Capítulo 19

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Ela caminhava lentamente para dentro do galpão, tudo era tão sujo e asqueroso. Ana escutava barulhos de ratos e o suor escorria pelo seu pescoço. Ela estava fraca.

—Então você veio mesmo. -- A voz feminina era fria como uma noite fria e nebulosa. -- O quanto será que vale aquele pirralho?

—Quem é você? Cadê o meu filho?! -- Ela gritou.

Você não me conhece, querida, mas sou conhecida entre a família do seu marido. Eu sou  Katherine Martinez.

—Você é a mãe da Chlóe... -- Ana suspirou. -- por favor, me devolva meu filho. Eu não contarei a ninguém, mas por favor... não o machuque. -- Ela implorava.

—Você acha mesmo que eu quero aquele garoto que não tem nem sangue nobre? Para mim ele pode morrer! Eu não estou com ele. -- Ana Lívia engole em seco e caminha para perto da mulher, que estava parada no meio do galpão. -- Não se aproxime! -- Disse ela sacando uma arma.

—O que você disse sobre o meu filho, sua víbora?! -- Ela gritou.

—É isso mesmo! Por causa dele e por sua causa eu perdi meu filho, e minha filha ficou louca. -- Ana a observa com dúvidas enquanto a mulher chora copiosamente, ainda apontando a arma para ela. -- Cameron, meu menininho. Ele morreu junto com o irmão do seu marido, aquele maldito. Foi um erro, um pequeno deslize. Não era para ele entrar naquele maldito carro. -- Katherine começa a andar de um lado para o outro com uma mão na cabeça, parece estar revivendo alguma coisa. Ana então vê ali uma oportunidade de correr em direção a mulher para pegar a arma que está em sua posse.

—Vadia! -- Katherine segura Ana pelos cabelos e desfere alguns tapas em seu rosto fazendo a mesma gritar enquanto tenta pegar a arma.

—Mamãe! -- Em segundos elas param de brigar e olham para a entrada do galpão e vêem Chlóe ali parada com outra arma em mãos.

—Chlóe querida! -- Ela diz eufórica. Ao perceber que Ana está sem ar e o ferimento de sua barriga está sangrando, a mulher mais velha da uma cotovelada fazendo Ana cair e se machucando ainda mais. -- Venha, me ajude! Vamos levá-la para o carro!

—Não Chlóe! Ela está te usando... -- Ana gritava em desespero. -- o que acontecer comigo ela vai culpar você. Você irá voltar para o sanatório. -- Katherine segurou os braços da mulher e a levantou com força e cuspiu em seu rosto.

—Cala a boca, sua vaca. Anda logo Chlóe! Segure ela. -- Chlóe foi em direção a Ana e pegou em seus braços ainda com a arma em punho.

—Eu... u sinto muito. -- Sussurrou ela. Ao caminhar para longe de sua mãe, Chlóe solta o braço de Ana, fazendo sinal para ela correr.

—Mas que porra você está fazendo? Caralho! -- Katherine tenta atirar em Ana que começa a correr com dificuldade enquanto o ferimento em sua barriga sangra bastante.

— Já chega mamãe! -- Chlóe aponta sua arma para ela e atira logo em seguida fechando os olhos. Katherine grita de dor segurando o ombro. -- Isso acaba hoje. O filho que Cameron e Nicholas adotaram é meu. Eu tive sim um bebê com o Will, o melhor amigo de Anthony, mas eu sabia que se você descobrisse iria mandar abortar, e que se Anthony descobrisse terminaria comigo. Will não seria um bom pai... -- ela desabafou. -- Cameron só quis me ajudar, e Nicholas adotou Bryan junto com ele porque os dois quiseram. Então... ele é o seu neto.

—Desgraçada! Você matou seu próprio irmão! Olha o que você fez! -- Barulhos de tiros foram escutados e de repente Chlóe estava estirada no chão. Seu abdômen sangrava bastante e Katherine parou ao seu lado vendo uma lágrima solitária escorrendo no rosto da filha. -- Eu nunca te amei, você é um fruto de uma traição. Você é a decepção da minha vida, Chlóe. Eu deixarei você aqui para morrer devagar, igualzinho fez meu filho morrer. -- Ela começa a se distanciar enquanto escuta a filha ficar sem ar, se sufocando com o próprio sangue. -- Ah, e eu nunca serei avó, principalmente de um bastardo como aquele menino negro.

Não muito longe dali, Ana tenta abrir a porta do carro e sem sucesso começa a andar rápido, já sem nenhuma condição para correr.

—Eu te achei.  -- Katherine aparece em sua frente com um sorriso maligno. -- Só falta cuidar de você, querida.

—Por favor, não! -- Ela grita ao ser pega pelos cabelos e começa a ser puxada para a direção do carro.

—Vamos lá, eu já não sei o que fazer. Vocês duas estragaram meus planos, mas vou terminar logo isso. Amanhã quando encontrarem seu corpo no meio da floresta, eu já estarei longe.


****


Anthony


Eles entraram no galpão acompanhados por equipes de policiais.

—Encontramos uma pessoa ferida, vamos! -- um dos policiais fala e caminha para o centro do local que está revirado.

—Chlóe. -- O que havia acontecido? Era o que ele estava se perguntando.
-- Onde está minha esposa?

—Não temos sinal de mais ninguém. Vamos procurar e mandar a equipe de buscas. Parece que havia um carro aqui.

Eles viam os paramédicos examinando o corpo de Chlóe.

—O chamado de socorro veio diretamente do telefone que encontramos ao lado dela. -- Ele checou o pulso da mulher, uma vez que viu ela suspirando.

—Ela devia ter me ligado antes de agir. Bryan estava em casa esse tempo todo com a babá. -- Anthony diz.


***


—Você não vai escapar, Katherine! Pode até conseguir me matar, mas Anthony não vai deixá-la escapar. -- Ela gritou amarrada no banco de trás. Katherine estava ficando nervosa. -- Todos sabem da morte do seu filho e agora que você mat...-- Katherine não a deixa terminar a frase dando-lhe uma coronhada no rosto. -- ...você está tentando desfigurar meu rosto? Vai precisar fazer melhor que isso! Meu marido é rico e vamos fazer de tudo para você apodrecer na prisão.

—Cala a boca, cala a boca! Eu não aguento mais você! -- Katherine estava descontrolada batendo no volante, ela dirigia muito rapido. Ao olhar para Ana, que gargalhava num pico de nervoso, ela perde o controle do carro, deixando o mesmo rodopiar e capotar várias vezes antes de cair em um barranco.

O cheiro forte de gasolina se alastrava pelo local e as duas estavam presas dentro do veículo. Ana tinha um corte no pescoço e um na cabeça. Katherine estava atordoada e gritava tentando se soltar do cinto.

—Eu vou morrer! -- Ela gritava chorando, com suas pernas presas nas ferragens. Ana tentava soltar as mãos com um pedaço de vidro da janela do carro.

—Vou abrir a porta do. -- Ana Lívia começou a chutar o mesmo com força até que se escuta um barulho alto e estilhaços voam para todos os lados.

O fim.

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