Em dois dias, o detetive contratado conseguiu descobrir os endereços dos receptores dos órgãos da Eva.
A mulher que recebeu seu coração, não vive a mais que 100km, enquanto o homem que recebeu um dos rins, vive a uns 300km, de distancia de mim. Por enquanto iria procurar pela mulher de nome Brenda. Junto com o endereço, o detetive também descobriu o endereço do seu local de trabalho, um hotel. Como a minha intenção era apenas ver a pessoa, achei até uma sorte ela trabalhar num local público, onde poderia estar próximo e vê-la, sem ter que me identificar ou segui-la.Peguei no telefone e liguei para o hotel. Fiz uma reserva de três noites. Seria o suficiente para me cruzar com ela em algum momento durante o serviço.
Como não tinha qualquer referência física dela a não ser a idade, teria que me guiar pelo nome do crachá de identificação que normalmente usam.É alguém jovem.
Estou a caminho do hotel com certa ansiedade. Talvez medo que esta loucura agrave ainda mais o meu estado. Em menos de 45 minutos cheguei ao meu destino, Mira. Deixo o carro no estacionamento privado do hotel, que é ao ar livre. O hotel é um 3 estrelas, bastante simples e já antigo no exterior, mas pelas fotos que vi no booking, foi remodelado recentemente no interior, assim como a decoração dos quartos. Os comentários eram também na sua maioria positivos. Fixei a entrada e respirei fundo antes de entrar, sinto um nervosismo estranho pelo que estou prestes a fazer. Caminho a passos lentos, pois quero analisar cada detalhe e cada uma das mulheres com quem me possa cruzar ali.
A porta de vidro espelhada abre-se automaticamente, e eu entro já me apercebendo de uma jovem de cabelos castanhos compridos presos, na recepção. Será ela? Os batimentos do meu coração aceleram à medida que a distância entre nós diminuiu.
Ela sorri de forma profissional na minha direção.— Bom dia, Senhor! Seja bem vindo ao nosso hotel! Tem alguma reserva?
— Bom dia! Sim, tenho.
Procuro o seu crachá de identificação e ela não tem. Merda! Não poderia simplesmente chegar e perguntar se era a Brenda Tavares. Que justificação eu daria?
— Em qual nome, senhor?
— Rodrigo Martins.
Ela introduz os meus dados no computador que havia diante dela. No mesmo momento chega outra jovem também ela de cabelos castanhos, também eles presos, seus olhos são verdes. Dá também um sorriso profissional para mim à sua chegada. Senti algo estranho neste momento. Seria ela a Brenda?
— Bom dia!
Ela cumprimenta educadamente, desviando agora seu olhar sobre os papéis que estavam na recepção. Meus olhos não saem dela.
— Brenda, não estou a conseguir aceder ao sistema. Podes ver se encontras nos papéis a reserva no nome Rodrigo Martins, por favor? Vou chamar o gerente. O sistema está a dar erro novamente. Aproveito e coloco o meu crachá que esqueci.
Meu coração para umas batidas quando ouvi aquele nome. Então era ela. Tento não mostrar o meu nervosismo. Olho o seu crachá que realmente confirmava seu nome.
— Claro, Sandra. — ela responde dando um novo sorriso à colega e outro para mim.
A sua colega sai e ela rapidamente procura meu nome entre os inúmeros papéis que haviam diante dela.
— Desculpe a demora, senhor Martins. O sistema sempre falha nestas horas.
Ela explica-se ainda com a atenção nos papéis.
— Não há problema, não estou apressado.
— Aqui está! —Ela sorri novamente com o papel em mãos. — O seu quarto é número 405, no quarto andar. O elevador encontra-se neste corredor à sua direita. — fala a apontar a direção.
Ela estica um cartão na minha direção sorrindo.
No momento em que seu olhar cruza com o meu, tive a sensação que o tempo parou. Seu olhar estava no meu, e o meu preso no dela. Seus olhos verdes são expressivos, meigos e seu sorriso é doce. Seu semblante se fecha corando, há também preocupação.— Senhor, Martins?! Está tudo bem?
A voz da colega que entretanto chegou sem que eu me tivesse apercebido, fez-me sair daquele bloqueio. Merda, por quanto tempo estariam a chamar por mim sem que eu ouvisse?
— Desculpe! Sim estou, estava com os pensamentos longe.— respondo olhando-a. Sandra também me olha sem entender o que se passou.
Volto o olhar para a Brenda que ainda tem o cartão nas mãos, estendido ainda na minha direção. Um novo sorriso constrangido se forma em seu rosto.
— Desculpe, obrigado!
Pego o cartão, e dirijo-me para o elevador, a sentir-me no homem mais estúpido da face da terra.
Que vergonha meu Deus!
Se eu queria ser discreto, sem dúvida a minha missão, foi completamente falhada com sucesso. Subo ao quarto andar e entro no meu quarto. Era um espaço pequeno, mas as cores neutras o tornava num local calmo e aconchegante. Sento numa pequena poltrona que havia ali e esfrego a minha cara, para tentar espalhar a vergonha que ainda sentia de mim próprio. O que elas deviam ter pensado? Que eu era algum louco, ou algum daqueles homens babões que não pode ver uma mulher bonita.
O telefone do quarto toca.
— Sim!
— Senhor Martins, é a Sandra da recepção. Como forma de recompensa, pela demora no atendimento por falha do sistema, vamos enviar uma bandeja de boas vindas. São alguns queijos, compotas, tostas e um vinho da região. Queira desculpar o incómodo.
— Muito obrigado.
Ela desliga e eu sento na cama a pensar como aquela mulher Brenda mexeu comigo. Eu devia ter ouvido o Nuno, e não ter vindo. Ela não é a Eva, e ainda por cima acho que a assustei. Que raios eu estou a fazer?
🫀🫀🫀
O tão esperado encontro aconteceu! E a Brenda parece ter mexido com o Rodrigo 🥹
Será que ele fez bem em procurá-la?
Acham que lhe vai contar quem é?
Fico muito feliz que estejam a gostar da história 🙏😍
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Teu Coração ( Disponível na Amazon)
RandomRodrigo perde sua noiva Eva, num terrível acidente automóvel. Seus órgãos são doados. Nunca conformado com sua morte, Rodrigo procura quem foi o receptor do coração de sua falecida noiva, na ilusão de se sentir um pouco mais próximo dela ao conhecê...