Capítulo 2

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                      ☆  Ana Maria ♡

Sinto algo molhado e frio ser depositado em minhas costas acordo no susto me arrependo logo depois, minha cabeça dar uma pontada forte.

- Calma meu bem! Ouço a voz calma de Maria.- estou colocando umas ervas medicinais para melhorar seus machucados e não infeccionar, suponho que não queira ir pro hospital né? Já que você teria que explicar sobre isso! Suspira alto.

Meus olhos inundam ao relembrar a cena da noite passada e não consigo conter os soluços doloridos.

- Isso meu bem desabafe, chore, grite põem toda a mágoa, raiva e os sentimentos ruins para fora, depois levante e seja sua própria fortaleza, seu pilar, seu porto seguro! Fala baixo enquanto afaga meus cabelos.- Você é uma pessoa forte Ana e o tempo de dor, solidão e rejeição acabou, agora é só felicidade e amor meu bem! Diz calma.

- Você acha que alguém vai me amar Maria? Olha pra mim sou toda lascada psicologicamente, sou fraca, sou gorda demais quem em sã consciência pode me amar! Digo enquanto soluço e  todas as frases ruins e de repúdio que ouvi da boca da minha mãe vem em minha mente.

"Além de gorda é burra"

"Acha mesmo que eu te amo? Olha pra você ninguém em sã consciência te amaria"

" Você é um fardo para as pessoas ao seu redor"

" Daqui a pouco explode de tão gorda"

Sinto mãos quentes em minhas bochechas.

- Não tenha medo criança todos as pessoas fortes já sofreram em seu passado, e é onde você deve deixar essa fase ruim no passado! Diz calma. - liguei para seu pai, não contei o que aconteceu por que isso só cabe a você, ele vai comprar sua passagem aérea hoje para Texas iremos passar esse tempinho juntas um? Agora vamos levantar e te alimentar! Me ajuda com cuidado a sair do sofá, puxo a cadeira me sentando com cuidado a mesa está farta a minha frente.

Meus olhos enchem de lágrimas pelo cuidado que Maria sempre teve comigo desde pequena.

- Obrigada! Olho pra ela.- por tudo Maria! Digo com a voz embargada e ela me dar um sorriso leve. -Vamos comigo? Indago a fazendo me olhar como se fosse um bicho de sete cabeças.

- Não posso minha filha tenho muito aqui, não posso deixar para trás! Toma um gole de café.

E sei do que ela se refere, aqui é onde está todas suas lembranças com seu falecido esposo, ela não iria abandonar 40 anos de lembranças boas para viajar pra um lugar desconhecido e sem apego afetivo. Maria não pôde ter filhos por causa das agressões físicas  causadas por um pai alcoólatra e uma mãe ao qual a odiava. Por isso ela me entende tanto ela sabe a dor da rejeição e ódio de quem mais deveria nos amar e proteger.

- Entendo, mas você pode me visitar e eu também virei te visitar Maria, nunca esquecerei de você, eu amo você como uma mãe Maria e nunca vou abandonar minha familia! Digo vendo uma lágrima descer em seu rosto, nunca a ví chorando nem quando me contava seu passado triste ou sobre seu amor falecido.

- Eu te amo como uma filha meu bem! Diz com o sorriso contagiante em seu rosto- Agora coma! Diz apontando pro prato.

A semana passou rápido até demais e a dor no peito que eu sentia foi esvaindo aos poucos com a presença de Maria, nesse tempinho juntas ela me ensinou a fazer vários tipos de doces, tortas e cozidos de carne, me ensinou a costurar e bordar, me ensinou remédios com ervas medicinais e sempre presto atenção, Maria ficou espantada o quão rápido aprendo as coisas.

- Minha menina é tão inteligente! Diz e vejo orgulho ao olhar pra mim, sinto minhas bochechas corarem em vergonha pelos elógios.

Chegou o dia de ir e sinto o aperto no peito por sair do meu conto de fadas da última semana, Maria está ao meu lado no banco esperando a hora do embarque, seguro forte sua mão como uma criança com medo de se perder de sua mãe.

Maria está com o rosto sereno enquanto acaricia minha mão como conforto, hoje pela manhã tive uma crise de ansiedade por uma visita inesperada.

           *Algumas horas antes*

Me sinto apavorada ao ver Josué no portão de Maria, ele veio me levar de volta a meu inferno particular.

- Vá para seu quarto querida deixa que resolvo! Diz me empurrando para dentro de casa.

Eu tremia muito e senti a falta de ar chegar e sabia que iria ter uma crise de ansiedade, grito por Maria que entra alguns minutos depois e me abraça ví Josué na porta do quarto e me encolhi ainda mais no meu lugar seguro e quente.

- Me desculpe menina! Ouço o timbre grosso da voz de Josué.- Eu vi você crescer e ajudei sua mãe a te machucar mais do que já era! Vi arrependimento em seus olhos brilhante em lágrimas.

Ele se vai quando ver que não irei responde- lo, aos poucos fui melhorando e descemos até a sala e vejo duas malas grande, Maria falou que são minhas coisinhas. Abro as malas e vejo minhas roupas bem organizadas e na outra vejo meus cadernos de pintura, tintas, lápis de cor, pincéis, meus livros e alguns brinquedos que guardava, produtos de higiene e um envelope ao abrir vejo ser um cheque de 100.000.00 reais assinado por Helizabeth, pego o envelope e entrego nas mãos de Maria.

A mesma entende que não quero nada que venha daquela mulher e o coloca na gaveta, deixarei minha mala com meus pertences e levarei apenas a que está com minhas roupas. Maria organiza tudo no quarto que estava dormindo. Ela bota uma plaquinha com meu nome na porta e a olho confusa.

-Aqui é o quarto da minha filha ninguém invadirá seu espaço! Diz enquanto alinha a plaquinha. A abraço forte com a imensa felicidade no peito ao ver que Helizabeth estava errada que sim alguém poderia me amar e Maria sempre demonstrou esse amor.

Saiu dos meus pensamentos ao ouvir meus vôo ser anunciado meu coração acelera e vamos até o portão de embarque, Maria me abraça apertado e já sinto as lágrimas descendo por minhas bochechas.

- Boa viagem meu bem e lembre-se que se quiser voltar sempre estarei de braços abertos para recebe-la! Fala alisando minhas costas.

Nos separamos e dou um último tchau a ela que retribui sorrindo.

Sento-me no assento relaxando meu corpo.

- É Texas aí vou eu! Sussurro fechando os olhos e durmo.

MC - Amada por um motoqueiro ( Concluída )Onde histórias criam vida. Descubra agora