Drama, vinho e Hogwarts

O Hidromel e a velha camaradagem

A data no calendário era categórica, hoje é dia 1 de setembro de 1975, e os ponteiros do relógio da estação apontavam exatamente 10:48. O sol brilhava forte, o céu límpido da chuva que o antecedera. Talvez fosse essa luz e calor que fizesse todos estarem tão agitados. Haviam risos, pés apressados, gritos e até mesmo choros. A plataforma 9  ¾ da estação ferroviária King's Cross em Londres estava mais lotada do que nos outros primeiros de setembro dos anos anteriores. Pais despedindo-se dos filhos, amigos se cumprimentando depois de um verão longe uns dos outros, funcionários alocando as bagagens recitando feitiços, gatos miando, corujas piando e até dava-se para distinguir-se o coaxar dos sapos na multidão.

Eu estava despedindo-me do meu pai, juntamente com a minha irmã Alessandra. Minha mãe ficara esperando no carro, não gostava de despedidas, mesmo que esta tivesse prazo de validade. Ela não mandava nem cartas para nós durante o período letivo, minha teoria é que ela gosta de acumular assuntos para o reencontro,  esses sim ela gasta toda a energia que acumula por esses meses longe.

Meu pai estendeu a mão e entregou um embrulho cor de prata pra mim e logo após virou-se pra minha irmão e entregou outro embrulho, porém esse sendo da cor magenta. Os embrulhos tinham fitas vermelhas exatamente iguais, amarrando o embrulho por inteiro. meu pai disse "abra-os quando estiverem no trem. É um presente meu pra vocês. E lembrem-se de cuidar um do outro, se não fizerem isso ninguém o fará! eu não estou lá para proteger vocês." Meu pai nunca falara nada do tipo, todos sabem que não há lugar mais seguro do que Hogwarts, mas pelo visto todos também sabem que os ventos estão soprando mais frios nos últimos tempos. eu só sorri e confirmei com a cabeça. "Diego sabe se cuidar sozinho, mas se ele precisar de um murro eu estarei aqui pra dar.", respondeu a minha irmã. Meu pai nem se deu como surpreso, conhecia a filha que tinha, ladria muito, mas era doida por mim. Sinto que Alessandra mataria um gigante enquanto durmo e amaciaria o chão para o seu baque não me acordar. A recíproca era verdadeira. 

O relógio já batia 10:50, o trem já apitara para os alunos que ainda persistiam na plataforma entrarem. M eu pai nos abraçou mais uma vez se despedindo e virou-se, apressadamente passou pela parede da plataforma. Ele era um homem alto de cabelos castanhos escuros e olhos apertados. Sua pele era clara e tinha bonitos ombros. Sendo este último uma característica que, segundo minha mãe, eu tinha puxado. Era um homem bonito para a idade. Umas amigas chamaram pela porta do trem por minha irmã, ela tocou no meu ombro, como quem avisa para eu prestar atenção, e seguiu. Eu não a acompanhei, vira minha amiga Jessie se despedindo de seus pais e vindo até mim. Ela era uma garota gordinha, alta e de cabelos escuros e cacheados. Estava segurando um livro grosso com uma mão e sua varinha com a outra.

- Olha só quem apareceu para mais um ano na escola de magia e bruxaria de Hogwarts. - disse eu com um tom animado e descontraído.

- A princesa da noite regressou. - respondeu ela com o mesmo tom.

- Apesar de eu achar que seus cabelos fiquem mais bonitos com a luz do sol. - respondi.

- Meus cabelos ficam bonitos dependendo do creme que eu uso. - contrapôs ela.

o apito do trem tocou de novo, olhei para o relógio na parede novamente e já eram 10:54, e  nós já éramos poucos naquela plataforma. Acenei para os pais de Jessie,  o senhor e a senhora Prewett, no quais só dera tempo de acenar de volta e correr em direção a parede da plataforma, sumindo completamente da nossa vista. "Bem, vamos entrar antes que recebamos outro apito."  Ao ingressarmos dentro do trem, fomos direto à nossa cabine de sempre, ao menos era a mesma que usávamos nos últimos 3 anos. Ouvia conversas paralelas entusiasmadas por todo o percurso. Nossa cabine era a última, e quem estava nos esperando como de praxe era Joyce, uma menina gordinha de pele morena e cabelo curto, já estava vestindo o uniforme da escola, com direito a gravata e tudo mais. Quando a vi senti um enorme aconchego no peito, tudo que eu fazia em Hogwarts era acompanhado com elas, e agora estávamos os três juntos.