A ficha ainda não havia caído.
Em um dia, Nicholas estava ali com eles. Estavam jantando e sorrindo, ele estava sorrindo bastante. Pensando bem, aquilo parecia uma despedida, pensou Anthony.
Entrando na mansão onde Anthony vivia sozinho, Ana repara alguns quadros antigos. Não dá para entender, mas não deixam de ser bonitos. Eles combinam com Anthony e sua personalidade.
A casa tem um tom escuro e talvez um pouco sombrio.
Ele caminha pela sala se livrando da camisa, não se importando com a presença dela. Ana caminha atrás dele e deixa sua bolsa no sofá grande e confortável.
--Fique a vontade. Você bebe? -- Ele pergunta indo até o bar ao final da gigantesca sala de visita. Ele a fita esperando por uma resposta.
Ele vai beber? Ele acabou de perder o irmão.
-- Não, obrigada. Eu estou bem. Na verdade, queria tomar um banho e descansar. -- A verdade é que ficar ali com Anthony fazia ela lembrar muito mais de Nick.
--Ah, claro. O terceiro quarto à sua esquerda. -- Ele aponta para as escadas. -- Pode usar tudo o que estiver lá.
--Obrigada, senhor. -- Ana segura a barra de seu vestido e começa a subir as escadas. Ela estava muito cansada, havia sido um dia em tanto.
Anthony aproveita o momento para admirar o corpo da mulher que tanto deseja. Ele despeja o conhaque no copo e revira tudo de uma vez na boca.
--Nicholas, seu idiota... olha só o que você deixou pra mim... -- sussurrou ele olhando para as escadas, agora vazias.
&&&
-- Caraca. Não parece um quarto de hóspedes. -- Ela comenta após fechar a porta.
O quarto tem o cheiro de Anthony. A cama tem os lençóis arrumados e bem alinhados. Não há muito o que se ver, então Ana vai até a janela e puxa a cortina na intenção de abrí-la. Do lado de fora, se vê uma piscina ao ar livre e o tempo se fechando. Nuvens negras cobrem o céu. Talvez chova.Nicholas, o que você fez? Qual o propósito disso tudo?
Ana sai da frente da janela e vai até o banheiro de tom escuro.
Lá ela vê uma banheira ainda maior que a de Nick, mas prefere o chuveiro. Precisa que a água leve ao menos um porcento das suas tristeza para o ralo.
Ana usa o shampoo que encontra ali. Alguns minutos depois, com os olhos fechados, se lembra de quando conheceu Nicholas.
Seis anos antes.
Sentada na poltrona de um avião, Ana pensava em muita coisa. A garota já estava com saudades de casa. Da casa das irmãs da igreja, onde ela passou sua juventude.
A estimativa de vôo seria aproximadamente de doze horas. As doze horas mais longas de sua vida.
Ana carregava consigo uma medalhinha com a foto dos pais, que morreram em um assalto dentro do próprio comércio. Ganhara ela no seu aniversário de nove anos, e desde então nunca havia tirado. Sentia-se mais perto deles quando a usava. Deixara então uma lágrima solitária rolar pelo seu rosto enquanto via outros passageiros entrar no avião.
Então olhou para a porta onde havia um homem, lindo por sinal.
Um rosto angelical, alto, com madeixas douradas em meio aos seus cachos soltos. Seus olhos eram um castanho claro, quase esverdeados, dependendo da luz.
Aquele homem estava lindo, em um terno impecável, na cor preta.
Ana estava viajando na sua imagem máscula que nem havia percebido quando o mesmo se aproximava dela, pedindo licença vez ou outra para os outros que também faziam de tudo para chegar em seus respectivos lugares.

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Obsessão
Hayran Kurgu--Eu não aceito me envolver emocionante com você, Anthony. - Ela responde secamente, após isso sai batendo a porta do escritório. -- Seu irmão tinha toda razão. - É uma pena que você não tenha escolha, Ana. -- Ele diz baixinho. -- Você não me conhe...