - Sua pergunta tem um tom de brincadeira, mas sei que no fundo ele está sendo sério.

- Nunca. - Sorrio esbarrando meu ombro no dele de propósito.

Meu celular começa a tocar. O nome "Mãe" aparece na tela e meu coração aperta por longos segundos. Não liguei pra ela depois do enterro fracassado do meu pai, as coisas estavam tão estranhas.

- Mason... você pode comprar a ração e levar pra Hera? eu chego depois. - Pergunto mordiscando meu lábio.

- Tá tudo bem? parece que viu um fantasma. - Pergunta franzindo as sobrancelhas e toca gentilmente no meu ombro. 

- Tá tudo bem, só preciso atender uma ligação. - Forço um sorriso balançando o celular. Tenho certeza que ele não acredita em mim, mas vai me deixar ir de qualquer maneira. É isso que gosto nele.

- Ok... pode ir. Eu vou colocar na sua conta, bobinha. - Ele diz se referindo a comida da Hera.

Dou um beijo em sua bochecha e murmuro um "obrigada". Volto a olhar para a tela, mas a ligação já não está mais aqui. A última vez que falei com a minha mãe não foi de um jeito muito legal.

Continuo andando em linha reta sem um destino específico em mente e decido retornar. Sou atendida na terceira chamada.

- Mãe? - Minha voz sai mais baixa do que eu havia planejado, mas fico feliz que ao menos eu tenha conseguido falar.

- Cassie. - Escuto seu suspiro do outro lado da linha. - Como você está filha? não tive notícias suas...

- Estou bem. - Murmuro. - Eu precisava mesmo falar com você. Sei que na última vez em que a gente se viu as circunstâncias não eram boas e o jeito que a gente se despediu... eu sinto muito, mãe. Não queria ter falado daquele jeito, mas você sabe que toda essa história do meu pai não me agrada.

Odeio brigar com a minha mãe, até mesmo quando a errada não sou eu. Acho que já está na hora de colocar as coisas no lugar.

- Filha. - Ela tenta falar, mas eu interrompo.

- Calma, ainda não terminei. Eu... - Respiro fundo antes das palavras deslizarem pela minha língua. - Eu vou me casar, mãe.

- O que?! - Ela grita e eu afasto o celular do meu ouvido. - Você tá brincando? com quem? aquele garoto?

OBSESSIVE - VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora