Capítulo 14

207 24 0
                                    

Por mais voltas que o mundo dê, um dia todos nós iremos nos encontrar em algum ponto.

Um ponto pacífico, onde estaremos falando a mesma língua, bebendo o mesmo vinho, contando nossas histórias e rindo, um riso leve e sincero.

Assim, estaremos prontos para percorrer juntos este longo caminho; em que simplesmente falamos de nossos dias, vendo o futuro com olhos livre.

Charles Chaplin

Naquela manhã gélida de novembro os dois não tinha intenção de sair da cama, o edredom cinza, a cama de madeira rustica deixava tudo num clima propício para se aninhar o resto do dia, mas sabiam que isso não seria possível assim que o estômago dele roncou, só que eles estavam tão abraçados e grudados um no outro de forma que seus corpos estavam perfeitamente encaixados.

- Eu vou preparar alguma coisa para você comer. – ela disse.

- Fique mais um pouco. – ele pediu manhoso.

- Mas eu sei que está com fome e eu também estou.

- Tá, eu vou com você.

- Não precisa, eu trago para cá.

[Nome] foi até a cozinha esquentando um pouco de leite e preparando o café, logo depois pegou algumas fatias de bolo e levou para o quarto onde Yeager estava acomodado de forma graciosa.

- Cheguei! – ela disse animada trazendo o café da manhã dos dois.

- Senta aqui.

Os dois terminaram o café da manhã e voltaram a se aconchegar na cama de frente a janela onde eles olhavam. Chovia fraco, as arvores já estavam sem folhas e uma fina neve as cobria, mas apesar disso o dia estava moderadamente claro. A garota fechou os olhos e se aninhou ainda mais ao rapaz que ainda olhava a janela deixando seus pensamentos correrem a solta.

"E aqui estamos nós dois como eu sempre sonhei. Mas isso é o tipo de coisa que me faz pensar, é real? Isso o que vivemos foi realmente sincero? Eu a amo, mas e quanto a ela? Semana passada eu pedi para que ela me dissesse isso e nada saiu. Eu ainda estou magoado, mas intendo que ela precisa de tempo para entender que me ama e ela terá seu tempo.

Só que espero que seja real, que ela seja sincera por que não tolero mentiras."

- Você pretende ter filhos? – ele perguntou.

- Não sei, talvez.

- Se tivesse colocaria qual nome?

- Acho que Antony ou Amélia.

- Gosto de Amélia.

- E quanto a você?

- Andrix.

- Nome legal.

- Minha mãe anda impaciente esses dias.

- Por que?

- Por que eu estou por aqui.

- Mas você passou dois dias lá semana passada.

Isso ocorreu quando Yeager saiu deixando-a trancada, ele passou dois dias fora, obviamente que ela havia tentado fugir, mas as janelas haviam sido reforçadas e o quarto que ela usava estava fechado a muito tempo por conta do rombo no teto.

-Naquele dia-

A poucos metros da casa era possível ouvir as batidas e os gritos vindo de casa, a noite estava escura e sentado em um tronco estava Eren com as mãos na têmpora para se manter no controle. O que é que estava acontecendo? Ele precisava de um tempo e precisava de alguém. Foi até um lugar onde ele havia escondido o carro com uma lona, entrou e foi até a sua casa. Durante o caminho ouviu algumas músicas, cantou e batia suas mãos no volante.

"I'm your Night Prowler, asleep in the day

Night Prowler, get out of my way"

A estrada estava molhada e escorregadia, mas isso não parecia um problema para o garoto que ultrapassava a velocidade permitida. De longe era possível ver as luzes da cidade se aproximando e então diminuiu a velocidade, depois de algum tempo parou em frente à casa de sua mãe.

Abriu a porta chamando a mãe:

- Mãe? Ta em casa? – disse indo até cozinha.

- Meu amor! – ela saiu correndo indo em direção ao filho abraçando-o e o beijando na bochecha várias e várias vezes fazendo o moreno sorrir.

- Eu to vivo sim!

- Que bom que você voltou!

- É, por enquanto.

- Como assim?

- Só vim ficar aqui de noite, amanhã eu volto para lá.

- Mas por que? Nós fizemos alguma coisa?

- Não mãe.

- Então por que fica isolado lá no meio do mato? Um dia ou até uma semana da pra entender, mas está lá a meses!

- É complicado de entender.

- Me explica.

- Eu só estou tentando ficar longe de algumas coisas.

- Tipo o que? Sua família?

- O estresse do dia a dia, mas não se preocupa, eu voltei logo porque estava conversando com a gerente e ela vai precisar de ajuda no final do ano lá na padaria.

- Bom – respirou fundo – vem jantar, tem espaguete.

Após o jantar que na verdade foi Carla observando o filho comer enquanto conversavam.

- Eu vou preparar sua cama. – disse ela

- Ta.

- Enquanto isso vai tomar um banho e colocar roupa limpa.

- Eu só vou lavar meu prato.

Enquanto lavava a louça o rapaz pensava em como estaria a jovem [Nome] lá, sozinha, num lugar esquecido por Deus.

"Não. Esqueça que dela pelo menos por essa noite." disse para si mesmo.

Depois de um banho quente foi até o quarto, sentou cama e olhou ao seu redor vendo seus pôsteres de clássicos do rock inglês. Deitou na cama sentindo o cobertor quente e macio o envolver, o sono estava vindo, mas antes foi até o armário e remexeu uma caixa de sapato vendo algumas fotos e entre elas estava de [Nome], por mais que ele quisesse esquecer dela não poderia. Foi até a cama colou a foto em que ela estava sorrindo com sua gata em seus braços num jardim, a foto foi, provavelmente, tirada em Mitras e Yeager havia a conseguido certa vez que resolve visitar a casa da jovem sem que ela saiba.

Antes de dormir disse.

- Boa noite [Nome].

Já no casebre a jovem chorava enquanto tentava abrir a porta, mas suas tentativas eram em vão e além do mais ela não queria realmente sair a noite de lá, estava escuro e frio e o mais provável é que se perca e acabe morrendo com hipotermia.

- Não tem mais jeito! – disse já sem esperanças – Mas tudo bem.

Foi até o quarto deitando-se na cama encolhida, olhava ao redor e pensava como seria sua vida se tudo fosse diferente, mas antes de dormir disse:

- Boa noite Eren.

Síndrome de Estolcomo Onde histórias criam vida. Descubra agora