Drama, vinho e Hogwarts

A beira do lago

Ana Beatriz Crrow, ou como todos a chamavam, Bia, descia do dormitório com duas bandejas nas mãos,  na mão direita ela segurava uma bandeja cheia de doces redondos e laranjas que pareciam ser de abóbora, e na mão esquerda ela vinha com uma torta enorme cujo cheiro de peixe cozido já empestara a sala comunal. 

- Doce de abóbora e torta de peixe. - falou ela, confirmando o meu palpite.  Ana Beatriz, além de um equilíbrio invejável, era conhecida por ser uma exímia cozinheira. Apesar de ter certeza de que estes pratos não tenham sido feitos por ela, e sim pelos elfos domésticos, cujo ela possuía uma amizade baseada em troca de favores. Ela sempre dava presentes de Natal a todos eles, e em troca recebia todos os afagos, donativos e tratamentos especiais que os elfos poderiam proporcionar. Segundo Brenda, sempre que chegavam das aulas e subiam para os dormitórios, em cima do travesseiro da cama de Bia se encontrava um chocolate, um creme ou um doce que só veríamos novamente durante o jantar no salão principal, horas depois.

Os presentes que Ana Beatriz lhes dava, eram diretamente financiados por sua mãe, confeiteira e proprietária de uma formosa loja de doces em Hogsmead, intitulada "Loja de doces gostosos e finos, para todos os agrados, da família Crrow". Sempre ri quando Bia falava sobre ela, pois ela inventou a sigla LDGFPTAFC quando se referia a mesma, o que para mim não fazia sentido nenhum, pois siglas servem para simplificar a fala, não complicá-la ainda mais.

Ana tinha cabelos castanhos que acabavam no meio das costas e um rosto triangular. Sempre falava de sua mãe, uma bruxa, mas quase nunca mencionara seu pai trouxa, apesar de passar as férias com ele uma vez ou outra. Ela vivia pra cima e pra baixo grudada com Brenda, faziam até mesmo as mesmas disciplinas, e enquanto uma era melhor em poção, a outra era melhor em transfiguração, e acho que assim dava certo, pois uma ajudava a outra. Ana vivia falando em querer um namorado, mas sempre que alguém se aproximava dela, ele era baixo demais, loiro demais, ou até mesmo respirava alto demais. Porém, tínhamos 15 anos, havia muito tempo para "resolver" essa questão. "Melhor sozinhos do que se estressando." Eu sempre a respondia.

Bia colocou os pratos no balcão de estudos ao lado das garrafas de hidromel, cujo já se encontravam duas vazias, pois Jessie se adiantara e servira todos, com direito a copos e garrafas flutuando. 

Alessandra, para o desprazer do meu pai, abriu um imenso sorriso quando viu as garrafas de hidromel. Já estava no segundo copo e agora falava sobre nossas férias, cujo não acontecera absolutamente nada de mais. Basicamente ficamos jogando xadrez de bruxo e ajudando nosso pai em criar novos objetos mágicos, entre eles um livro que se abria na página que paramos e uma trombeta que sempre que soprávamos, ele imitava o som de qualquer animal que desejássemos, sendo esse mágico ou não. esse segundo, pensando bem, é um bom assunto para se conversar numa roda de amigos. Nosso pai disse que iríamos ganhar um bom dinheiro os vendendo para magizoologistas.

os minutos foram passando e estávamos mais animados, Brenda agora discutia com Pedro sobre um dia em que ele não a chamara para uma festa em Godric's Hollow. 

-O que você queria em Godric's Hollow? não tem anda lá. Nem sabia que você estava. - comentava ele, já com um tom um pouco alterado pela bebida.

- Não importa, eu fiquei lá sozinha, você poderia ter me chamado. Viu que eu estava lá e não me chamou. Isso é culpa de Diego por ficar insistindo amizade contigo, aí eu vou na onda. - retrucou ela enraivecida. estavam discutindo algo que aconteceu há uns 9 meses atrás, a troco de nada. E assim seguiu-se por mais algum tempo, até ficarmos cansados de ouvir e eles de falar. Falas e falas para depois Brenda empurrar um copo de hidromel direto na goela de Pedro, dizendo que ele estava bebendo pouco. Aquela cena era mais corriqueira do que deveria, então ninguém mais dava atenção. Eles discutiam por alguns minutos, Brenda sempre colocava meu nome no meio da discussão, dizendo que eu nunca deveria ter iniciado amizade com o Longbottom, então minutos depois enfiava um copo da bebida que tinha disponível na garganta de Pedro e eles ficavam bem.